Violência no México cresce de maneira inesperada, denunciam ONGs

A violência no México cresce de maneira inesperada, e tem se agravado não somente devido ao narcotráfico, mas também em decorrência de outras ações criminosas, denunciaram ONGs locais nesta quarta-feira.

As conclusões estão em um relatório da entidade México Evalúa, divulgado depois da descoberta de 72 corpos de imigrantes legais --entre os quais quatro brasileiros, segundo confirmação do Itamaraty-- em um rancho na cidade de San Fernando, no Estado de Tamaulipas, em um dos piores massacres do tipo já registrados na nação.

"O desânimo social já chegou a níveis nunca vistos neste país", advertiu Alejandro Martí, presidente da entidade México SOS, que teve um de seus filhos sequestrado e morto.

De acordo com o estudo, as taxas de homicídio em algumas cidades chegaram a aumentar 6,3 vezes com relação a 2006, como no caso de Ciudad Juárez --considerado o lugar mais perigoso do mundo. Quanto às punições, somente pagam por seus atos os culpados por 29 em cada cem assassinatos.

Para Edna Jaime, da México Evalúa, a maioria das mortes "não é investigada" porque é colocada "na gaveta das execuções vinculadas ao crime organizado".

O problema vem aumentando desde dezembro de 2006, quando o presidente Felipe Calderón tomou posse e enviou às ruas cerca de 100 mil militares e policiais para combater o narcotráfico. Até o momento, os confrontos deixaram pelo menos 28 mil vítimas fatais, segundo dados oficiais.

As ONGs também denunciaram que a escalada de violência que atinge o país se deve em parte ao descumprimento do Acordo Nacional pela Segurança, Justiça e Legalidade, firmado em 2008 como uma tentativa de melhorar o quadro.

Assinado por Calderón, governadores dos 31 Estados mexicanos e outras autoridades, o texto pretendia fortalecer as instituições ligadas à segurança pública, entre outros pontos. Recentemente, empresários locais afirmaram que o pacto "não funcionou" devido à politização que gira em torno dele.