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Coreia do Norte promete aceitar inspeções nucleares, confirma enviado dos EUA
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DE SÃO PAULO
DA REUTERS, EM SEUL/PEQUIM
A Coreia do Norte prometeu permitir o acesso de inspetores da ONU (Organização das Nações Unidas) a suas instalações nucleares para mostrar que não está processando urânio altamente enriquecido, confirmou nesta terça-feira um enviado dos EUA à península Coreana. O país tem um longo histórico de voltar atrás em acordos sobre seu programa nuclear.
O governador do Novo México, Bill Richardson, disse que a Coreia do Norte mostrou uma "atitude pragmática" em conversas não oficiais em Pyongyang, capital do país.
"Eles vão permitir o acesso de funcionários da AIEA [Agência Internacional de Energia Atômica] a Yongbyon para garantir que não estão processando urânio altamente enriquecido, e que estão procedendo com fins pacíficos", disse Richardson em Pequim (China), referindo-se à principal instalação nuclear norte-coreana.
Digital Globe/AFP - 29.set.10 | ||
Imagens de satélite mostram obras na região de Yongbyon, onde a Coreia do Norte mantém usinas nucleares |
A China, principal aliado da Coreia do Norte, pediu ao país que aceite as inspeções internacionais. "A Coreia do Norte tem o direito de usar energia nuclear para fins pacíficos, mas ao mesmo tempo também deve permitir o acesso de inspetores da AIEA", disse a porta-voz da chancelaria chinesa, Jiang Yu, quando questionada sobre a proposta norte-coreana.
"Todos os lados deveriam perceber que tiros de artilharia e força militar não podem resolver os problemas na península, e que diálogo e cooperação são a forma de aproximação correta", disse Jiang.
É a primeira vez que um alto funcionário americano visita a Coreia do Norte após a troca de tiros de artilharia de 23 de novembro entre as duas Coreias.
Segundo o Departamento de Estado americano, a visita de Richardson é 'puramente privada e não levará a Pyongyang nenhuma mensagem concreta do Governo americano'.
Richardson, uma importante figura política do Partido Democrata, mantém relações relativamente próximas com a Coreia do Norte, para onde já foi em sete ocasiões. Em 1996, ele conseguiu a libertação de um americano detido pelo regime norte-coreano.
HISTÓRICO NUCLEAR
A Coreia do Norte proíbe inspeções completas da AIEA desde 2002. Em abril de 2009, o país expulsou os inspetores da agência que supervisionavam suas instalações atômicas, encerrando um acordo de desnuclearização em troca de ajuda humanitária. A medida já havia sido tomada em 2003, quando o país decidiu abandonar o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TNP).
O governo norte-coreano insiste que seu programa nuclear tem fins pacíficos, mas, para checar isso, a AIEA precisa ter acesso contínuo e irrestrito a todas as atividades de enriquecimento de urânio de Pyongyang. Isso geralmente requer inspeções frequentes, uso de câmeras de vídeo e lacres especiais para garantir que o material nuclear não seja desviado para uso militar.
A Coreia do Sul e os EUA suspeitam que a Coreia do Norte tenha enriquecido urânio secretamente em locais fora do complexo de Yongbyon.
Um programa de enriquecimento de urânio daria a Pyongyang uma segunda maneira de obter material físsil para fabricar bombas atômicas.
O analista Andrei Lankov, da Universidade Kookmin, em Seul, disse que a Coreia do Norte está adotando uma "tática usual" que já funcionou no passado.
"Eles criam uma crise, eles mostram que são perigosos e elevam as tensões ao máximo", disse. "Então eles mostram que podem fazer algumas concessões. A questão que permanece é se essa é a única instalação nuclear. Um programa de enriquecimento de urânio é muito mais fácil de se esconder do que um de plutônio."
NOVA USINA
Em novembro, a Coreia do Norte mostrou um complexo secreto para o enriquecimento de urânio ao ex-diretor do Laboratório Nacional dos Álamos (EUA) Siegfried Hecker.
O jornal 'The New York Times' citou fontes anônimas do governo de Barack Obama que acreditam que a nova usina utiliza tecnologia 'significativamente mais avançada' que a que o Irã conseguiu desenvolver nas últimas duas décadas.
Alguns analistas afirmam que o país teria mostrado a usina a Hecker para ampliar seu poder de barganha em uma possível negociação por sua desnuclearização.
TENSÃO E RECUO
Nesta segunda-feira, a Coreia do Sul realizou manobras com fogo real nas águas do Mar Amarelo próximas à ilha de Yeonpyeong, que em 23 de novembro passado foi atacada pela Coreia do Norte, num incidente que deixou quatro mortos.
Reuters - 20.dez.10 | ||
Moradores de ilha sul-coreana usam máscaras de gás durante manobras militares com munição real |
Estes exercícios, que duraram menos de duas horas, foram qualificados nesta segunda-feira pela Coreia do Norte de uma 'provocação militar', mas o regime comunista ressaltou que eles não merecem uma resposta.
Enquanto isso, os militares sul-coreanos se mantêm em alerta diante de uma possível reação de Pyongyang devido a uma iniciativa religiosa para montar nesta terça-feira uma árvore de Natal perto da fronteira que divide as duas Coreias
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