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21/12/2010 - 19h08

Brasileiros bloqueados em Paris denunciam descaso das companhias aéreas

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ANA CAROLINA DANI
NÁDIA PONTES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
EM PARIS (FRANÇA)

Não foram nem a neve, nem o frio que irritaram os brasileiros que ficaram bloqueados nos principais aeroportos franceses desde o último sábado (20). Depois de 4 dias caóticos, com milhares de voos cancelados ou adiados, os brasileiros que tentavam embarcar nesta terça-feira no Aeroporto Roissy Charles de Gaulle eram unânimes em denunciar o "desprezo" e o "despreparo" das companhias aéreas, entre elas da Air France e da TAM.

Carina e Christian Pietrobelli tentavam, há 48 horas, chegar a Londres (Reino Unido), onde deveriam passar a lua de mel. Eles embarcaram no Rio no último domingo e deveriam fazer escala em Paris na segunda, às 8h, horário local.

Porém, alguns minutos antes de aterrissar, foram avisados de que o avião deveria ser redirecionado para outro aeroporto. "Quando, finalmente, chegamos a Paris, às 13h, tivemos que adivinhar o que fazer". Segundo os brasileiros, as informações dadas pelos atendentes da Air France eram desencontradas e pouco precisas.

O casal também não conseguiu recuperar a bagagem, onde Christian, que é hemofílico, transportava um remédio que deve ser mantido refrigerado e ministrado em caso de cortes para evitar hemorragia. "A Air France informou que as malas estavam no aeroporto, mas não sabiam onde", afirmam.

"Foram debochados. Desenharam pra gente carrinhos com malas, como se não entendêssemos o que diziam", completa Mariana Dib Dias, estudante. "Uma atendente chegou a me propor, com ironia, que pegasse um jatinho particular".

Os três passageiros deveriam, finalmente, embarcar para Londres ontem à noite, mas o voo ainda não havia sido confirmado até o meio da tarde. "Estamos há quase três dias com a mesma meia, a mesma cueca, dividindo a mesma escova de dentes. Lua de mel é isso aí", brincam Carina e Christian.

Com lágrima nos olhos, a brasileira Katilscia Alves também tentava voar para o Brasil. Ela passou a noite com o filho dormindo em colchões improvisados no aeroporto. A brasileira, que mora na Suíça, tinha uma passagem da TAM e perdeu a conexão em Paris porque o voo de Genebra, operado pela Air France, saiu com atraso. "A TAM diz que a responsabilidade é da Air France, que diz que é da TAM. Ninguém nos reacomodou em hotéis e não temos garantia de quando poderemos embarcar".

O carioca Bruno Caldeira, da Cia 2 de Teatro, que deveria participar de um festival na Tunísia, teve seu voo foi cancelado três vezes. Depois de passar duas noites dormindo no "chão de mármore frio" do Charles de Gaulle e mais de 12 horas em uma fila para tentar remarcar a passagem, promete nunca mais viajar com a Air France. "O pior é o descaso, o deboche, o cinismo e a arrogância do pessoal da Air France".

Contatada pela Folha, a Air France argumenta que fez todo o possível para minimizar os problemas causados pela neve. Apesar de não serem obrigados a reembolsar ou reacomodar os passageiros em caso de problemas meteorológicos, a companhia explica ter reservado 10 mil quartos de hotéis e ter enviado mais de 105 mil mensagens por telefone ou email para informar sobre possíveis atrasos e cancelamentos. Entre sábado e segunda-feira, a companhia somente operou 1.441 voos dos 2.266 previstos.

IMPREVISTO

Luiz, Marilda e a filha Débora só conseguiram chegar em Paris, na França, após horas de incerteza e uma inesperada noite em Milão, na Itália. A família Scheuer saiu de São Paulo no último sábado (18) para passar as festas com o filho Tiago.

Já comemoram o feito: o voo da TAM para Paris foi um dos últimos a deixar o Brasil antes dos cancelamentos devido ao caos provocado pela neve nos aeroportos europeus.

Na manhã do domingo, uma hora antes de chegar à capital francesa, souberam pelo piloto que o Aeroporto Charles de Gaulle estava fechado para aterrissagens, e que o voo seria desviado para Milão.

No aeroporto italiano, Débora Scheuer contou que a incerteza se a aeronave seguiria para Paris durou uma hora --sem poder desembarcar, os passageiros aguardaram o anúncio da decisão. Ao fim da espera, brasileiros e franceses foram acomodados num hotel e não reclamam da assistência prestada pela companhia aérea.

Na segunda-feira, mais atrasos. Embarcados uma hora depois do previsto, os passageiros esperam por mais sessenta minutos antes que o avião pudesse decolar rumo a Paris. Já no espaço aéreo francês, o piloto teve que dar voltas até que recebesse autorização para pousar.

AINDA A CAMINHO

Aos milhares de passageiros que tentam chegar onde programaram, se somam o drama vivido por brasileiros nos aeroportos europeus. Dentre eles, o de Gleudson da Silva Junior, de Jaraguá do Sul, Santa Catarina, que está no Aeroporto de Dublin (Irlanda).

O treinador de futebol se programou para evitar contratempos: rejeitou o convite de amigos para passar as festas em Berlim (Alemanha), onde a previsão era de nevasca, e comprou uma passagem diurna para Kaunas, na Lituânia, onde pretende encontrar a namorada russa.

Com a neve que caiu na capital irlandesa na tarde desta terça-feira, a partida prevista para às 16h55 estava atrasada e sem previsão para ocorrer. Gleudson aguardava mais notícias já sala de check-in. Segundo informações do aeroporto, as operações estavam suspensas até a noite desta terça-feira.

Já Madalena Sampaio nem conseguiu chegar ao local de embarque. A jornalista ficou presa na rodovia devido aos acidentes provocados pela neve e perdeu o voo para Portugal --que decolou com atraso. O trajeto de carro de Hamburgo ao aeroporto de Bremem, na Alemanha, leva uma hora em média, mas foi percorrido em cinco. Madalena tentará embarcar na sexta-feira, mas os meteorologistas já avisaram: há 80% de chances de que a neve caia na Alemanha no dia 24 de dezembro.

 

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