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10/02/2011 - 11h49

Greves se espalham em 17º dia de protesto antigoverno no Egito

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Milhares de egípcios entraram em greve nesta quinta-feira no Egito para demandar melhores salários, elevando a pressão sobre o governo do ditador Hosni Mubarak no 17º de protestos que pedem sua renúncia imediata.

Trabalhadores de diversos setores iniciaram greves em todo o país, incluindo funcionários do setor petrolífero, ferroviário e de telecomunicações.

Milhares de manifestantes continuam na praça Tahrir, no centro do Cairo, prometendo não desistir até que o mandatário, que está há 30 anos no poder, deixe o cargo.

Andre Pain/Efe
Estudantes de medicina e médicos participam de protesto na praça Tahrir, centro do Cairo
Estudantes de medicina e médicos participam de protesto na praça Tahrir, centro do Cairo

Organizadores prometeram um novo megaprotesto para esta sexta-feira, esperando repetir o de terça, que levou mais de 250 mil pessoas para a praça e ajudou a revitalizar o movimento.

Khaled Abdel-Hamid, falando em nome de uma coalizão de grupos que estão por trás dos protestos, disse que eles querem que os egípcios apareçam em seis manifestações diferentes nas principais praças do Cairo, de onde marcharão para a Tahrir, que tem sido o epicentro das demonstrações.

Desde terça-feira, protestos pedindo pela renúncia de Mubarak têm se espalhado para fora da praça Tahrir. Greves também surgiram em diversos setores --entre ferroviários e funcionários de ônibus, energia elétrica e técnico no canal de Suez, em fábricas têxteis, de aço e bebidas e hospitais.

Testemunhas viram centenas de médicos em jalecos brancos marchando a partir do hospital Qasr el-Aini até a praça, cantando: "Juntem-se a nós, egípcios".

As greves estão sendo realizadas apesar de um alerta feito pelo vice-presidente Omar Suleiman de que chamados por desobediência civil são "muito perigosos para a sociedade".

As classes baixas são muito dependentes do transporte público e a greve ameaça ser um novo golpe contra uma já duramente atingida economia.

Ali Fatou, um motorista de ônibus no Cairo, disse que os ônibus foram trancados nas garagens e não serão tirados de lá "até que alcancemos nossas demandas", que incluem aumento salariais. Ele afirmou que organizadores pediram para todos os 62 mil funcionários em transporte aderirem ao protesto.

No entanto, alguns ônibus foram vistos circulando nas ruas nesta quinta-feira e não está claro quão espalhada a greve está.

Mustafa Mohammed, 43, motorista de ônibus desde 1997 e que recebe cerca de 550 libras egípcias (R$ 154), disse que os egípcios merecem uma vida melhor.

Suhaib Salem/Reuters
Manifestantes antigoverno fazem oração em frente ao prédio do Parlamento no Cairo, no 17º dia de protestos
Manifestantes antigoverno fazem oração em frente ao prédio do Parlamento no Cairo, no 17º dia de protestos

"Estamos imersos em dívidas", afirmou ao aderir a um protesto do lado de fora de um prédio governamental. "Vamos ficar até que nossas demandas sejam atendidas. Se não forem atendidas, iremos para a Tahrir e acampar lá."

Ele disse que o governo enviou um sênior funcionário para "nos jogar um osso" com um bônus de férias, mas que isso não é o suficiente.

FORTUNA

Os egípcios têm se enfurecido com reportagens de jornais de que a família de Mubarak acumulou uma fortuna de bilhões, talvez bilhões de dólares, enquanto, segundo o Banco Mundial, cerca de 40% dos 80 milhões de habitantes do país vivem abaixo ou perto da linha da pobreza, com US$ 2 por dia. A verdade sobre a fortuna da família Mubarak não é conhecida.

Os manifestantes que enchem as ruas do Cairo e de outras cidades desde 25 de janeiro já representam o maior desafio ao regime autoritário de Mubarak desde que ele chegou ao poder, em 1981.

O governo tem feito promessas de concessões e reformas; um novo gabinete tomou posse e a liderança do partido governante foi expurgada, mas Mubarak se recusa a deixar o poder antes das eleições de setembro.

A ONG Human Rights Watch disse que cerca de 300 pessoas foram mortas desde que os protestos começaram.

A Casa Branca alertou os líderes egípcios a esperar grandes protestos a não ser que eles comecem a mostrar reformas reais e uma transição para uma sociedade mais livre, criticando as reformas anunciadas até agora por não terem atendido ainda o mínimo que a população espera.

Suhaib Salem/Reuters
Menino grita frases antigoverno com bandeira do Egito nas mãos em frente ao Parlamento do Egito, no Cairo
Menino grita frases antigoverno com bandeira do Egito nas mãos em frente ao Parlamento do Egito, no Cairo

Funcionários do governo do presidente Barack Obama também tem sido cada vez mais contundentes ao descrever os limites de seu poder, reassegurando que os EUA não desejam ditar os eventos no Egito --e que não podem fazê-lo.

"Não vamos ser capazes de forçá-los a fazer nada", afirmou o porta-voz da Casa Branca, Robert Gibbs, a repórteres na quarta-feira.

Mesmo assim, Gibbs e outros funcionários americanos pediram aos líderes egípcios que acabem com a perseguição de ativistas e jornalistas, que ampliem a composição das negociações com líderes da oposição, que levantem uma restritiva lei de emergência e que realizem uma série de outras ações que o governo Obama tem pedido há dias.

 

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