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Exército do Bahrein assume capital para assegurar ordem
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O Exército do Bahrein informou nesta quinta-feira que assumiu o controle da maior parte da capital do país do golfo Pérsico, Manama, e que os protestos na cidade estão proibidos. O anúncio foi feito após o governo ter decretado estado de emergência em todo o país para tentar aplacar os protestos da população xiita que, há quatro dias, pede nas ruas por reformas de segurança.
O anúncio, feito na TV estatal bareinita por um porta-voz do Ministério do Interior, informou ainda que o Exército irá tomar todas as ações necessárias para garantir a segurança e está ordenando a população a evitar áreas centrais de Manama, a capital do país do golfo Pérsico.
"As forças de segurança reforçaram que irão tomar todas as medidas estritas e dissuasão necessárias para preservar a segurança e a ordem geral", afirmou um porta-voz do ministério na TV.
Mazen Mahdi/Efe | ||
Policiais chegam à praça Pearl, no centro de Manama, de madrugada para expulsar manifestantes antigoverno |
O porta-voz disse ainda que as forças de defesa também velam pela "manutenção da liberdade" e pela defesa das propriedades.
Na madrugada desta quinta-feira, forças de segurança invadiram sem aviso prévio a praça Pearl, com o apoio de tanques e veículos blindados, para expulsar com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha milhares de manifestantes antigoverno.
Ao menos quatro pessoas morreram e cem ficaram feridas, elevando a seis o número de mortos durante quatro dias de protestos. O parlamentar xiita de oposição Ibrahim Mattar disse que cerca de 60 pessoas estão desaparecidas após a operação das forças de segurança.
A polícia mantém cercada a praça Pearl, apoiada por blindados do Exército. Segundo autoridades, um total de 50 policiais ficaram feridos nos confrontos com os manifestantes. Destes, 27 estão em estado grave e dois em estado muito grave.
Milhares de manifestantes xiitas saíram às ruas do país nesta semana pedindo reformas políticas e melhorias econômicas no país, onde uma família de muçulmanos sunitas governa uma população que é majoritariamente xiita.
Centenas de pessoas acamparam na praça Pearl, um cruzamento na capital que eles pretendiam transformar em base dos protestos como aconteceu com a praça Tahrir, no Cairo, que levou à renúncia do ditador egípcio, Hosni Mubarak, na última sexta-feira.
Mas a praça bareinita estava praticamente vazia no início desta manhã, depois de a polícia ter invadido o local, que estava cheio de barracas abandonas, cobertores e lixo, O cheiro de gás lacrimogêneo pairava no ar.
"Eu estava lá. Os homens estavam correndo, mas as mulheres e as crianças não podiam correr tão facilmente", disse o parlamentar Mattar.
Mahmoud Mansouri, um manifestante, disse que a polícia cercou a praça e então, rapidamente, a invadiu. "Gritamos 'estamos em paz! Paz!'. Mulheres e crianças foram atacadas como o resto de nós", contou. "Eles se moveram assim que a imprensa nos deixou. Eles sabiam o que estavam fazendo."
O médico Sadek Akikri, 44, disse que estava atendendo manifestantes em uma tenda improvisada quando a polícia a invadiu. Ele contou ter sido amarrado e espancado.
Tony Mitchell/AP | ||
Imagem de vídeo mostra veículos blindados seguindo para a praça Pearl, em Manama, ocupada por manifestantes |
"Eles estavam me espancando tão forte que eu não podia mais ver. Tinha muito sangue escorrendo da minha cabeça", contou.
AO ESTILO EGÍPCIO
Os manifestantes começaram a acampar no local na última terça-feira, debaixo de um monumento de 90 metros representando uma pérola gigante (pearl, em inglês, significa pérola), fazendo da praça o centro nervoso dos primeiros protestos antigoverno que atingiram o golfo Pérsico desde as revoltas populares na Tunísia e no Egito.
O Parlamento do Bahrein se reuniu em uma sessão de emergência. Um membro pró-governo, Jamila Salman, derramou lágrimas.
Muitas famílias foram separadas no caos. Um fotógrafo da Associated Press viu policiais reunindo crianças perdidas e as levando para veículos.
O correspondente da rede americana ABC News, Miguel Marquez, foi apanhado no meio da multidão e espancado por homens que levavam cassetetes. No entanto, ele não teve ferimentos graves.
Funcionários de hospitais, falando sob condição de anonimato porque não estavam autorizados a conversar com a imprensa, afirmaram que quatro pessoas foram mortas nesta terça-feira. O número de feridos chega a dezenas --o espanhol "El País" cita 300.
Choques esporádicos entre policiais e manifestantes continuaram pela manhã, com antigovernistas jogando pedras e depois recuando. Um grupo de jovens homens quebrou o pavimento para conseguir mais pedras.
Um corpo coberto com um lençol branco estava em meio a uma poça de sangue em uma rua localizada a 20 metros da praça.
Tanques e veículos blindados eram vistos em algumas ruas --o primeiro sinal de envolvimento militar na crise-- e autoridades enviaram uma mensagem de texto para telefones celulares que dizia: 'O Ministério do Interior alerta todos os cidadãos e residentes para não saírem de casa devido a conflito potencial em todas as áreas do Bahrein'.
INÍCIO
Os protestos no Bahrein começaram na última segunda-feira como um pedido para que a monarquia sunita que comanda o país afrouxe o controle, incluindo não indicar mais pessoas para os cargos governamentais mais altos e abrir mais oportunidades para a população xiita, que é maioria no país e há muito reclama de ser excluída do processo de tomada de decisões.
Joseph Eid/AFP | ||
Forças de segurança do Bahrein, ao fundo, fazem guarda na praça Pearl após a expulsão de manifestantes |
Mas as demandas rapidamente ficaram maiores. Muitos manifestantes pedem que o governo ofereça mais empregos, melhores moradias e liberte todos os prisioneiros políticos. Eles também gritam frases contra a monarquia que tem liderado o Bahrein por mais de 200 anos.
Chamados feitos por meio de redes sociais na internet pressionam para que a população leve adiante os protestos, além de estarem cheias de insultos por parte de supostos partidários do governo que chamam os manifestantes de traidores e de agentes do xiita Irã.
O líder do maior bloco político xiita, xeque Ali Salman, afirmou que não há pedidos por um papel do islã na política. "Não estamos buscando um governo religioso como o do Irã, mas queremos um governo civil que represente xiitas e sunitas", afirmou em uma entrevista coletiva.
O grupo, o Al Wefaq, tem 18 cadeiras em um Parlamento composto por 40, mas boicotou a Casa em protesto pela violência contra os manifestantes.
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