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Soldados brasileiros enfrentam manifestações políticas no Haiti; cólera já matou 1.344
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
VITOR ABDALA
ENVIADO ESPECIAL, DA AGÊNCIA BRASIL
Subiu para 1.344 o número de mortos no Haiti pela epidemia de cólera, que começou em meados de outubro, segundo um novo balanço divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde do país. O número de pessoas hospitalizadas chegou a 23.377 e foram registrados 56.901 casos de contaminação, segundo as novas estimativas.
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Enquanto isso, crescentes protestos contra os "capacetes azuis" da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) --chefiada pelo Brasil-- acontecem às vésperas das eleições nacionais, previstas para o próximo domingo (28). Haitianos revoltados acusam membros da ONU vindos do Nepal de terem trazido o vibrião do cólera ao país.
Ramon Espinosa/AP - 18.nov.10 | ||
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe |
Os militares brasileiros que integram a força de paz no Haiti têm como principal desafio as manifestações de caráter político. São comuns os enfrentamentos entre militares brasileiros e manifestantes ligados a partidos políticos, segundo o coronel José Carlos Avellar, subcomandante do Brabatt 2, o mais novo dos três batalhões da força de paz brasileira no Haiti, criado semanas depois do terremoto em janeiro deste ano.
"Alguns desses políticos não veem chance de vencer e procuram desestabilizar a situação para tentar adiar as eleições", disse Avellar.
VÍTIMAS
Os números, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, ainda estão subestimados. O órgão afirma que até 20 mil podem ser infectados e até 10 mil podem morrer nos próximos seis a 12 meses.
Dieu Nalio Chery/AP - 18.nov.10 | ||
Crianças contaminadas com cólera recebem tratamento em um hospital em Cap Haitian |
O cólera, particularmente fatal em crianças e idosos, se desenvolve rapidamente depois das bactérias chegarem ao intestino. Os sintomas incluem forte diarreia e desidratação e, sem tratamento, pode matar em poucas horas.
A situação deve se agravar em um país onde milhões de pessoas vivem em campos de refugiados desde o terremoto de 12 de janeiro, em condições higiênicas precárias.
O Departamento (Estado) de Artibonite, no norte, foi onde começou o foco da doença e ainda é o mais atingido, com a metade dos mortos de todo o país (701) e quase 13 mil hospitalizações.
Na capital, Porto Príncipe, onde há vários acampamentos de desabrigados após o terremoto, o número de mortos subiu para 77, contra 67 do balanço anterior.
PROTESTOS
Os protestos de haitianos chegaram até a capital, Porto Príncipe, na última quinta-feira (18), com manifestantes fechando ruas com barricadas e atacando com pedras veículos levando brasileiros membros da força de paz da ONU no Haiti. A polícia e os soldados responderam com bombas de gás lacrimogêneo e apontando suas armas, mas não conseguiram conter as manifestações.
Allison Shelley/Reuters | ||
Manifestante segura faixa em que acusa os membros da missão de paz da ONU de terem levado o cólera ao Haiti |
Manifestantes se reuniram na praça do Campo de Marte, bem perto do Palácio presidencial, e gritavam slogans em creole, tais como "A Minustah nos trouxe a cólera". Um cartaz em creole também indicava "A Minustah joga excrementos na rua".
"Estamos contra o poder e contra a Minustah, que não fazem nada. A Minustah deveria pacificar o país e hoje estamos pior. A Minustah mata haitianos", disse Ladiou Novembre, um professor do ensino médio.
Centenas de pessoas se reuniram na frente do Ministério de Saúde Pública para exigir a saída da Minustah
MEDIDAS PREVENTIVAS
A base militar que abriga as forças de paz brasileiras no Haiti adotou medidas para evitar a disseminação do cólera entre os soldados que participam da missão. Por exemplo, a desinfecção de botas e dos pneus dos carros que circulam pelas ruas da capital Porto Príncipe.
Assim que entram nas instalações dos três batalhões brasileiros, militares e visitantes precisam pisar sobre um tapete azul, encharcado com cloro e álcool. Já os veículos militares são parados no portão de entrada e têm seus pneus desinfetados com a mesma substância.
Outras ações já vêm sendo tomadas pelas tropas brasileiras mesmo antes do aparecimento da doença, como o uso de álcool gel para a desinfecção das mãos, o tratamento da água usada pelo batalhão e a importação da comida e da bebida consumidas na base.
Até o momento, nenhum militar brasileiro foi infectado, segundo o coronel Avellar.
Segundo o coronel, se eventualmente um militar for infectado, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), instalada no país desde 2004, está preparada para isolar o paciente do resto do contingente tão logo ele apresente os sintomas da doença.
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