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12/06/2010 - 17h28

Irã alerta oposição contra protestos no aniversário de eleição

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COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REUTERS, EM TEERÃ

A Guarda Revolucionária do Irã advertiu a oposição, neste sábado, primeiro aniversário de uma eleição presidencial controversa, de que reprimirá quaisquer tentativas de criação de uma "crise na segurança".

As autoridades proibiram a realização de qualquer manifestação planejada para este sábado. Os líderes reformistas pediram que seus partidários permaneçam em casa, por temerem pelas vidas das pessoas se houver repressão.

"É improvável que haja qualquer retomada dos protestos de rua. Mas se o movimento de sublevação criar uma crise na segurança, vamos confrontá-los com força plena", disse o alto comandante da Guarda, Reza Farzaneh, segundo o jornal "Javan".

Os protestos de rua ocorridos após a eleição do ano passado, os piores tumultos no país desde a fundação da república islâmica, em 1979, foram sufocados violentamente pelos membros da Guarda. Houve prisões em massa e julgamento dos detidos. Duas pessoas foram enforcadas e dezenas continuam presas.

Houve forte presença do aparato de segurança nas praças de Teerã e alguns sites oposicionistas informaram que ocorreram confrontos esporádicos entre forças de segurança e partidários da oposição em várias partes do país, incluindo dois campi universitários.

"As forças de segurança dispersaram algumas dezenas de manifestantes em uma praça no sul de Teerã. Eles estavam empurrando as pessoas", disse uma testemunha à Reuters. "Prenderam três manifestantes."

Uma alta autoridade policial negou que tivessem ocorrido confrontos.

"Não houve nenhum confronto pelo país, somente algumas pessoas suspeitas foram detidas por agentes de segurança", afirmou Mohammadreza Radan, segundo a agência semi-oficial de notícias Fars.

Foram ouvidos gritos de "Allahu Akbar" (Deus é Grande), vindo do alto dos prédios, uma forma de protesto instigada por representantes da oposição no exílio.

Acusação

Mahmoud Ahmadinejad foi reeleito em pleito do dia 12 de junho do ano passado, com cerca de 63% dos votos contra 34% do principal candidato da oposição, Mir Hossein Mousavi.

O anúncio do resultado foi imediatamente questionado por adversários. Milhares de pessoas foram às ruas para pedir a recontagem dos votos em face das acusações de fraude. Os protestos, enfrentados com violência pela polícia e a milícia Basij, ligada à Guarda Revolucionária, deixaram ao menos 20 mortos, dezenas de feridos e cerca de 2.000 presos.

Foi o período de maior agitação política no país desde a Revolução Islâmica, três décadas antes. Entretanto, as autoridades eleitorais rejeitaram a recontagem.

Imagens da repressão que se seguiu aos protestos correram o mundo, principalmente a partir de filmagens feitas por manifestantes em Teerã e em outras cidades do país. Jornalistas tiveram sua cobertura fortemente restrita durante os incidentes.

Segundo chamado "movimento verde", em referência à cor dos lenços usados pelos manifestantes, mais de 70 pessoas morreram durante os protestos. O governo fala em 40 mortos.

A oposição diz que a eleição foi fraudada para garantir a reeleição do presidente, Mahmoud Ahmadinejad, político de linha-dura. As autoridades negam a acusação, dizendo ser parte de um complô do Ocidente para derrubar o regime islâmico.

O Conselho dos Guardiães do Irã, órgão responsável por ratificar o resultado do pleito, aceitou fazer uma recontagem parcial dos votos para acalmar a oposição, mas confirmou a reeleição de Ahmadinejad depois de afirmar que a fraude em cerca de 3 milhões de votos não era suficiente para mudar o resultado das urnas.

Medo

Muitos iranianos críticos do governo agora parecem não estar dispostos a expressar descontentamento, arriscando-se a sofrer violência ou serem presos. E aumentaram as dúvidas sobre a atuação dos líderes reformistas.

"O que os líderes oposicionistas puderam fazer por meus amigos, que ainda estão na prisão?", perguntou Mohammad Sefati, de 25 anos, estudante de literatura na cidade de Mashhad.

"Sou partidário do movimento, mas o que podemos fazer sem uma liderança?", indaga.

 

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