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27/07/2010 - 11h46

Em reação aos documentos vazados, líder do Irã nega apoio ao Taleban

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad negou que Teerã forneça ajuda aos talebans no Afeganistão, como afirmam os documentos revelados nos Estados Unidos, durante uma entrevista ao canal de televisão americano CBS.

"Nós não apoiamos nenhum grupo", afirmou o presidente iraniano quando indagado se o Irã ajudava os rebeldes afegãos. "Nós apenas apoiamos o povo afegão. Nós apoiamos e queremos reforçar a segurança no Afeganistão", acrescentou.

"E achamos que os afegãos deveriam dirigir eles mesmos seu país", disse ainda o presidente.

Segundo documentos americanos, que em seu maioria datam de vários anos e que foram revelados pelo site WikiLeaks, o Irã participa em segredo da campanha contra as forças estrangeiras dirigidas pelos Estados Unidos no Afeganistão, fornecendo dinheiro, armas e treinamento aos talebans.

"A origem de tudo isso é a intervenção dos Estados Unidos e da Otan. Há quase vinte anos os americanos praticam a ingerência no Afeganistão", declarou o líder iraniano.

Consultado sobre as novas sanções dos Estados Unidos e a União Europeia para obrigar Teerã a retomar as negociações sobre seu programa nuclear, Ahmadinejad estimou que as políticas "dos europeus e americanos são ridículas".

"Eles acham que vão influenciar na vida da sociedade iraniana. De fato, eles impõem sanções contra si mesmos", sentenciou.

Ahmadinejad também falou das relações entre o Irã e os Estados Unidos, que estão interrompidas há 30 anos. "Durante minha visita a Nova York (à sede da ONU em maio), disse que estava disposto a falar com o presidente Obama. Depois da eleição de Obama, enviei uma mensagem e várias vezes dissemos que apoiaríamos mudanças e estamos dispostos a ajudar", assinalou.

ESTADOS UNIDOS

A divulgação de milhares de documentos secretos revelando um panorama sombrio da situação no Afeganistão colocou nesta segunda-feira a Casa Branca na defensiva, após o Pentágono anunciar que avaliará os danos causados pela publicação dessas informações.

Os 91 mil documentos sigilosos divulgados criam incerteza em meio ao Congresso americano sobre uma guerra impopular, no momento em que o presidente Barack Obama se prepara para enviar mais 30 mil solados para combater a insurgência taleban.

Os documentos, divulgados pelo site WikiLeaks, trazem detalhes de alegações de que forças americanas tentaram encobrir mortes de civis, bem como a preocupação dos EUA de que o Paquistão estaria secretamente armando militantes talebans, mesmo tendo obtido bilhões de dólares de ajuda financeira americana.

A Casa Branca condenou a divulgação, dizendo que poderia ameaçar a segurança nacional e pôr em risco a vida dos americanos. O Pentágono classificou de "ato criminoso" e disse estar revendo os documentos para determinar o potencial estrago para as tropas americanos e de coalizão.

EXPLICAÇÕES

O conselheiro de Segurança Nacional do presidente, general James Jones, ressaltou no domingo que "os documentos divulgados pelo (site) Wikileaks cobrem um período que vai de janeiro de 2004 a dezembro de 2009", ou seja, antes do anúncio de Obama de sua nova estratégia para o Afeganistão.

Nesta segunda-feira, o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, afirmou que esta divulgação "alarmante", que "infringe a lei (...) representa um perigo muito real" para os soldados no terreno, por causa dos detalhes revelados.

Gibbs fez questão de mencionar os progressos registrados nas relações com o Paquistão, cujo serviço secreto é acusado de envolvimento direto com os talebans.

Os americanos "melhoraram esta relação", mesmo que "ninguém vá dizer que a missão foi cumprida", acrescentou Gibbs.

O porta-voz, entretanto, assegurou que esses documentos não revelam nada que já não tenha sido escrito pela imprensa sobre a guerra.

"Nenhum governo gosta de ver seus segredos divulgados", explica o especialista em estratégia Anthony Cordesman, do Centro para Estudos Internacionais e Estratégicos (CSIS) de Washington. Segundo ele, essas revelações são explosivas no sentido que contradizem o otimismo até então manifestado pelo governo.

Já para Julian Zelizer, professor de História da Universidade de Princeton, essas revelações colocam em evidência o fato de que Obama "apostou em uma guerra em que não há progresso". Ele ficará vulnerável aos ataques dos republicanos, que criticam a "apatia em termos de segurança nacional".

 

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