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Tentando recuperar popularidade, Sarkozy declara guerra ao crime
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NOAH BARKIN
DA REUTERS, EM PARIS
As polêmicas propostas do presidente Nicolas Sarkozy para o combate à criminalidade e à imigração ilegal caíram bem junto ao eleitorado e podem ajudá-lo a reverter a queda de popularidade, após vários meses de escândalos e crise econômica.
As medidas, anunciadas no final de julho em resposta a uma onda de violência nos subúrbios pobres do país, preveem a cassação da nacionalidade francesa de cidadãos de origem estrangeira que cometerem crimes como matar policiais ou praticarem a poligamia.
A oposição esquerdista disse se tratar de uma cínica manobra para desviar a atenção de um escândalo financeiro envolvendo o ministro do Trabalho, Eric Woerth. O ex-premiê socialista Michael Rocard chegou a comparar as propostas do governo às políticas nazistas do regime de Vichy (ocupação alemã na França, durante a Segunda Guerra Mundial).
Cinco anos atrás, quando era ministro do Interior, Sarkozy se popularizou pelo rigor no combate ao crime, o que impulsionou sua eleição à presidência em 2007. Agora, essa imagem parece voltar à mente do eleitorado, cada vez mais preocupado com questões de criminalidade e segurança.
Uma pesquisa Ifop publicada na semana passada no jornal "Le Figaro" mostrou um amplo apoio de eleitores de todo o espectro político às medidas. No sábado, outra pesquisa, no jornal "Le Parisien", revelou que as propostas ajudaram Sarkozy a recuperar parte da sua popularidade, que vinha em queda livre nos últimos meses.
Enfatizando a segurança, Sarkozy espera reconquistar eleitores frustrados com a demora nas reformas econômicas que ele propôs na eleição de 2007, além de desviar a atenção do escândalo envolvendo Woerth. Exceto por Rocard, a esquerda tem evitado criticar as medidas, já que elas parecem tão populares.
"Não é um tema favorável à esquerda, e pode-se ver isso em como eles permanecem em silêncio," disse Patrick Weil, historiador da Sorbonne e autor do livro "Como ser Francês - Nacionalidade em formação desde 1789", lançado no ano passado.
"Eles (da esquerda) preferiam manter o foco na economia, no desemprego e em Woerth", acrescentou.
Mas, para conseguir recuperar sua popularidade a ponto de ter chances de ser reeleito em 2012, Sarkozy precisará ganhar impulso também em outras áreas, especialmente a economia.
Dados da última semana mostram uma forte redução do déficit público no primeiro semestre de 2010, e outras cifras indicam que as exportações francesas estão no seu melhor nível em quase dois anos.
O PIB do segundo trimestre, a ser divulgado na sexta-feira, também pode ser uma surpresa positiva, o que daria ao governo munição contra seus adversários, que acusam o presidente de ser responsável pelas dificuldades econômicas do país.
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