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Após protestos, presidente francês mantém aumento de idade para aposentadoria
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, afirmou nesta quarta-feira que não vai recuar da decisão de aumentar de 60 para 62 anos, a partir de 2018, a idade mínima para a aposentadoria, um dos principais pontos da reforma da previdência que seu governo pretende aprovar.
O anúncio ocorre um dia após uma grande mobilização nacional contra a nova medida.
"De nenhuma maneira mudaremos este ponto", declarou Sarkozy na reunião semanal do conselho de ministros, informou o Palácio Eliseu, sede da Presidência francesa.
Miguel Medina/AFP | ||
Multidão marcha contra reforma do sistema da Previdência na França; entre 1,1 milhão e 2,5 milhões protestam |
Sarkozy reiterou que a reforma do sistema de aposentadorias defendida por seu governo, apresentada na terça-feira no Parlamento, é "uma das mais importantes, já que no momento em que uma aposentadoria em cada 10 é financiada pela dívida, devemos garantir aos franceses que suas aposentadorias e as de seus filhos serão pagas".
A reforma, criticada na terça-feira nas ruas das principais cidades do país por mais de 1 milhão de pessoas, segundo a polícia, e quase 3 milhões, de acordo com os sindicatos, prevê elevar a idade mínima a partir de 2018 e aumentar de 65 a 67 anos a idade para obter uma aposentadoria completa, os dois pontos mais polêmicos.
Sarkozy destacou que, por tratar-se de uma "reforma essencial", é "normal que apareçam inquietações e mobilizações importantes, como aconteceu ontem".
"Não deixarei que ninguém desnaturalize a reforma, pois seria colocar em perigo o retorno ao equilíbrio do sistema de aposentadorias", advertiu em seguida.
JUSTIFICATIVAS
O governo defende que a reforma permitirá salvar um sistema ameaçado pelo aumento da expectativa de vida e pelas consequências da crise econômica de 2008.
Segundo um organismo independente, a crise triplicou o deficit do sistema da previdência em 2010, a 32 bilhões de euros. Se nada for feito, o déficit chegará a 70 bilhões de euros em 2030.
Com mais de 15 milhões de aposentados, a França é um dos países europeus com idade mínima mais baixa para ter direito à aposentadoria, mas com a exigência de 40 anos de contribuição.
A reforma que o governo pretende aprovar no Parlamento em outubro prevê o aumento dos anos de contribuição para 41 a partir de 2012 e para 41 e três meses a partir de 2013.
Mas o governo também pretende apresentar emendas ao projeto sobre pessoas que têm empregos considerados difíceis e àquelas que começaram a trabalhar antes dos 18 anos.
Sarkozy pediu ao gabinete que melhore este último dispositivo, com a inclusão dos agricultores e das pessoas com incapacidade de 10%, que poderiam se aposentar a partir dos 60 anos, ou até antes.
POLÊMICA
O responsável por apresentar as emendas ao Parlamento será o ministro do Trabalho, Eric Woerth, debilitado pelos vínculos com um escândalo político-fiscal que envolve a terceira maior fortuna da França, a herdeira do império L'Oreal.
A líder socialista Martine Aubry pediu um recomeço do zero da reforma, enquanto o jornal de esquerda "Liberation" chamou o projeto de "anti Robin Wood", "pois fará trabalhar os mais pobres para preservar os ricos".
Thierry Suzan/Efe | ||
Rua de Estrasburgo, na França, fica lota de manifestantes que não querem a reforma do sistema da Previdência |
Depois dos grandes protestos de terça-feira, líderes sindicais não descartam a possibilidade da convocação de uma greve geral.
"Os sindicatos ganharam o set, mas não venceram a partida contra o governo", destaca o jornal "Le Figaro" em sua edição on-line, já que a edição impressa não chegou às bancas em consequência da greve de terça-feira.
PROTESTOS
Os sindicatos estimam que mais de 2,5 milhões foram protestar nas ruas de vários cidades francesas contra a medida ainda na terça-feira (7), vista pela maioria como uma injustiça social. A manifestação é ainda maior do que os protestos antigoverno do último dia 24 de junho, que atraíram entre 800 mil [números do governo] e 2 milhões de franceses [segundo o sindicato].
O dia de protesto inclui uma greve nos transportes públicos, hospitais, correio, serviço audiovisual público e setor privado, como bancos e empresas como a petroleira Total.
A paralisação afetou consideravelmente os serviços ferroviário --com 42% de adesão segundo os sindicatos--, e urbano, como o metrô de Paris, que circula com menos frequência e lotado. O setor aéreo, com 25% de adesão, também foi afetado nas rotas domésticas e dentro da Europa. No Brasil, a Infraero informou à Folha.com que não houve atrasos ou cancelamentos nos voos vindos da França ou com destino ao país europeu.
Os professores também estão em greve, em protesto contra o fim de milhares de postos de trabalho.
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