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16/09/2010 - 18h19

Em missa na Escócia, papa alerta jovens sobre "tentações" como drogas, sexo e álcool

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DE SÃO PAULO

O papa Bento 16 alertou os jovens nesta quinta-feira contra a ilusão representada pelas "tentações" como a droga, o sexo e o álcool. O alerta foi feito pelo pontífice a 65 mil expectadores, em uma missa ao ar livre no parque Bellahouston, em Glasgow, na Escócia. Foi a segunda etapa de sua viagem de quatro dias ao ao Reino Unido, após um rápido passeio de manhã por Edimburgo.

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Graham Stuart/Efe
Em missa ao ar livre no Parque Bellahouston, em Glasgow (Escócia), papa alerta jovens contra tentações
Em missa ao ar livre no Parque Bellahouston, em Glasgow (Escócia), papa alerta jovens contra tentações

"Há muitas tentações que vocês devem enfrentar a cada dia --droga, dinheiro, sexo, pornografia, álcool-- e que o mundo lhes diz que lhes darão felicidade, quando, na verdade, essas coisas são destrutivas e criam divisão", declarou o papa no mesmo local onde seu antecessor, João Paulo 2º, reuniu 300 mil pessoas em uma missa há 28 anos.

"Só uma coisa permanece: o amor pessoal de Jesus por cada um de vocês. Busque-o, conheça-o e ame-o, e ele o libertará da escravidão da existência deslumbrante, mas superficial, que propõe frequentemente a sociedade atual", insistiu em sua homília aos fieis escoceses.

No público, bandeiras da Escócia e do Vaticano, além de algumas irlandesas e de outros países. Só puderam participar dessa missa católicos que, por meio de suas paróquias, pagaram uma contribuição de 20 libras (cerca de R$ 58) para financiar o transporte e a segurança, assim como uma mochila amarela de peregrino que levavam nas costas.

Scott Heppell/AP
Homem usando tradicional saia escocesa carrega a mochila amarela, parte do kit que os fieis receberam
Homem usando tradicional saia escocesa carrega a mochila amarela, parte do kit que os fieis receberam

O papa também criticou o "laicismo" que impera na sociedade britânica e pediu aos fieis católicos que ajudem a "expor em público os argumentos promovidos pela sabedoria e a visão da fé". "Hoje em dia, alguns buscam excluir da esfera pública as crenças religiosas, relegá-las ao privado, alegando que são uma ameaça para a igualdade e a liberdade".

Antes da apresentação do papa, o público assistiu a shows, como o de Susan Boyle, a cantora católica escocesa que se tornou fenômeno mundial após aparecer na TV, que interpretou sua famosa "I dreamed a dream", do musical "Os miseráveis".

Pela manhã, Bento 16 fez um passeio de papamóvel no centro de Edimburgo, onde estavam reunidas 125 mil pessoas, segundo a polícia. Algumas traziam bandeiras, outras cartazes contra os padres pedófilos ou contra a recusa da Igreja Católica em ordenar mulheres.

Hoje à noite o papa segue para Londres, onde sua visita ganhará um tom mais ecumênico e político. Bento 16 tem um caminho delicado a trilhar na Inglaterra e na Escócia em relação à Igreja Anglicana, após sua oferta, em outubro passado, de tornar mais fácil a conversão dos anglicanos insatisfeitos com a ordenação de bispos gays e mulheres. As relações espinhosas vão estar em foco na sexta-feira, quando o papa deve se reunir com o arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, chefe da Igreja da Inglaterra, mãe da Igreja Anglicana, no palácio de Lambeth, em Londres.

Nigel Roddis/Reuters
Papa chega para missa no Parque Bellahouston, onde recebeu 65 mil pessoas que pagaram 20 libras cada
Papa chega para missa no Parque Bellahouston, onde recebeu 65 mil pessoas que pagaram 20 libras cada

IGREJA FALHOU

O papa admitiu as falhas da igreja para impedir os abusos sexuais contra crianças, que provocaram uma onda de denúncias contra padres em todo o mundo nos últimos meses.

"A autoridade da Igreja não foi suficientemente vigilante [...], não foi suficientemente rápida e firme para tomar as medidas necessárias", declarou Bento 16 a jornalistas no avião que o levou de Roma até a capital escocesa, Edimburgo.

"Essas revelações foram para mim um golpe e uma grande tristeza", acrescentou o papa sobre o tema que marcou seu pontificado, iniciado em 2005, e que sacudiu particularmente a vizinha Irlanda.

Após insistir em que a igreja deve cumprir "penitência", ele declarou que nesses momentos o mais importante são as vítimas, que devem ser ajudadas para superar o trauma, assim como para recuperar a vida e a confiança na mensagem de Cristo.

"Sabemos que isso é uma doença e que a livre vontade não funciona, e devemos proteger essas pessoas de si mesmas, é preciso encontrar o modo de ajudá-las e excluir qualquer acesso aos jovens", disse.

Também disse que "é difícil entender" tanta perversão em um ministro de Deus e reiterou a necessidade de uma exaustiva seleção dos candidatos ao sacerdócio.

BRITÂNICOS SECULARES

Horas antes, em um primeiro discurso durante as boas-vindas oficiais oferecidas pela rainha Elizabeth 2ª na residência de Edimburgo, o palácio de Holyroodhouse, o papa advertiu também sobre as "formas mais agressivas de secularidade" em uma sociedade britânica que se "esforça para ser moderna e multicultural". Foi o primeiro dos 16 discursos previstos para a visita ao Reino Unido.

Lefteris Pitarakis/AP
Papa Bento 16 enfrenta forte vento em sua visita ao Reino Unido, onde foi recebido pela rainha Elizabeth 2ª
Papa Bento 16 enfrenta forte vento em sua visita ao Reino Unido, onde foi recebido pela rainha Elizabeth 2ª

Tentando convencer um dos países mais seculares da Europa, o papa pediu aos britânicos para ficarem alerta com o extremismo, dizendo que a tentativa de regimes totalitaristas no século 20 para eliminar Deus deveria dar "lições soberanas" sobre tolerância.

Do lado de fora, cerca de 150 manifestantes chacoalhavam bandeiras de arco-íris do movimento gay e cartazes dizendo "a oposição do papa à camisinha mata pessoas" e "pare de proteger padres pedófilos".

A rainha, por sua vez, lembrou da herança cristã comum compartilhada por anglicanos e católicos, e ressaltou a necessidade de uma confiança recíproca entre as religiões. Ela é a chefe da Igreja da Inglaterra, fundada quando Henry 8º rompeu com Roma, em 1534.

O papa fez essas declarações após uma controvérsia causada pelo cardeal alemão Walter Kasper, especialista nas relações ecumênicas da igreja, que comparou, em uma entrevista, o Reino Unido a "um país de terceiro mundo" em relação a "um neoateísmo agressivo".

COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

 

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