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29/07/2010 - 16h42

EUA ensinaram tortura a militares argentinos na ditadura, diz testemunha

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DA EFE, EM BUENOS AIRES

Pela primeira vez nos vários julgamentos por crimes da ditadura argentina (1976-1983), membros do Exército dos Estados Unidos foram acusados de ensinar técnicas de torturas a repressores argentinos, segundo o testemunho de um militar divulgado nesta quinta-feira pela imprensa local.

"Fiz um curso antiguerrilha, em 1967 com os ianques. Ali eu aprendi a matar. Nos ensinaram técnicas de interrogatório por meio da tortura", indicou o suboficial aposentado argentino Roberto Reyes ao declarar em julgamento que se realiza na cidade argentina de San Rafael, na fronteira com o Chile.

Reyes, que testemunhou na quarta-feira, disse que "ao redor de 20 rangers (tropas de elite) que estiveram no Vietnã" ensinaram tais práticas a "200 oficiais e suboficiais" do Exército argentino.

O curso foi ministrado na cidade de Tartagal, na fronteira com a Bolívia, quando a Argentina era governada pela ditadura do general Juan Carlos Onganía (1966-1969).

Na ocasião, o Exército boliviano perseguiu e capturou no sul da Bolívia o líder guerrilheiro argentino Ernesto 'Che' Guevara, assassinado em 8 de outubro de 1967.

Os instrutores americanos ensinaram vários métodos de tortura, entre eles capturar uma pessoa e amarrá-la "ao sol, depois de tirar-lhe as pálpebras para que não pudesse fechar os olhos", disse Reyes ao declarar no tribunal que processa quatro militares e um civil por crimes contra a humanidade cometidos em San Rafael durante a ditadura.

Sustentou, no entanto, que todo mundo conhecia essas técnicas e os americanos "não vinham com nada novo", até que os instrutores "acabaram aprendendo" de seus alunos.

Reyes assinalou que foi um dos que foi instruído em técnicas de torturas, embora fizesse parte de uma banda musical do Exército argentino.

O militar aposentado foi convocado a depor como testemunha de acusação por sua ex-função de guarda de um antigo centro de detenção de presos políticos da ditadura que funcionou em San Rafael, 1 mil quilômetros ao oeste de Buenos Aires.

Em outros julgamentos por violações dos direitos humanos da ditadura argentina, já se denunciou que instrutores franceses ensinaram métodos de torturas a militares argentinos por meio de acordos de cooperação do final dos anos 1960.

 

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