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22/01/2011 - 10h13

UE diz estar decepcionada com Irã após fracasso de diálogo nuclear

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Catherine Ashton, intermediária do grupo 5+1, afirmou em uma entrevista coletiva ter ficado "decepcionada" com os dois dias de diálogo nuclear com delegação iraniana. Ela afirmou que o Irã não está preparado a aceitar um acordo para a troca de combustível nuclear e que não aceita fazer nenhuma concessão.

As potências do P5+1 --os cinco países-membros do Conselho de Segurança da ONU (Estados Unidos, China, Rússia, Reino Unido, França) mais a Alemanha-- acusam Irã de desenvolver armamentos militares e exigem que o país encerre o enriquecimento de urânio, que a 90% pode ser usado em bombas atômicas. Teerã nega as acusações e diz que usa seu programa nuclear apenas para gerar energia e produzir isótopos médicos, para tal enriquecendo urânio a 20%.

Os dois lados retomaram nos últimos dois dias o diálogo nuclear e as potências esperavam um sinal claro de que a República Islâmica aceitaria um envolvimento que resulte em maior confiança mútua, mesmo que sem avanços substanciais imediatos.

Ashton disse em entrevista a jornalistas que o Irã só aceita um acordo sob condição de que todas as sanções sejam derrubadas e que o país não seja obrigado a interromper o enriquecimento de urânio, este último uma questão tida como fundamental pelos Estados Unidos.

A diplomata europeia instou ainda o Irã a ser pragmático e aceitar à oferta renovada, pela qual o país entregaria urânio baixamente enriquecido, e em troca receberia urânio enriquecido até o grau necessário para o uso em um reator de pesquisas médicas.

Uma proposta similar foi feita em outubro de 2009, mas o Irã rejeitou alegadamente pela falta de garantias de que o urânio enviado para enriquecimento no exterior seria efetivamente devolvido.

A ideia da troca de material nuclear, que não está diretamente relacionada às atividades mais polêmicas do Irã, é criar um ambiente de confiança para avançar nas questões mais espinhosas do litígio.

A produção em grande escala de urânio enriquecido é o principal empecilho para uma aproximação, já que os Estados Unidos e a UE temem que o Irã utilize o material não só para fins civis, mas também militares.

Em 17 de maio, o Irã chegou a assinar um acordo para a troca de urânio pouco enriquecido por combustível nuclear, sob a mediação de Brasil e Turquia, no que o presidente Luís Inácio Lula da Silva chamou de uma 'vitória da diplomacia'. As potências rejeitaram o acordo, dizendo que não incluía garantias de que o país não mais enriqueceria urânio em seu território. Em 9 de junho, o Conselho de Segurança da ONU aprovou uma quarta rodada de sanções contra o país persa.

TENSÃO COM OS EUA

Nesta sexta-feira, durante o primeiro dia de reuniões, ficaram evidentes as fortes diferenças entre as partes. O principal desencontro esteve centrado no fato de o Irã ter imposto como condições à negociação o fim das sanções internacionais e o respeito ao seu direito de enriquecer urânio, pedidos considerados inaceitáveis pelos Estados Unidos.

As perspectivas de progresso ficaram ainda mais distantes por causa da aparente relutância do Irã em aceitar uma reunião bilateral de Jalili com a delegação norte-americana, comandada pelo subsecretário de Estado William Burns.

Jalili se reuniu separadamente com Ashton e com representantes da Rússia e depois da China. Na noite de sexta-feira (à tarde no Brasil), teve início uma sessão plenária com os envolvidos.

Um diplomata ocidental disse que Jalili não se manifestou sobre o encontro com Burns. Contatos oficiais entre representantes de Irã e EUA -- que não mantêm relações diplomáticas há mais de 30 anos -- são raros e habitualmente cercados de sigilo.

A TV estatal iraniana disse que o resultado da reunião de Jalili com a delegação chinesa seria crucial para a continuidade do diálogo.

As potências veem com impaciência a diplomacia errática do Irã, e esperam um sinal claro de que a República Islâmica aceitaria um envolvimento que resulte em maior confiança mútua, mesmo que sem avanços substanciais imediatos.

As conversas se prolongaram até perto da meia-noite, quando foram interrompidas para prosseguirem neste sábado. O que os diplomatas dizem é que os iranianos estão dispostos a "continuar discutindo" o programa nuclear, embora sem abrir mão do que consideram seus direitos soberanos.

Um assessor de Jalili afirmou que haverá uma nova rodada de negociações, embora não haja data ou local definidos.

 

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