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EUA dizem que acusação da Colômbia contra Venezuela deve ser levada a sério
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DA FRANCE PRESSE, EM WASHINGTON (EUA)
DE SÃO PAULO
Os Estados Unidos afirmaram nesta sexta-feira que as denúncias da Colômbia de que há guerrilheiros colombianos refugiados na Venezuela deve ser levada "muito a sério" e que Caracas tem a obrigação de investigá-las.
Venezuela rompe relações com a Colômbia; entenda a crise
"As acusações da Colômbia devem ser levadas muito a sério", afirmou o Departamento de Estado americano, em uma nota citada pela agência de notícias France Presse.
Nesta quinta-feira, a Colômbia apresentou à OEA (Organização dos Estados Americanos) provas --fotos, vídeos e coordenadas-- de que há 87 acampamentos das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e do Exército de Libertação Nacional (ELN) em cidades venezuelanas. Pouco depois, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, rompeu relações diplomáticas com o país.
"A Venezuela tem uma obrigação com a Colômbia e com a comunidade internacional de investigar completamente esta informação e atuar para prevenir o uso de seu território soberano por grupos terroristas", indicou o Departamento de Estado.
"Todos os países do continente esperam que os países da comunidade interamericana cumpra com o compromisso" de rejeitar a presença de grupos ilegais, prossegue a nota.
Os EUA e a Venezuela têm uma relação complicada. Chávez acusa frequentemente Washington, a quem chama de "império", de querer impedir sua revolução socialista e dominar toda a região.
Os americanos estão ainda no meio da crise que levou a Venezuela a "congelar", no ano passado, todas as relações diplomáticas e comerciais com a Colômbia. A medida foi em protesto contra um acordo militar entre Bogotá e Washington, que permitia aos americanos utilizar bases militares no país. Chávez vê o acordo como uma ameaça à sua soberania.
FORA EUA
Diante da relação complicada, o Brasil já articula formas de retirar os EUA da mediação da crise. Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Brasília quer levar a discussão para da OEA para a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), órgão do qual os Estados Unidos não são membros.
A ideia é evitar que a participação americana desequilibre as negociações para pró-Colômbia e anti-Venezuela.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva telefonou ainda na quinta-feira para Chávez, propondo a troca. Após a conversa, Chávez anunciou que pediu ao Equador (que ocupa a Presidência da Unasul) uma reunião de emergência.
O Brasil, afirma a reportagem, acha melhor convocar a Unasul após a posse do novo presidente colombiano, Juan Manuel Santos, no próximo dia 7. Apesar de ser sucessor do popular Uribe, Santos adotou um discurso de aproximação com Caracas e, diante da crise, disse que manteria o silêncio como "sua melhor contribuição".
Durante a campanha eleitoral colombiana, Chávez chegou a alertar que a vitória do ex-ministro de Defesa e sucessor de Uribe podia gerar uma guerra e que seria extremamente difícil restabelecer as relações bilaterais sob seu governo.
Santos, contudo, adotou um discurso de reaproximação e diálogo e chegou a minimizar as acusações de Uribe sobre os vínculos entre Chávez e as Farc. O venezuelano mudou de tom e disse que espera retomar as conversações com o país vizinho depois da posse de Santos. Ele afirmou que não irá na posse por questões de segurança.
INVESTIGAÇÃO
A Colômbia solicitou na quinta-feira, na OEA, a formação de uma comissão internacional para verificar a presença de guerrilheiros em território da Venezuela.
O embaixador venezuelano na OEA, Roy Chaderton, disse que o país não aceitará a investigação. Ele afirmou que já houve duas iniciativas semelhantes no passado: em uma não encontraram nada e na outra não completaram a busca porque o acampamento estava em território colombiano.
"Quando há iniciativas que nós consideramos de má fé e que buscam favorecer os Estados Unidos, nós não entramos no jogo", disse o diplomata, voltando a acusar o governo Uribe de se submeter à vontade de Washington.
A Colômbia estuda ainda levar a denúncia de que a Venezuela abriga guerrilheiros para a Corte Penal Internacional (CPI).
"Se conseguirmos estabelecer isso, e temos informação de que os guerrilheiros se refugiam na Venezuela e as autoridades não fazem nada, e pelo contrários os apoiam, pois então poderíamos já consolidar o que vai ser a denúncia para a Corte Penal Internacional", disse o procurador-geral da Colômbia, Guillermo Mendoza Diago.
Ele disse ter recebido das mãos do governo colombiano uma pasta em que estão documentados ao menos 60 ataques cometidos por guerrilheiros das Farc contra moradores colombianos e depois refugiados na Venezuela.
Até o momento, o governo de Uribe não se pronunciou oficialmente sobre a decisão de Chávez.
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