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05/10/2010 - 01h21

Governo do Equador diz que não prorrogará estado de exceção

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DA EFE, EM QUITO

O governo do Equador anunciou nesta segunda-feira (4) que não prorrogará o estado de exceção decretado por cinco dias na quinta-feira passada, após a rebelião de policiais que levou o caos ao país.

O secretário jurídico da Presidência, Alexis Mera, indicou que o estado de exceção termina à meia-noite desta terça-feira. "Não há necessidade de estendê-lo porque o país está retornando à calma paulatinamente", disse Mera após ressaltar que "o governo está muito, muito entristecido" com a revolta policial.

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O chanceler equatoriano, Ricardo Patiño, fez um apelo "ao conjunto da sociedade equatoriana para manter a unidade pela democracia e por um governo eleito legitimamente".

"O que aconteceu na quinta-feira é muito preocupante e não podemos dizer que podemos ficar tranquilos. Devemos ter muita cautela e estar muito alerta", disse o chanceler.

O ministro coordenador de Segurança Interna e Externa, Miguel Carvajal, destacou que serão revisadas todas as provas possíveis para identificar os organizadores da rebelião policial.

Martin Mejia/AP
Após crise, policiais e militares mostraram tranquilidade no Equador; redução de benefícios deve entrar em vigor
Após crise, policiais e militares mostraram tranquilidade no Equador; redução de benefícios deve entrar em vigor

Na última quinta-feira (30), o presidente ficou isolado em um hospital por quase 12 horas e só foi liberado no início da madrugada de sexta. Para levá-lo de volta ao palácio presidencial, o Exército do Equador e policiais rebelados entraram em confronto e houve troca de tiros. Em discurso após ser resgatado, Correa afirmou que fará uma "limpeza profunda na polícia nacional" e que "não haverá perdão, nem esquecimentos".

As intensas manifestações no país foram motivadas por uma proposta do governo que reduz benefícios salariais das forças de segurança e que está em votação na Assembleia Nacional. Em reação ao amplo protesto de policiais e de parte dos militares, o Equador decretou estado de exceção por uma semana em todo o território nacional e delegou o policiamento e a segurança interna e externa do país às Forças Armadas.

Ontem, o governo anunciou o aumento salarial entre US$ 400 e US$ 570 para quatro patentes de policiais e militares em todo o país.

O decreto faz parte de uma homologação salarial que estava pendente desde 2008, informaram os ministros da Defesa, Javier Ponce, e do Interior, Gustavo Jalkh, em entrevista coletiva.

O ministro da Defesa negou que a medida esteja vinculada ao levante da quinta-feira passada, e disse que o decreto já tinha sido estudado desde agosto. "O acordo ministerial foi assinado no sábado. É lamentável que as datas tenham coincidido, mas é um assunto que já estava definido antes." Ele ainda garantiu que os valores recebidos por bônus e condecorações, estopim do levante da semana passada, não serão mexidos até dezembro deste ano.

CRISE

Na quinta-feira, a polícia agrediu Correa e cercou o hospital onde ele se refugiou durante horas antes de ser resgatado numa operação noturna promovida por tropas leais. Ao menos quatro pessoas morreram no confronto, com outras quatro mortes e quase 300 pessoas feridas no levante em todo o país.

A agitação foi um lembrete de que o Equador é um dos países mais instáveis da América Latina. Três de oito presidentes da década caíram antes de Correa trazer um grau de estabilidade ao país em 2007.

Um dos guarda-costas de Correa foi morto protegendo um carro do comboio presidencial. Imagens mostram que ele foi atingido por diversas balas. O governo afirma que francoatiradores infiltrados no protesto da polícia tentaram assassinar o presidente de 47 anos.

"Ninguém atira no chefe de Estado para ter um bônus, ou para ter um aumento salarial. Houve outros objetivos e intenções ali", disse o ministro do Interior, Gustavo Jalkh, no domingo.

Economista educado na Europa e conhecido por sua abordagem combativa, Correa deverá ter de agir com mais cautela ao lidar com o Exército, que o salvou na semana passada, mas também pediu para que ele retirasse a polêmica lei.

 

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