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21/10/2010 - 14h16

Colonos judeus erguem 544 casas em 3 semanas; palestinos pedem ação dos EUA

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Em reação à divulgação de que colonos israelenses já construíram ao menos 544 casas em apenas três semanas na Cisjordânia, a ANP (Autoridade Nacional Palestina) pediu uma intervenção dos Estados Unidos para interromper o que classificou como um "desafio" aos palestinos.

"Este desafio flagrante aos palestinos, aos árabes e à administração americana exige uma réplica árabe e internacional, em particular americana", declarou Nabil Abu Rudeina, porta-voz do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.

Os palestinos exigem uma nova moratória para prosseguir com as negociações de paz retomadas em 2 de setembro em Washington, sob a mediação do governo americano.

A Liga Árabe aprovou ainda no dia 8 de outubro a posição de Abbas e concedeu a Washington um prazo de um mês para resolver o litígio.

Outro assessor de Abbas, Nimr Hamad, declarou que cabe ao líder palestino solicitar aos EUA que reconheçam a necessidade de um Estado palestino limitado pelas fronteiras anteriores a 1967, quando teve início o processo de colonização israelense.

Hamad declarou que ante as evidências de que os colonos judeus continuam com a expansão dos assentamentos, "e dado que a administração estadunidense pediu em inúmeras ocasiões o final da ocupação que começou em 1967, assim como o estabelecimento de um Estado palestino independente, viável e soberano, vamos pedir oficialmente que Washington reconheça o Estado palestino", concluiu.

NÚMEROS

Mais cedo um levantamento da ONG de paz israelense Peace Now e da Associated Press revelou que ao menos 544 novas casas já foram construídas por colonos judeus na Cisjordânia em apenas três semanas, após o fim da moratória que impedia a expansão dos assentamentos, no dia 26 de setembro.

O jornal israelense "Haaretz" destacou a rapidez com que os colonos retomaram as construções, um ritmo quase quatro vezes maior do que o registrado nos últimos dois anos.

Jim Hollander/Efe
Apenas um dia após fim da moratória, obras foram retomadas com rapidez nas colônias judaicas na Cisjordânia
Apenas um dia após fim da moratória, obras foram retomadas com rapidez nas colônias judaicas na Cisjordânia

A rápida expansão coloca em xeque o sucesso das já novamente estremecidas conversas diretas de paz, retomadas ainda no mês passado sob a mediação dos Estados Unidos.

Muitas das casas, aponta a Associated Press, estão sendo erguidas em áreas que sob qualquer possível cenário de um acordo de paz fariam parte de um potencial Estado palestino.

"Estes números são alarmantes e mostram mais um indicador de que Israel não leva a sério o processo de paz, que deveria ter como alvo o fim da ocupação", disse Ghassan Khatib, porta-voz de Mahmoud Abbas, presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina).

Em reação, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, reduziu o impacto da expansão de colônias dizendo que o fato "não tem um efeito real sobre o mapa de um possível acordo [de paz", em direta alusão à definição das fronteiras de um potencial Estado palestino.

O assunto é visto como tema-chave para o sucesso do processo de paz.

EMBAIXADOR NA ONU

Ainda na segunda-feira (18), o novo embaixador de Israel na ONU (Organização das Nações Unidas), Meron Reuben, chegou a afirmar que o governo israelense pode renovar a moratória que congela a expansão dos assentamentos em colônias, apesar de na semana passada o governo israelense ter anunciado a intenção de construir mais casas em duas áreas urbanas ocupadas por judeus numa parte da Cisjordânia que foi anexada por Israel a Jerusalém Oriental.

Vários países, inclusive os EUA --aliados de Israel--, aproveitaram um debate do Conselho de Segurança da ONU sobre o Oriente Médio para criticar o fim da moratória na ampliação dos assentamentos.

Mas Reuben disse à agência Reuters que é cedo para dizer que o processo de paz morreu por causa disso e afirmou haver um "total e profundo mal entendido" a respeito da moratória.

Ele não quis declarar quando ou sob quais circunstâncias Israel poderia renovar a moratória. "Essa terá de ser uma decisão tomada pelo gabinete israelense", declarou.

HILLARY DEFENDE O DIÁLOGO

Os números divulgados pela Associated Press chegam pouco depois de a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, afirmar que as negociações diretas entre israelenses e palestinos "são absolutamente necessárias" e constituem o "único caminho" para um acordo de paz justo e durável no Oriente Médio.

Em discurso pronunciado perante a American Task Force on Palestine, Hillary admitiu que não tem uma "fórmula mágica" para superar o ponto morto no qual estão as negociações diretas entre israelenses e palestinos. No entanto, ela considerou que, se os dois líderes estiverem comprometidos com o processo, um acordo será possível.

"Negociações não são fáceis, mas são absolutamente necessárias", declarou a secretária. "Não há nada que substitua conversas tête-à-tête para conseguir um acordo que leve a uma paz justa e duradoura".

"É o único caminho para cumprir as aspirações nacionais palestinas e a solução necessária de dois Estados", ressaltou.

ESTAGNAÇÃO

As negociações diretas de paz, relançadas em 2 de setembro em Washington, se estagnaram no dia 26 de setembro, quando Israel decidiu não prorrogar a moratória sobre construções nos assentamentos judaicos na Cisjordânia.

"Nossa posição acerca dos assentamentos é bastante conhecida e não mudou", afirmou Hillary.

Ela aproveitou a ocasião para pedir novamente aos Estados árabes não somente respaldo à continuação das negociações e ao processo em si, mas também apoio financeiro à Autoridade Nacional Palestina (ANP).

A ANP, continuou Hillary, "precisa de um apoio financeiro maior, mais constante e precisa de mais recursos" para avançar e criar um futuro próprio.

Além disso, ela criticou "aqueles Estados na região que fornecem armas a grupos como Hizbollah e Hamas", inimigos de Israel que contam com o apoio de Síria e Irã.

Por fim, a chefe da diplomacia americana pediu a libertação "imediata" do soldado israelense Gilad Shalit, mantido refém desde 25 de junho de 2006, após ser sequestrado por três milícias palestinas, entre elas a do movimento islâmico Hamas.

 

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