Sarkozy pede que ministros privilegiem a França nas férias

O presidente francês, Nicolas Sarkozy, anunciou nesta quarta-feira que seus ministros deverão privilegiar a França como destino de férias, e que a partir de agora os convites para o exterior para membros do gabinete deverão ser autorizados pelo primeiro-ministro, François Fillon.

"A partir de agora, para suas férias, os membros do governo deverão privilegiar a França", afirmou Sarkozy, em uma declaração divulgada pela Presidência ao término do conselho semanal de ministros, tentando resolver a polêmica de terça-feira.

Fillon admitiu em um comunicado ter utilizado no feriado do Natal um avião do ditador egípcio, Hosni Mubarak, que também se encarregou da hospedagem do primeiro-ministro e sua família no Egito.

"Devemos imperativamente favorecer a difusão de uma verdadeira cultura da deontologia na vida pública francesa", declarou Sarkozy, reconhecendo que "as exigências contemporâneas em matéria de moral pública".

Fillon deve apresentar ainda hoje um comunicado com regras de "prevenção de conflitos de interesses" para os membros do gabinete.

A polêmica provocada pelas férias de Fillon no Egito, semanas antes da rebelião popular que exige a renúncia de Mubarak, no poder há 30 anos, somou-se às críticas enfrentadas pelo governo francês após a revelação de que a ministra das Relações Exteriores Michele Alliot-Marie passou as férias em circunstâncias parecidas na Tunísia.

A chefe da diplomacia francesa utilizou duas vezes o avião particular de um amigo do ditador tunisiano deposto Zine el Abidine Ben Ali.

A líder socialista, Martine Aubry, não deixou de expressar sua "consternação" por Fillon ter passado suas férias "financiadas por Mubarak", o que, segundo ela, mostra que "o governo perdeu o sentido do espírito livre".

Espera-se que Sarkozy, que passou suas férias de Natal no Marrocos, aborde o tema em uma participação na TV com um grupo de cidadãos, programada para a noite de quinta-feira.

No ano passado, o chefe de Estado já havia estabelecido uma série de regras sobre o uso dos fundos públicos por membros de seu governo após outra polêmica --dois secretários de Estado que realizaram gastos imprudentes e tiveram que deixar seus cargos.