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10/09/2010 - 09h25

Pastor vai a TV reafirmar que pretende suspender queima do Alcorão nos EUA

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DE SÃO PAULO

Em um imbróglio acompanhado de perto pela imprensa americana e internacional, o pastor evangélico Terry Jones foi aos canais de televisão na manhã desta sexta-feira para reafirmar que vai suspender a queima de 200 cópias do Alcorão, o livro sagrado do islamismo, se conseguir se reunir neste sábado com os responsáveis pelo projeto de construção de um centro islâmico perto do local dos atentados de 11 de Setembro, em Nova York.

As declarações trazem uma versão diferente da entrevista coletiva da véspera de Jones, ao lado do líder islâmico Muhammad Musri, na qual afirmou que a queima havia sido suspensa após um acordo com líderes muçulmanos para mudar os planos de construir um centro cultural islâmico e uma mesquita perto de onde ficava o World Trade Center, em Nova York. Os líderes muçulmanos negaram pouco depois qualquer acordo.

Em declarações nesta sexta-feira ao "Good Morning America", da ABC, Jones disse que "no momento, não temos planos de fazer isso" e que a suspensão dependeria do encontro prometido por Musri com o imame de Nova York, neste sábado, mesmo dia do protesto.

Musri, presidente da Sociedade Islâmica da Flórida Central, confirmou ao programa da rede CBS "The Early Show" que se comprometeu a levar Jones a Nova York para se encontrar com o imame à frente da construção da mesquita, Feisal Abdul Rauf.

O pastor da pequena Dove World Outreach Center, em Gainesville, Estado da Flórida, fez declarações também ao programa "Today", da rede NBC, de que não queimará as cópias do Alcorão no sábado, nono aniversário dos atentados, se a reunião ocorrer. Não ficou claro, contudo, se ele suspenderá o polêmico protesto indefinidamente ou apenas no sábado, enquanto espera convencer os responsáveis a mudar o local da construção.

O alto escalão de Washington e muçulmanos ao redor do mundo reagiram duramente aos planos do pastor de queimar o Alcorão.

Jones protagoniza há anos uma dura campanha contra o islamismo, que rendeu até mesmo o livro "Islam Is of the Devil" ("Islã É do Demônio", em tradução livre). Nele, Jones conta que a religião islâmica é um risco à liberdade de todas as nações e tem como preceito a opressão e a violência. Sua causa, contudo, ganhou o mundo após começar a divulgar na internet a proposta para a data anual de queima do Alcorão e levou o alto escalão dos Estados Unidos a reagir.

Mesmo antes da coletiva à imprensa, o pastor havia se declarado disposto a cancelar o plano se recebesse um pedido da Casa Branca. Pela manhã, Obama fez um apelo neste sentido em entrevista ao canal ABC. "Se ele [Jones] estiver ouvindo, espero que entenda que o que está propondo é completamente contrário a nossos valores como americanos."

O presidente foi duro. Chamou o plano de "golpe" e disse que o ato ofereceria "uma festa para o recrutamento" de terroristas para a Al Qaeda e outros grupos em busca de voluntários "que possam se explodir" em cidades nos EUA e na Europa.

Em meio às incertezas, seguiam altos os temores de que o plano do pastor levaria a retaliações violentas de extremistas pelo mundo no final de semana. O secretário da Defesa dos EUA, Robert Gates, telefonou diretamente para Jones durante a tarde para expressar preocupação, e o FBI visitou o pastor para pedir o cancelamento do plano.

A Interpol alertou aos governos dos 188 países-membros para o aumento no risco de ataques terroristas caso o pastor eleve à frente o Dia Internacional para a Queima do Alcorão. A polícia internacional pediu ainda que qualquer país que receba informações sobre ameaças específicas entre em contato com sua sede, que estará "24 horas em alerta".

Outro alerta mundial foi emitido pelo Departamento de Estado dos EUA, que pediu cautela a cidadãos americanos devido "a potenciais demonstrações anti-EUA em vários países em resposta" à ameaça ao Alcorão.

 

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