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Serviço secreto dos EUA cresceu fora de controle após 11 de Setembro, diz jornal
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Desde os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, os Estados Unidos investiram tanto nas agências de serviço secreto e reunião de informações de inteligência que Washington já não sabe mais exatamente quanto este setor custa e nem mesmo quantas pessoas estão envolvidas. A descoberta foi revelada por um relatório publicado nesta segunda-feira pelo jornal americano "The Washington Post".
Uma investigação de dois anos dos repórteres Dana Priest e William M. Arkin resultou em uma grande reportagem chamada "Top Secret America", na qual apontam como o governo perdeu o controle após a guerra ao terror decretada pelo então presidente George W. Bush para caçar Osama bin Laden e outros responsáveis pelos ataques contra o país.
Segundo o "Post", são mais de 1.200 organizações governamentais e mais de 1.900 empresas privadas lidando com o contraterrorismo, segurança nacional e inteligência (o termo guerra ao terror foi banido pela administração Obama) em mais de 10 mil locações por todo o país.
Como esperado, muitas destas agências de segurança e inteligência fazem exatamente o mesmo trabalho "criando redundância e desperdício" --são 51 organizações federais e comandos militares, exemplifica o jornal, apenas acompanhando a rota do dinheiro de e para organizações terroristas.
Cerca de 854 mil pessoas tem uma credencial de serviço secreto e acesso a informações tidas como cruciais para a segurança nacional.
Analistas consultados pelo jornal avaliam que sejam produzidos 50 mil relatórios de inteligência todos os anos, um volume que, garantem, é em boa parte ignorado.
Os dados são preocupantes para o governo Obama, que em pouco mais de um ano sofreu uma tentativa fracassada de ataque contra um avião em Denver, uma tentativa de ataque em plena Times Square (Nova York), e um tiroteio dentro de uma base militar no Texas --todos com vínculos com terroristas iemenitas e paquistaneses e que, em tese, poderiam ter sido evitados com bom uso desta máquina de inteligência.
Em 5 de novembro passado, o major americano Nidal Malik Hasan matou 13 pessoas na base militar de Fort Hood, no Estado americano do Texas. Um relatório do governo americano mostra que havia informação disponível para levantar preocupação em relação ao major, mas as autoridades não "ligaram os pontos", não conseguiram fazer conexões diante do volume de informações coletadas.
No Natal do mesmo ano, o nigeriano Umar Farouk Abdulmutallab tentou explodir a aeronave em que voava de Amsterdã a Detroit (EUA).
Abdulmutallab tinha sido colocado em um banco de dados extenso, mas nunca fora incluído em listas mais restritivas que teriam atraído a atenção de agentes de contraterrorismo, apesar dos vários avisos de seu pai à Embaixada dos EUA da Nigéria, no mês anterior ao ataque, sobre as posições radicais do filho. Na época, o próprio presidente Barack Obama disse que o serviço de inteligência tinha informações suficientes para impedir o embarque e interceptar o nigeriano.
Em 1º de abril, o paquistanês americano Faisal Shahzad tentou detonar um carro-bomba na Times Square. Ele aparece em um vídeo gravado antes de sua detenção ameaçando os Estados Unidos e diz ter viajado ao Paquistão várias vezes em busca de orientações para os ataques.
RESPOSTA
O secretário de Defesa, Robert Gates, disse ao jornal que não acredita que a burocracia do governo e das empresas privadas de inteligência tenha crescido além do controle, mas, algumas vezes, é difícil obter informação precisa.
"Nove anos depois do 11 de Setembro, faz sentido olhar para isso e dizer: "OK, nós construímos uma capacidade imensa, mas temos mais do que precisamos?", disse.
O diretor da CIA (central de inteligência americana), diretor Leon Panetta, disse saber que, diante do crescimento so deficit orçamentário, o nível de gastos com a inteligência deve ser reduzido. Ele disse ainda que trabalha em um plano de cinco anos para a agência.
A Casa Branca tem antecipado o relatório do "Post" e disse antes da publicação que Obama já chegou ao governo consciente do problema e tenta resolvê-lo.
Em junho, Obama nomeou o tenente-general reformado da Força Aérea, James Clapper, como o novo diretor nacional de Inteligência, após a demissão de Dennis Blair, duramente criticado pelas falhas em prever os atentados fracassados em solo americano. O presidente anunciou a escolha como "um de nossos profissionais com mais experiência e dos mais respeitados nos serviços de inteligência do país".
A administração também divulgou um memorando no qual lista oito mitos, com perguntas e respostas sobre as denúncias que o relatório do "Post" levanta. Entre elas está que as empresas contratadas representam a maior parte do trabalho de inteligência dos EUA. O documento do governo diz que são apenas 28%, menos de um terço.
O memorando afirma ainda que 70% do orçamento da inteligência é gasto em "contratos e não com contratados". "Estes contratos cobrem a maior parte das aquisições, como satélites e sistemas de computador, assim como atividades comerciais como aluguel, comida, manutenção dos prédios e segurança".
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