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Ex-contadora retira parte das acusações de doações ilegais a Sarkozy, diz jornal
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Claire Thiboult, ex-contadora da herdeira do grupo de cosméticos L'Oreal, retirou, em novo interrogatório, parte das acusações de doações ilegais de Liliane Bettencourt à campanha do presidente Nicolas Sarkozy, em 2007.
Segundo reportagem do jornal "Le Monde", ela foi interrogada pela segunda vez por promotores, entre a noite desta quarta-feira e a manhã desta quinta-feira, e negou parte das denúncias. Ela teria criticado ainda o blog Mediapart por ter distorcido suas declarações na véspera.
Sarkozy negou veementemente envolvimento no escândalo e criticou as denúncias como parte de uma campanha de calúnia contra seu governo. Em baixa entre os eleitores, Sarkozy enfrenta grande pressão para esclarecer o assunto e os deputados socialistas franceses já falam em uma comissão parlamentar para investigar o caso.
A Promotoria de Nanterre, nos arredores de Paris, abriu uma investigação preliminar sobre as denúncias.
O advogado de Thibout afirmou à agência de notícias Reuters que os promotores pressionaram sua cliente e negaram seu acesso a ela --o que coloca em dúvida a validade das novas declarações, que isentam participação direta de Sarkozy no escândalo. "A palavra pressão parece apropriada para mim. eu considero o assédio do promotor contra ela absolutamente escandaloso", disse o advogado Antoine Gillot.
Em entrevista publicada pelo Mediapart na terça passada (6), Thiboult afirmou que o principal conselheiro financeiro da herdeira, Patrice de Maistre, deu 150 mil euros em dinheiro para o amigo e tesoureiro da União do Movimento Popular (UMP), Eric Woerth, em março de 2007. Sarkozy foi eleito dois meses depois.
O financiamento é ilegal segundo a legislação francesa, que limita a 4.600 euros as doações a candidatos por pessoas físicas e determina que o repasse de verbas somente pode ser feito em espécie quando inferior a 150 euros.
A ex-contadora também afirma que Sarkozy recebia regularmente envelopes com dinheiro de Bettencourt e de seu marido, André, quando ainda era prefeito de Neuilly-sur-Seine, município da região de Paris, de 1983 a 2002.
Interrogada pela segunda vez pela promotoria, Thibout negou que Bettencourt, 87, tenha entregado envelopes com dinheiro pessoalmente a Sarkozy quando era prefeito de Neuilly-sur-Seine, onde fica o palacete da herdeira da L'Oreal. Ela voltou atrás também nas datas das doações ilegais.
Ainda segundo o "Le Monde", contudo, a ex-contadora manteve a denúncia de que Maistre lhe pediu para retirar 50 mil euros em um caixa automático para dar a Woerth, em 2007.
Woerth foi ministro de Orçamento por três anos e agora está à frente do Ministério do Trabalho como peça-chave do governo, a cargo da reforma do sistema de aposentadorias, uma das mais polêmicas implementadas pelo presidente.
Ele também negou ter recebido dinheiro ilegal de forma veemente. "Nunca recebi no plano político o mínimo euro que não fosse legal".
O ministro está envolvido também nos escândalos de evasão fiscal da fortuna de Bettencourt. Gravações feitas ilegalmente por um mordomo revelam conversas entre a herdeira e seus conselheiros financeiros, nas quais aparece o nome da mulher de Woerth, Florence, em conversa sobre operações financeiras para a herdeira da L'Oreal sonegar impostos.
Os interlocutores dão a entender que o próprio Woerth estaria consciente das operações, a ponto de uma parte da fortuna de Bettencourt ser administrada, desde 2007, pela sua mulher. A oposição exige a renúncia de Woerth, que rejeita até o momento a pressão.
O secretário-geral da UMP, Xavier Bertrand, declarou que não está surpreso com a investigação. A expectativa é que Sarkozy faça um pronunciamento sobre o escândalo no próximo dia 13.
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