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16/09/2010 - 12h42

Em visita ao Reino Unido, papa Bento 16 pede mais tolerância a valores tradicionais

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Após ser recepcionado pela rainha Elizabeth 2ª e declarar que a Igreja não foi "vigilante o suficiente" em relação aos casos de abusos sexuais, o papa Bento 16 manifestou-se contrário ao "secularismo agressivo" e pediu aos britânicos mais tolerância a valores tradicionais e mais apreço às suas "raízes cristãs".

Bento 16 fez as manifestações no discurso que pronunciou diante da rainha Elizabeth 2ª, chefe da Igreja Anglicana, e das autoridades britânicas presentes nas boas-vindas no palácio de Holyroodhouse, em Edimburgo, durante a primeira etapa da visita de quatro dias ao Reino Unido.

Papa Bento 16 vai enfrentar protestos no Reino Unido; ouça correspondente

Depois de se reunir a sós com a rainha e presenteá-la com uma cópia do evangelho de Lorsch, do século 9, o papa deixou o palácio ao lado da monarca, diante de 400 representantes da cultura, da política e da Igreja Anglicana e Católica.

Até o domingo espera-se que o papa faça mais 15 discursos nesta que é a sua 17ª viagem pelo mundo.

RAÍZES CRISTÃS

Bento 16 ressaltou as "profundas raízes cristãs" que ainda continuam presentes na sociedade britânica e após fazer um percurso pela história deste país afirmou que o Reino Unido se esforça para ser uma sociedade moderna e multicultural.

Lefteris Pitarakis/AP
Papa Bento 16 enfrenta forte vento em sua visita ao Reino Unido, onde foi recebido pela rainha Elizabeth 2ª
Papa Bento 16 enfrenta forte vento em sua visita ao Reino Unido, onde foi recebido pela rainha Elizabeth 2ª

O pontífice afirmou que o povo britânico é um forjador de ideias que influenciam toda a sociedade em prol do bem comum, e que os meios de comunicação deste país têm uma responsabilidade "maior" do que a maioria e uma maior oportunidade de promover a paz das nações.

O papa lembrou as ofensivas dos nazistas contra o país e ressaltou como o povo britânico enfrentou "a tirania nazista que desejava erradicar a Deus da sociedade e negava a muitos, especialmente aos judeus, a quem não considerava dignos de viver".

CONFIANÇA

A rainha Elizabeth 2ª ressaltou a necessidade de uma maior confiança recíproca entre as religiões, e disse que a liberdade religiosa está na base da sociedade democrática.

A soberana, chefe de uma Igreja que conta no mundo todo com 77 milhões de fiéis, destacou o trabalho da Igreja Católica nos setores da educação e social.

Concluído o encontro, a rainha e seu marido, o duque de Edimburgo, acompanharam o papa até a porta do palácio, enquanto fizeram homenagens da guarda de Holyroodhouse e o Regimento Real da Escócia.

A caminho do palácio, o papa atravessou as ruas do centro da capital da Escócia, acompanhado pelo som de milhares de gaitas e tambores, a bordo do "papamóvel".

Da mesma forma que as autoridades religiosas e civis, Bento 16 usava sobre os ombros um tartan (típico tecido escocês) desenhado por causa da viagem papal com as cores azul, branco, verde, vermelho e amarelo, inspirado na história católica romana e escocesa.

DEBATE

A viagem do papa desatou um debate no Reino Unido e levou ativistas a prepararem diversas manifestações.

O grupo Protest the Pope, que participou das conversas e reúne diversas entidades que contestam a viagem, está organizando uma série de iniciativas que coincidirão com a estadia do pontífice, entre as quais uma manifestação no centro de Londres no dia 18, quando o papa celebrará uma missa para milhares de pessoas no Hyde Park.

Os opositores criticam a visita do papa como chefe de Estado e não apenas líder religioso, afirmando que o evento não deveria ser financiado pelos contribuintes britânicos.

As razões para isso, alegam, são que o Vaticano não é verdadeiramente um Estado, conforme sua opinião; que as religiões são entidades autoconstituintes e como tais deveriam se financiar com fundos próprios; e que a Igreja Católica foi instrumento para esconder crimes cometidos por seus membros, e portanto o papa não deveria ser acolhido com todas as honras.

Os defensores da visita afirmam que o Vaticano é uma entidade soberana, criada e reconhecida anteriormente aos Pactos de Latrão --que instituíram o Estado da Cidade do Vaticano em 192 -- e que hoje mantém relações diplomáticas com 178 países.

AGENDA

Ainda nesta quinta-feira Bento 16 almoçará com autoridades religiosas católicas no palácio de Edimburgo e no meio da tarde segue para Glasgow, a 90 quilômetros, para rezar uma missa que deve reunir milhares de fiéis no Bellahouston Park, o mesmo local em que João Paulo 2º oficiou uma celebração na sua visita pastoral, e não como chefe de Estado, em 1982.

Durante a missa, o papa ouvirá uma canção na voz da escocesa Susan Boyle, famosa no mundo inteiro depois de participar de um show de calouros.

Boyle, católica fervorosa, interpretará o hino religioso "How great thou art" e sua mundialmente famosa "I dreamed a dream", do musical "Os miseráveis".

No começo da noite, o papa irá para Londres, a terceira etapa de sua visita oficial -- a primeira de um pontífice romano desde 1534, quando o rei Henrique 8º rompeu com Roma ao não conseguir do papa Clemente 7 a anulação de seu casamento com Catarina de Aragón e criou a Igreja da Inglaterra, da qual se proclamou chefe.

 

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