Em novo impasse diplomático, EUA cancelam visto de embaixador venezuelano

Atualizado às 22h30.

Os EUA cancelaram o visto do embaixador venezuelano em Washington, Bernardo Álvarez, informou um diplomata nesta quarta-feira. O ato seria uma aparente retaliação dos EUA após a Venezuela ter rejeitado o novo embaixador americano em Caracas.

"Confirmo. Os EUA revogaram o visto do embaixador Bernardo Álvarez", escreveu o vice-chanceler venezuelano, Temir Porras, em sua conta no microblog Twitter, @temirporras. A imagem da página foi divulgada no site do Ministério da Comunicação e Informação da Venezuela.

Estados Unidos e Venezuela retiraram seus respectivos embaixadores entre setembro de 2008 e junho de 2009, como parte de complicadas relações diplomáticas.

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	Mensagem foi escrito pelo vice-chanceler venezuelano, Temir Porras, em sua conta no microblog Twitter

HISTÓRICO

Esse novo impasse diplomático teve início no final de junho, quando o presidente americano, Barack Obama, indicou Larry Palmer como novo embaixador dos EUA em Caracas.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez acusou Palmer de desrespeitar a Venezuela. Durante o processo de ratificação no Senado, Palmer afirmou que na Venezuela existe presença das guerrilhas colombianas e que as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) sofrem influência cubana e têm moral baixo.

Em 18 de dezembro, Chávez prometeu barrar a entrada de Palmer em Caracas, levando os EUA a alertarem para "consequências" para as relações bilaterais.

"Deixamos claro à Venezuela que este tipo de ação teria consequências. Discutimos este tema com as autoridades venezuelanas por meses e avisamos que a negativa teria um impacto nas relações", disse o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip Crowley.

Ontem, o presidente da Venezuela voltou a subir o tom. "Se o governo (em Washington) vai expulsar nosso embaixador, que faça. Se vão cortar relações diplomáticas, que façam."

Nesta quarta-feira, outro porta-voz do Departamento de Estado, Mark Toner, destacou que é do "interesse nacional" dos Estados Unidos a presença de um embaixador americano em Caracas.

Sobre a polêmica envolvendo a negativa de Caracas a Larry Palmer, o porta-voz destacou que "apenas através de uma conversa franca com o governo venezuelano poderemos discutir essas diferenças".

Segundo o Departamento de Estado, o governo americano não tem a intenção de nomear um substituto para Palmer.

CURRÍCULO

Palmer foi encarregado das embaixadas de Honduras e Equador, e dirigiu uma agência americana de cooperação com a América Latina, para substituir Patrick Duddy na sede diplomática em Caracas, acrescentou em um comunicado.

Ele também trabalhou nas embaixadas americanas na República Dominicana, no Uruguai e no Paraguai na região, mas também da Coreia do Sul e de Serra Leoa.

Palmer levantou alguns debates, particularmente em sua mensagens ao senador republicano Richard Lugar. Neste ano, Palmer mostrou sua preocupação sobre a influência de Cuba nos militares de Chávez, e reavivou as acusações americanas de 2008, de que os políticos próximos ao presidente venezuelano ajudaram rebeldes colombianos com fornecimento de armas e nas operações de tráfico de drogas.

Duddy, embaixador em Caracas desde agosto de 2007, deixou a representação diplomática em setembro de 2008, quando os Estados Unidos e a Venezuela retiraram seus embaixadores, em mais um revés para as relações bilaterais.

Em junho de 2009, Washington e Caracas decidiram repor seus embaixadores e Duddy voltou ao cargo, mas as relações entre os dois países não tiveram maiores avanços.

Chávez é um crítico feroz de Obama e chegou a chamá-lo de mentiroso por dizer que mudaria as relações com a América Latina, afetadas durante o governo de seu antecessor em Washington, George W. Bush.
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