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22/11/2010 - 17h15

Soldados brasileiros enfrentam manifestações políticas no Haiti; cólera já matou 1.344

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
VITOR ABDALA
ENVIADO ESPECIAL, DA AGÊNCIA BRASIL

Subiu para 1.344 o número de mortos no Haiti pela epidemia de cólera, que começou em meados de outubro, segundo um novo balanço divulgado nesta segunda-feira pelo Ministério da Saúde do país. O número de pessoas hospitalizadas chegou a 23.377 e foram registrados 56.901 casos de contaminação, segundo as novas estimativas.

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Enquanto isso, crescentes protestos contra os "capacetes azuis" da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) --chefiada pelo Brasil-- acontecem às vésperas das eleições nacionais, previstas para o próximo domingo (28). Haitianos revoltados acusam membros da ONU vindos do Nepal de terem trazido o vibrião do cólera ao país.

Ramon Espinosa/AP - 18.nov.10
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe
Brasileiro membro da força de paz da ONU no Haiti cai de caminhão em meio de manifestantes em Porto Príncipe

Os militares brasileiros que integram a força de paz no Haiti têm como principal desafio as manifestações de caráter político. São comuns os enfrentamentos entre militares brasileiros e manifestantes ligados a partidos políticos, segundo o coronel José Carlos Avellar, subcomandante do Brabatt 2, o mais novo dos três batalhões da força de paz brasileira no Haiti, criado semanas depois do terremoto em janeiro deste ano.

"Alguns desses políticos não veem chance de vencer e procuram desestabilizar a situação para tentar adiar as eleições", disse Avellar.

VÍTIMAS

Os números, segundo a Organização Pan-americana de Saúde, ainda estão subestimados. O órgão afirma que até 20 mil podem ser infectados e até 10 mil podem morrer nos próximos seis a 12 meses.

Dieu Nalio Chery/AP - 18.nov.10
Crianças contaminadas com cólera recebem tratamento em um hospital em Cap Haitian
Crianças contaminadas com cólera recebem tratamento em um hospital em Cap Haitian

O cólera, particularmente fatal em crianças e idosos, se desenvolve rapidamente depois das bactérias chegarem ao intestino. Os sintomas incluem forte diarreia e desidratação e, sem tratamento, pode matar em poucas horas.

A situação deve se agravar em um país onde milhões de pessoas vivem em campos de refugiados desde o terremoto de 12 de janeiro, em condições higiênicas precárias.

O Departamento (Estado) de Artibonite, no norte, foi onde começou o foco da doença e ainda é o mais atingido, com a metade dos mortos de todo o país (701) e quase 13 mil hospitalizações.

Na capital, Porto Príncipe, onde há vários acampamentos de desabrigados após o terremoto, o número de mortos subiu para 77, contra 67 do balanço anterior.

PROTESTOS

Os protestos de haitianos chegaram até a capital, Porto Príncipe, na última quinta-feira (18), com manifestantes fechando ruas com barricadas e atacando com pedras veículos levando brasileiros membros da força de paz da ONU no Haiti. A polícia e os soldados responderam com bombas de gás lacrimogêneo e apontando suas armas, mas não conseguiram conter as manifestações.

Allison Shelley/Reuters
Manifestante segura faixa em que acusa os membros da missão de paz da ONU de terem levado o cólera ao Haiti
Manifestante segura faixa em que acusa os membros da missão de paz da ONU de terem levado o cólera ao Haiti

Manifestantes se reuniram na praça do Campo de Marte, bem perto do Palácio presidencial, e gritavam slogans em creole, tais como "A Minustah nos trouxe a cólera". Um cartaz em creole também indicava "A Minustah joga excrementos na rua".

"Estamos contra o poder e contra a Minustah, que não fazem nada. A Minustah deveria pacificar o país e hoje estamos pior. A Minustah mata haitianos", disse Ladiou Novembre, um professor do ensino médio.

Centenas de pessoas se reuniram na frente do Ministério de Saúde Pública para exigir a saída da Minustah

MEDIDAS PREVENTIVAS

A base militar que abriga as forças de paz brasileiras no Haiti adotou medidas para evitar a disseminação do cólera entre os soldados que participam da missão. Por exemplo, a desinfecção de botas e dos pneus dos carros que circulam pelas ruas da capital Porto Príncipe.

Assim que entram nas instalações dos três batalhões brasileiros, militares e visitantes precisam pisar sobre um tapete azul, encharcado com cloro e álcool. Já os veículos militares são parados no portão de entrada e têm seus pneus desinfetados com a mesma substância.

Outras ações já vêm sendo tomadas pelas tropas brasileiras mesmo antes do aparecimento da doença, como o uso de álcool gel para a desinfecção das mãos, o tratamento da água usada pelo batalhão e a importação da comida e da bebida consumidas na base.

Até o momento, nenhum militar brasileiro foi infectado, segundo o coronel Avellar.

Segundo o coronel, se eventualmente um militar for infectado, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), instalada no país desde 2004, está preparada para isolar o paciente do resto do contingente tão logo ele apresente os sintomas da doença.

 

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