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Egito flexibiliza toque de recolher; protestos continuam
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Autoridades do Egito anunciaram nesta segunda-feira a flexibilização do toque de recolher que foi implantado em 28 de janeiro em razão dos protestos pelo fim do regime do ditador do país, Hosni Mubarak.
Segundo a imprensa estatal, a imposição agora implementada das 20h às 6h; anteriormente, o toque de recolher começava às 19h.
Nesta segunda-feira, 14º dia dos protestos, os manifestantes antigoverno permanecem na praça Tahrir, centro do Cairo, e dizem que, apesar do diálogo iniciado entre governo e oposição no dia anterior, não sairão do local até que o ditador do país, Hosni Mubarak, deixe o poder.
Mais de 2.000 pessoas acamparam na praça à noite, usando cobertores e barracas feitas de plástico. Alguns dormiram enquanto outros ficaram deitados sobre cobertores e ouviam músicas nacionais e revolucionárias que eram transmitidas de alto-falantes.
Khaled El Fiqi/Efe | ||
manifestantes egípcios antigoverno permanecem pelo 14º dia seguido na praça Tahrir, centro do Cairo |
Os tanques blindados do Exército também serviram de cama para alguns manifestantes. Algumas barricadas ainda não foram desmanteladas e veículos incendiados não foram removidos.
Muitos dos jovens criticaram as negociações iniciadas no domingo entre o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, e grupos da oposição --incluindo a Irmandade Muçulmana--, afirmando que elas são inaceitáveis. Os manifestantes prometeram continuar na praça Tahrir até que Mubarak deixe o poder.
"Não sairemos daqui até que ele saia. Sangue não foi derramado para se chegar a nada", afirmou o engenheiro de obras públicas Salah Ahmed Mohamed, sentado em uma das calçadas da praça que virou símbolo dos protestos contra o regime de Mubarak.
Mohamed disse acreditar que o ditador "não pode fazer em seis meses o que não fez em 30 anos". "Ele é o principal responsável pelo que ocorre no país."
Após as negociações de ontem, o governo disse em comunicado que as partes concordaram em traçar um mapa do caminho das discussões, indicando que Mubarak permanecerá no poder para comandar a transição.
O futuro da Constituição egípcia esteve no centro das conversas. O governo fez ofertas de concessões que incluem reformas constitucionais, liberdade de imprensa e um eventual fim da Lei de Emergência, em vigor desde 1981.
Abdel Monem Aboul Fotouh, membro sênior da Irmandade Muçulmana, disse que o comunicado do governo representa "boas intenções, mas não inclui mudanças sólidas."
Falando à TV NBC, dos Estados Unidos, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, que emergiu como porta-voz da oposição diversificada, que inclui o movimento islâmico banido Irmandade Muçulmana, chamou o diálogo de "opaco".
"No momento atual, ninguém sabe quem está falando com quem. Tudo é controlado pelos militares, e isso é parte do problema", disse ElBaradei. "O presidente é militar, o vice-presidente é militar, o primeiro-ministro é militar."
PRESSÃO
Indagado sobre as conversações, Mohamed Adel, do Movimento 6 de Abril, que tem estado ao cerne dos protestos, disse: "Estão evitando atender às reivindicações do povo".
Antes das conversações, a liderança do governista Partido Nacional Democrático, incluindo o filho do presidente, Gamal, renunciou, em iniciativa que, segundo a Irmandade Muçulmana, visou "sufocar a revolução".
Ativistas da oposição rejeitam qualquer solução conciliatória pela qual Mubarak entregaria o poder a Suleiman mas cumpriria seu mandato até o final, essencialmente dependendo do velho sistema autoritário para abrir o caminho para uma democracia civil plena e evitando humilhar o presidente.
Mubarak, que rejeita pressão interna e da comunidade internacional para deixar o poder, tenta focar na restauração da ordem. Nesta segunda-feira, o novo gabinete deve fazer sua primeira reunião desde os protestos.
Os EUA apoiam as conversações entre o vice-presidente Omar Suleiman, que foi durante anos o chefe dos serviços de inteligência, e grupos oposicionistas, mas deixou claro que é preciso dar tempo para o diálogo.
Emilio Morenatti/AP | ||
Funcionário público (centro) discute com manifestantes que o impediam de chegar ao principal prédio do governo no Cairo |
14º DIA
Apesar de os manifestantes ainda não terem tido suas principais demandas atendidas, muitos egípcios que não estavam diretamente envolvidos nas manifestações seguiram seu exemplo para tentar alcançar o que, segundo eles, são seus direitos políticos.
Centenas de pessoas pedindo apartamentos mais baratos protestaram em frente a um escritório do governo nesta segunda-feira. Muitos passaram horas no local com suas fichas de inscrição. Se não conseguissem entrar no escritório, alguns prometeram juntar-se ao protesto central, na praça Tahrir.
Em Alexandria, a segunda maior cidade egípcia, manifestantes foram às ruas em pequeno número, mas disseram estar preparando grandes protestos para terça-feira e sexta-feira.
A grande maioria das lojas estava aberta na cidade nesta segunda-feira, com a população começando a retornar a suas vidas normais.
O mesmo acontece na cidade industrial de Suez, que foi palco dos protestos mais violentos, onde também há protestos grandes programados para terça e sexta.
Escolas e universidades públicas continuam fechadas nesta semana.
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