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Paz só chegará quando tropas da Otan saírem do Afeganistão, diz ex-chanceler taleban
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DA EFE, EM CABUL
O mulá Muttawakil, último chanceler do Taleban antes da queda do regime, acredita que não haverá paz até que todas as tropas estrangeiras deixem o Afeganistão, e afirmou que as eleições do sábado (18) não resolverão o conflito vivido pelo país.
"Tínhamos um governo (taleban) e os estrangeiros o atacaram com uma guerra desequilibrada. Rejeitaram os talebans e tiraram seus direitos políticos. Foram os estrangeiros que trouxeram a atual guerra", afirma.
Antigo secretário do mulá Omar [líder do Taleban], Wakil Ahmad Muttawakil decidiu ficar no país durante a invasão das tropas dos Estados Unidos, em 2001, e após três anos preso, vive agora de forma discreta em um bairro de ruas sem asfalto em Cabul.
Muttawakil continua sendo abertamente um membro do grupo Taleban afegão, mas suas atitudes fazem dele um "moderado do fundamentalismo", e seu nome ganha força a cada vez que os EUA ou o governo afegão mencionam a necessidade de dialogar com a insurgência.
O ex-chanceler afirmou que está contente pela retirada de seu nome da lista de pessoas associadas com o terrorismo no Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas), um gesto que os analistas veem como o início de um potencial esforço de negociação do Ocidente com os insurgentes.
MEDIAÇÃO
Embora assegure que não tenha contato com o mulá Omar, em paradeiro desconhecido, e negue qualquer apoio do Paquistão ao movimento, os analistas acreditam que Muttawakil serve como uma espécie de "mediador" taleban na capital afegã.
Sobre as recentes eleições realizadas em seu país, o ex-chanceler acredita que "não vão resolver os problemas afegãos" e ficam limitadas "à parte que controla o governo" de Hamid Karzai, atual presidente.
"O problema entre o governo e os talebans é de confiança. Os talebans dizem que este processo de paz não é de reconciliação, mas de integração. Com ele, tentam capturar-nos para separar-nos", resumiu.
Para Muttawakil, "uma forma de conseguir confiança é fechar prisões [como a de Bagram, no Iraque, ou a de Guantánamo, em Cuba], libertar os presos e eliminar listas negras [de terroristas em instituições internacionais). Esta será uma forte mensagem [para o Ocidente mostrar] que deseja dialogar com os talebans".
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