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07/06/2010 - 18h03

Embaixador de Israel se diz 'descontente' por supostas opiniões do Vaticano

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DA ANSA, NA CIDADE DO VATICANO

O embaixador de Israel junto à Santa Sé, Mordechai Lewy, se disse nesta segunda-feira "muito descontente" por algumas afirmações críticas a seu país atribuídas ao papa Bento 16 e ao Vaticano pela imprensa.

As declarações que teriam gerado confusão seriam o pronunciamento do pontífice na homilia da missa celebrada ontem em Nicósia, capital do Chipre, e o documento preparatório da Assembleia Especial para o Oriente Médio do Sínodo dos Bispos, entregue por ele na mesma ocasião.

Lewy apontou que houve "demasiado esforço interpretativo" da parte dos meios de comunicação, favorecendo, segundo sua opinião, algumas incongruências entre a versão original inglesa do texto e a tradução oficial em italiano fornecida pela Santa Sé.

"Alguns jornais atribuíram ao pontífice a vontade de acusar Israel de ter causado a 'desestabilização' do Oriente Médio, mas este termo no texto em inglês do documento não aparece explicitamente, e ainda menos referente só a Israel, mas ao conflito israelense-palestino, no qual Israel é só uma das partes", afirmou o diplomata.

A versão em italiano divulgada ontem revela que "a ausente resolução do confronto israelense-palestino, o não respeito dos direitos internacionais e dos direitos humanos, e o egoísmo das grandes potências desestabilizaram o equilíbrio da região, impondo às populações uma violência que pode levar ao desespero".

Problemas de tradução

O embaixador também citou uma passagem da tradução italiana que altera "ocupação israelense da Palestina" do documento em inglês para "injustiça política imposta aos palestinos".

"Frase inventada e justaposta a outras nas quais as críticas não parecem destinadas só a Israel, mas à comunidade internacional, aos demais países da área, sobretudo àqueles onde a minoria cristã aparenta ser mais afetada, e ao 'egoísmo' das grandes potências", ressaltou ele.

Segundo Lewy, durante a homilia em Nicósia o papa "não fez nada além de exprimir o legítimo desejo por uma solução do conflito", um objetivo que também é de Israel, ainda que seja "uma ilusão pensar que só a solução do conflito israelense-palestino possa trazer estabilidade à área e segurança aos cristãos, ponto central da atenção do pontífice".

"Do ponto de vista vaticano, é muito simples e provavelmente mais realista aguardar uma solução deste nó do que o fim da violência islâmica ou a aplicação da liberdade religiosa nos estados de maioria muçulmana", continuou Lewy.

"O papa está preocupado pelos cristãos do Oriente Médio, e insiste no capítulo israelense-palestino porque entendeu que sob este aspecto há, mais do que nos outros, apesar das dificuldades, uma luz no fim do túnel", completou o embaixador.

O diplomata de Israel também assinalou algumas "passagens interessantes" do texto, entre elas o convite ao diálogo entre todas as religiões, distinguindo no entanto o aspecto religioso do político, "no qual o Vaticano, com razão, não quer entrar".

Sobre a tradução do documento, Lewy declarou que não pedirá explicações à Santa Sé, porque teria se tratado de "um incidente, certamente não positivo".

 

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