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Especialista em Irã deve chefiar inspeções nucleares da ONU
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DA REUTERS, EM VIENA (ÁUSTRIA)
DE SÃO PAULO
A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) escolheu um especialista em Irã para chefiar todas as inspeções nucleares da agência da ONU, informaram diplomatas.
O belga Herman Nackaerts, 59, deve ser o novo chefe da divisão de segurança da AIEA, cuja função é verificar os programas nucleares dos Estados-membros e garantir que não estejam sendo usados para fins nucleares.
"Não houve desacordo", disse um dos diplomatas que participou da reunião a portas fechadas do Conselho de Governadores da AIEA. Na reunião, o diretor da agência, Yukiya Amano, anunciou a escolha de Nackaerts para o cargo.
Diplomatas sugerem que a escolha de um especialista em Irã mostra a importância da complexa investigação da agência sobre o programa nuclear iraniano. A AIEA inspeciona há sete anos as atividades nucleares da República Islâmica, sem poder dar à comunidade internacional garantias sobre as intenções pacíficas do Irã.
O Ocidente acusa Teerã de usar seu programa nuclear alegadamente pacífico para fins nucleares e já impôs dezenas de sanções internacionais e unilaterais para tentar impedir seu desenvolvimento e forçar uma maior cooperação --incluindo quatro rodadas de sanções diplomáticas, comerciais e nucleares do Conselho de Segurança da ONU.
Nackaerts era o chefe das inspeções no Irã e em outros países do Oriente Médio, sul da Ásia e África. Antes de sua escalada nos últimos quatro anos na agência, Nackaerts era inspetor sênior na Eurotom, a Agência Europeia de Energia Atômica, e trabalhou como engenheiro químico e nuclear.
Ele assume no lugar de Olli Heinonen, finlandês que renunciou ao cargo em julho por razões pessoais, após quase 30 anos na agência.
COOPERAÇÃO
Amano pediu nesta segunda-feira ao Irã para cooperar mais na investigação internacional de seu programa nuclear e criticou o recente veto iraniano a dois de seus inspetores.
"O Irã não oferece a cooperação necessária para poder confirmar que todos os materiais nucleares no país tenham um uso pacífico", disse Amano na abertura da reunião do Conselho, que reúne 35 países.
O diretor-geral lamentou a recente decisão de Teerã de vetar o trabalho de dois inspetores que tinham realizado inspeções no Irã no passado, e expressou sua plena confiança em seu profissionalismo e imparcialidade, posta em dúvida pela República Islâmica.
"As repetidas objeções do Irã sobre a designação de inspetores com experiência no ciclo de combustível nuclear dificultam o processo de inspeção", assegurou Amano.
O embaixador iraniano para a AIEA, Ali Asghar Soltanieh, rejeitou essas acusações perante a imprensa e disse que o último relatório técnico de Amano sobre o Irã está "politizado" e "não é equilibrado", o que "põe em perigo a credibilidade do organismo".
O diplomata iraniano destacou que a AIEA conta com um grupo de 150 especialistas que podem realizar inspeções em seu país. Soltanieh lembrou que, segundo o acordo de salvaguardas (controles) com a AIEA, o Irã tem o direito de vetar qualquer inspetor sem dar explicação alguma a respeito e qualificou o assunto de "ridículo".
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