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Países árabes fracassam ao tentar pressionar Israel a assinar TNP
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DE SÃO PAULO
Os países árabes fracassaram nesta sexta-feira em sua tentativa de que a Conferência Geral da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) pressionasse Israel a assinar o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP).
Por 51 votos contra, 46 a favor e 23 abstenções, o documento proposto por 18 países árabes foi rejeitado pelo plenário da 54ª reunião de cúpula do órgão de energia nuclear da ONU (Organização das Nações Unidas), realizada em Viena nesta sexta-feira.
Em nome dos países árabes, o Sudão destacou, antes da votação, que Israel "se destaca por ser o único país que não assinou o TNP", enquanto Cuba, membro do Movimento de Países Não Alinhados (NAM), afirmou que esse país é uma "séria ameaça para a segurança internacional".
Israel declarou que o documento proposto estava "politicamente motivado, com o único objetivo de condenar um país membro da AIEA".
A delegação israelense acrescentou que os apoiadores da resolução tentavam desviar a atenção de suas próprias infrações nucleares, como é o caso do Irã, Síria e Líbia.
Os Estados Unidos vinham pressionando os países árabes há semanas para evitar que apresentassem a resolução, com o argumento de que ela punha em perigo o incipiente processo de paz no Oriente Médio.
Gary Seymour, assessor de assuntos nucleares de Barack Obama, esteve em Viena na semana passada para tentar convencer os árabes a não apresentarem sua resolução na conferência, mas não obteve sucesso.
Foi a pressão dos países europeus e de outras potências ocidentais que angariou votos contra a resolução proposta pelas nações árabes.
Pequenos países como Palau e Ilhas Marshall deram seu voto negativo à resolução.
A maioria dos países latino-americanos se absteve ou votou contra a condenação. Apenas Cuba, Nicarágua, Equador e Venezuela apoiaram a iniciativa árabe.
As resoluções da Conferência Geral da AIEA --integrada por 151 países-- não têm caráter vinculativo, embora tenham peso simbólico e político.
POLÍTICA DE AMBIGUIDADE
Israel tradicionalmente opta por uma política de ambiguidade quanto ao seu arsenal nuclear. O país não assume nem nega à comunidade internacional o fato de possuir armas nucleares, não assina pactos mundiais sobre o setor (como o TNP), e não se submete às inspeções da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), ligada à ONU (Organização das Nações Unidas).
Parte da comunidade internacional vem pressionando Israel para que assine o TNP. A Turquia e países árabes deixaram claro que a paz no Oriente Médio depende deste passo do governo israelense.
Estima-se que Israel seja o único país do Oriente Médio que detém um arsenal nuclear. "Israel continua a desafiar a comunidade internacional por meio de sua recusa em juntar-se ao TNP", disse o enviado do Sudão Mahmoud El-Amin no início de junho durante uma reunião da AIEA em Viena.
PRESSÃO ÁRABE
Ainda no início de julho, durante o Fórum Econômico Árabe-Turco, as nações árabes sinalizaram apoio à posição turca frente ao então recente ataque israelense à "Frota da Liberdade" --que deixou nove ativistas mortos-- e exigiram que Israel assine o TNP.
Murad Sezer/Reuters | ||
Premiê turco (centro) recebe placa do chefe da Liga Árabe (dir.) e do premiê libanês durante encontro na Turquia |
As nações árabes indicaram ainda que Israel deve submeter-se às inspeções da AIEA.
EVIDÊNCIAS
Ainda no fim de maio o historiador americano Sasha Polakow-Suransky concedeu entrevista ao correspondente da Folha em Jerusalém, Marcelo Ninio, após a notícia de que Israel tentou vender armas nucleares ao regime do apartheid sul-africano.
A oferta teria sido feita em 1975 pelo então ministro da Defesa Shimon Peres (hoje presidente de Israel), e seria uma clara confirmação de que o Estado judeu possui um arsenal nuclear.
A revelação da oferta foi publicada num livro Polakow-Suransky após seis anos de pesquisa. Para ele, o objetivo da potencial venda de armamentos era principalmente financeiro. "Peres sugeriu a Pieter Botha [então ministro da Defesa] que a África do Sul financiasse entre 10% e 5% de um projeto de um jato leve e 33% de um sistema balístico de cognome "Assaltante". Israel tinha o know-how, a África do Sul tinha dinheiro. Além disso, os israelenses queriam fazer pesquisas conjuntas e desenvolver produtos com os sul-africanos", disse o historiador à Folha.
Questionado se seu livro seria a prova mais contundente da existência do arsenal de Israel, ele respondeu que as fotos de Mordechai Vanunu [técnico nuclear israelense condenado por traição] em 1986 seriam muito mais "definitivas.
"O significado desses documentos não é provar que Israel tem armas nucleares. Isso o mundo inteiro sabe há décadas. A notícia aqui é que a possível transferência de tecnologia nuclear foi discutida no altos escalões", concluiu.
COM AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
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