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07/02/2011 - 12h03

Egito flexibiliza toque de recolher; protestos continuam

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Autoridades do Egito anunciaram nesta segunda-feira a flexibilização do toque de recolher que foi implantado em 28 de janeiro em razão dos protestos pelo fim do regime do ditador do país, Hosni Mubarak.

Segundo a imprensa estatal, a imposição agora implementada das 20h às 6h; anteriormente, o toque de recolher começava às 19h.

Nesta segunda-feira, 14º dia dos protestos, os manifestantes antigoverno permanecem na praça Tahrir, centro do Cairo, e dizem que, apesar do diálogo iniciado entre governo e oposição no dia anterior, não sairão do local até que o ditador do país, Hosni Mubarak, deixe o poder.

Mais de 2.000 pessoas acamparam na praça à noite, usando cobertores e barracas feitas de plástico. Alguns dormiram enquanto outros ficaram deitados sobre cobertores e ouviam músicas nacionais e revolucionárias que eram transmitidas de alto-falantes.

Khaled El Fiqi/Efe
manifestantes egípcios antigoverno permanecem pelo 14º dia seguido na praça Tahrir, centro do Cairo
manifestantes egípcios antigoverno permanecem pelo 14º dia seguido na praça Tahrir, centro do Cairo

Os tanques blindados do Exército também serviram de cama para alguns manifestantes. Algumas barricadas ainda não foram desmanteladas e veículos incendiados não foram removidos.

Muitos dos jovens criticaram as negociações iniciadas no domingo entre o vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, e grupos da oposição --incluindo a Irmandade Muçulmana--, afirmando que elas são inaceitáveis. Os manifestantes prometeram continuar na praça Tahrir até que Mubarak deixe o poder.

"Não sairemos daqui até que ele saia. Sangue não foi derramado para se chegar a nada", afirmou o engenheiro de obras públicas Salah Ahmed Mohamed, sentado em uma das calçadas da praça que virou símbolo dos protestos contra o regime de Mubarak.

Mohamed disse acreditar que o ditador "não pode fazer em seis meses o que não fez em 30 anos". "Ele é o principal responsável pelo que ocorre no país."

Após as negociações de ontem, o governo disse em comunicado que as partes concordaram em traçar um mapa do caminho das discussões, indicando que Mubarak permanecerá no poder para comandar a transição.

O futuro da Constituição egípcia esteve no centro das conversas. O governo fez ofertas de concessões que incluem reformas constitucionais, liberdade de imprensa e um eventual fim da Lei de Emergência, em vigor desde 1981.

Abdel Monem Aboul Fotouh, membro sênior da Irmandade Muçulmana, disse que o comunicado do governo representa "boas intenções, mas não inclui mudanças sólidas."

Falando à TV NBC, dos Estados Unidos, o Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei, que emergiu como porta-voz da oposição diversificada, que inclui o movimento islâmico banido Irmandade Muçulmana, chamou o diálogo de "opaco".

"No momento atual, ninguém sabe quem está falando com quem. Tudo é controlado pelos militares, e isso é parte do problema", disse ElBaradei. "O presidente é militar, o vice-presidente é militar, o primeiro-ministro é militar."

PRESSÃO

Indagado sobre as conversações, Mohamed Adel, do Movimento 6 de Abril, que tem estado ao cerne dos protestos, disse: "Estão evitando atender às reivindicações do povo".

Antes das conversações, a liderança do governista Partido Nacional Democrático, incluindo o filho do presidente, Gamal, renunciou, em iniciativa que, segundo a Irmandade Muçulmana, visou "sufocar a revolução".

Ativistas da oposição rejeitam qualquer solução conciliatória pela qual Mubarak entregaria o poder a Suleiman mas cumpriria seu mandato até o final, essencialmente dependendo do velho sistema autoritário para abrir o caminho para uma democracia civil plena e evitando humilhar o presidente.

Mubarak, que rejeita pressão interna e da comunidade internacional para deixar o poder, tenta focar na restauração da ordem. Nesta segunda-feira, o novo gabinete deve fazer sua primeira reunião desde os protestos.

Os EUA apoiam as conversações entre o vice-presidente Omar Suleiman, que foi durante anos o chefe dos serviços de inteligência, e grupos oposicionistas, mas deixou claro que é preciso dar tempo para o diálogo.

Emilio Morenatti/AP
Funcionário público (centro) discute com manifestantes que o impediam de chegar ao principal prédio do governo no Cairo
Funcionário público (centro) discute com manifestantes que o impediam de chegar ao principal prédio do governo no Cairo

14º DIA

Apesar de os manifestantes ainda não terem tido suas principais demandas atendidas, muitos egípcios que não estavam diretamente envolvidos nas manifestações seguiram seu exemplo para tentar alcançar o que, segundo eles, são seus direitos políticos.

Centenas de pessoas pedindo apartamentos mais baratos protestaram em frente a um escritório do governo nesta segunda-feira. Muitos passaram horas no local com suas fichas de inscrição. Se não conseguissem entrar no escritório, alguns prometeram juntar-se ao protesto central, na praça Tahrir.

Em Alexandria, a segunda maior cidade egípcia, manifestantes foram às ruas em pequeno número, mas disseram estar preparando grandes protestos para terça-feira e sexta-feira.

A grande maioria das lojas estava aberta na cidade nesta segunda-feira, com a população começando a retornar a suas vidas normais.

O mesmo acontece na cidade industrial de Suez, que foi palco dos protestos mais violentos, onde também há protestos grandes programados para terça e sexta.

Escolas e universidades públicas continuam fechadas nesta semana.

 

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