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23/11/2010 - 09h26

Após quatro dias, gases impedem buscas por 29 desaparecidos em mina neozelandesa

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A polícia neozelandesa advertiu nesta terça-feira que as chances de encontrar vivos os 29 mineiros desaparecidos diminuem, mais de quatro dias após uma explosão de gás em uma mina ainda inacessível para as equipes de resgate, ao sul do país.

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Segundo o chefe executivo da mina, Peter Whithall, uma gravação da explosão mostrada às famílias das vítimas deixou os familiares "sérios".

"A situação é sombria e fica cada vez mais escura", declarou nesta terça-feira à imprensa o chefe da polícia do país, Howard Broad.

O primeiro-ministro John Key tentou consolar as famílias, que expressam cada vez mais sua raiva e frustração devido à impossibilidade das equipes de resgate de entrar na mina, impregnada de gases tóxicos.

No Parlamento, o primeiro-ministro declarou compartilhar a impaciência das famílias dos mineiros, ao mesmo tempo em que destacou que a situação era "grave".

"Compartilhamos sua frustração. Também estamos impacientes para ver uma equipe de resgate enviada à mina, mas também sabemos que os gases tóxicos e explosivos podem provocar outras vítimas", declarou.

"A situação continua grave", acrescentou.

IMAGENS

Uma impressionante gravação da explosão da mina neozelandesa foi divulgado à mídia nesta terça-feira.

O circuito fechado de TV mostra uma parede de poeira branca e pedras surgindo da entrada enquanto a explosão subterrânea desmorona o túnel.

A direção da mina disse que a poeira explodiu em forma de onda pelo vale, que atingiu as saídas de ventilação e destruiu as aberturas no topo.

RESGATE

Desde a explosão na sexta-feira(19) na mina de carvão de Pike River, na costa oeste da ilha do sul da Nova Zelândia, nenhum contato foi estabelecido com os mineiros presos.

"O sofrimento, a frustração e provavelmente a raiva começarão realmente a aparecer se continuarmos tendo o mesmo tipo de informação (que temos) até agora", declarou à rádio New Zealand.

Os socorristas ainda não conseguiram entrar na mina devido à presença de gases. O problema não é a toxicidade, mas sim o fato de serem explosivos, indicou à imprensa Trevor Watts, responsável pelas operações de resgate.

Durante a manhã, a polícia informou que um robô militar teleguiado enviado ao túnel da mina falhou após percorrer 550 metros, a dois quilômetros de distância do local onde os mineiros estão.

Outra má notícia foi o fato de que um túnel de 15 centímetros de diâmetro, cavado paralelamente ao túnel da mina para chegar ao lugar onde os mineiros estão, topou contra uma rocha muito dura.

A perfuração, que deveria terminar na segunda-feira (22) à noite, atrasou e só acabará nesta terça-feira à noite. Uma vez finalizado, o túnel servirá para a passagem de uma microcâmera.

Se os mineiros conseguiram chegar a um dos refúgios da mina, dispõem de água e ar. Mas o único alimento com que contam é o almoço que levaram para seu dia de trabalho.

"É uma situação muito grave e, quanto mais se prolonga, menores são as esperanças. Temos que ser realistas", declarou um comandante da polícia. "Consideramos todas as hipóteses, e se uma é de que não estão vivos, então nos preparamos".

Os desaparecidos, com idades entre 17 e 62 anos, são 24 neozelandeses, dois australianos, dois britânicos e um sul-africano.

ACIDENTE

A estimativa é que a explosão tenha ocorrido por volta das 15h30 locais (0h30 em Brasília) da sexta-feira (19).

O relatório da polícia informa que um eletricista foi até a mina às 15h50 investigar uma queda de energia. Lá, encontrou o motorista de uma escavadeira que tinha sido jogado para longe com o acidente e assim foi chamada ajuda.

Ao todo, dois trabalhadores conseguiram sair do local e foram tratados em um hospital com ferimentos leves, mas já receberam alta.

O temor de uma nova explosão no local suspendeu as operações de resgate até domingo (21) pela manhã.

Acredita-se que os mineradores estejam a 150 metros da superfície, mas a 2,5 quilômetros da entrada da mina, sob um túnel que passa embaixo da cordilheira de Paparoa e vai até as jazidas de carvão, de propriedade da companhia Pike River.

Esta é uma das poucas minas subterrâneas da Nova Zelândia, que tem muitas minas ao ar livre.

A maior catástrofe da mineração na história do país também aconteceu na costa ocidental da ilha do sul da Nova Zelândia, em 1896, quando uma explosão matou 65 trabalhadores na mina Brunner.

EXEMPLO DO CHILE

A situação na mina Pike River evoca o drama dos 33 mineiros chilenos que passaram 69 dias soterrados no deserto do Atacama, até serem resgatados com vida em outubro.

Tony Kokshoorn, prefeito de Grey District, afirmou que os trabalhos de resgate podem durar dias, mas que o exemplo dos mineiros chilenos, resgatados após dois meses, era uma fonte de otimismo.

"Mantemos a esperança. Olhe o exemplo do Chile, com todos esses mineiros presos e todos saíram vivos", disse à Fairfax Media nesta sexta-feira (19).

No dia 13 de outubro, no Chile, 33 mineiros retornaram à superfície em uma grande operação de resgate depois de terem passado mais de dois meses presos em consequência de uma explosão.

 

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