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15/09/2010 - 12h33

Para intelectuais, visita do papa ao Reino Unido não deveria ter caráter "de Estado"

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DA ANSA, EM LONDRES

A viagem que o papa Bento 16 inicia amanhã ao Reino Unido foi motivo de críticas de mais de 50 intelectuais britânicos, que publicaram uma carta afirmando que o evento não deveria receber as "honras" de uma visita de Estado.

Entre os que assinaram a missiva veiculada na edição de hoje do jornal britânico "The Guardian" estão os escritores Ken Follett, Terry Pratchett e Philip Pullman, o ator Stephen Fry e o biólogo Richard Dawkins.

"Como cidadão da Europa e líder de uma religião com muitos adeptos no Reino Unido, [o pontífice] é obviamente livre para entrar no país", assinalaram os signatários.

De acordo com eles, no entanto, o Vaticano "foi responsável por atos como a falta de distribuição de preservativos que levaram ao crescimento demográfico nos países pobres e à difusão da Aids; a oposição aos direitos iguais para os gays e lésbicas; a negação do aborto até às mais vulneráveis mulheres; a ausência de reação aos muitos casos de pedofilia no interior de sua organização".

Na carta, os intelectuais também acusaram a falta da assinatura do Vaticano a muitos tratados internacionais de direitos humanos e citaram, pelo contrário, a realização de acordos bilaterais com nações onde os direitos humanos dos cidadãos não são respeitados.

"Rejeitamos a máscara da Santa Sé como Estado, e do papa como chefe de Estado como meramente uma ficção conveniente para ampliar a influência internacional do Vaticano", declararam os signatários.

Ontem, em uma mensagem, o primeiro-ministro britânico, David Cameron, saudou a visita "histórica e incrivelmente importante" como "uma grande honra" para o país.

"Nem todos concordam com tudo aquilo que o papa afirma, mas isso não deve nos impedir de reconhecer que sua mensagem ajuda a nos colocar à prova, a nos fazer perguntas sobre nossa sociedade e sobre como nos comportamos conosco e com os outros", completou ele.

CRÍTICAS

Os quatro dias que Bento 16 permanecerá na Inglaterra e na Escócia têm gerado protestos. Entidades laicas e que defendem os direitos dos homossexuais, entre outras, condenam os altos custos da visita, as posturas da Igreja contra leis a favor de gays e lésbicas e os escândalos de pedofilia que envolveram o clero e se intensificaram no ano passado, inclusive no Reino Unido.

Na véspera da chegada do pontífice, que desembarcará na quinta-feira em Edimburgo, na Escócia, às 10h30 (6h30 no horário de Brasília), a imprensa local reportou que mais da metade dos padres condenados por abusos sexuais contra crianças na Inglaterra e no País de Gales permanecem na Igreja, e muitos recebem ajuda financeira.

A investigação apontou que ao menos 14 dos 22 sacerdotes que passaram um ano na prisão por pedofilia ainda são padres, e dez deles aparecerem na última edição do "Catholic Directory", o anuário oficial da instituição. Oito deles teriam sido reduzidos ao estado laico.

 

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