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Gaddafi participa de carreata; centenas protestam no leste da Líbia
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
O ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, participou de uma carreata pela capital do país, Trípoli, cumprimentando uma multidão de partidários em um momento em que o líder tenta atrair mais apoio em meio a relatos de que protestos antirregime, inspirados nas revoltas da Tunísia e do Egito que derrubaram seus governantes, se espalham pelo país.
Demonstrações anti-Gaddafi ocorreram em diversas cidades da Líbia nesta semana, principalmente no leste. Nesta sexta-feira, a ONG Human Rights Watch, sediada em Nova York, denunciou que 24 pessoas foram mortas em confrontos na quarta e na quinta-feira.
Gaddafi passou de carro aberto lentamente pelas ruas de Trípoli na noite de quinta-feira. Em imagens divulgadas pela Tv líbia, a carreata estava cercada de partidários do ditador. Alguns tentavam chegar a Gaddafi e apertas suas mãos. "Não queremos nenhum outro líder que não seja Gaddafi", uma mulher gritou.
Na cidade de Benghazi, no leste do país, centenas de manifestantes acamparam nesta sexta-feira no centro. Chamados para participar de procissões dos funerais dos mortos em confrontos com forças pró-governo se espalharam pela rede social Facebook e outros sites.
Um dos manifestantes, Nizar Jebail, dono de uma agência de publicidade, disse ter passado a noite em frente ao prédio do tribunal da cidade. Ele disse não querer apenas reformas, "mas liberdade e igualdade".
"Há advogados, juízes, homens e algumas mulheres aqui, pedindo a saída de Gaddafi. Quarenta e dois anos de ditadura são suficientes", afirmou. "Não temos tendas ainda mas moradores têm nos dado cobertores e comida. Aprendemos com a Tunísia e o Egito."
A onda de protestos que se espalha pelo Oriente Médio tem gerado uma pressão sem precedentes sobre líderes que, como Gaddafi, têm estado no poder por décadas.
Como no Egito e no Iêmen, no entanto, partidários do governo líbio entram em confronto com manifestantes, e Jebail disse que seu irmão e seu sobrinho estão em condição crítica de saúde após terem sido espancados.
Outras testemunhas no distrito Berka, em Benghazi, disseram que refugiados africanos com fotos de Gaddafi e bandeiras verdes foram levados de ônibus, cantando: "vida longa a Gaddafi".
A tentativa de melhorar a imagem de Gaddafi ocorre em um momento em que a oposição líbia afirma que, em algumas cidades, a polícia tem partido para o confronto com os manifestantes.
Segundo Mohammed Ali Abdullah, vice-líder da exilada Frente Nacional pela Salvação da Líbia, devido ao fato de a polícia local e moradores na cidade de Al Bayda serem da mesma tribo, "era impossível para a polícia atacar seu próprio povo". Sua declaração não pode ser verificada de forma independente.
DITADOR
Gaddafi governa a Líbia desde 1969 e é o mais veterano líder africano. Agora o país começa a sentir os efeitos das revoltas que recentemente derrubaram ditaduras nos vizinhos Egito e Tunísia.
Na Líbia, o golpe militar que levou o coronel ao poder em 1969 é chamado de revolução.
Sem citar os distúrbios, Gaddafi declarou numa entrevista divulgada na quarta-feira que "os revolucionários" --seus partidários-- irão prevalecer. "Abaixo os inimigos, abaixo em todo lugar; abaixo os fantoches em todo lugar, os fantoches estão caindo, as folhas do outono estão caindo", afirmou ele, segundo a BBC. "Os fantoches dos EUA, os fantoches do sionismo estão caindo."
Nesta quarta-feira, os Estados Unidos pediram que o regime do ditador Gaddafi, há 42 anos no poder, assim como os de outros países atingidos por protestos, atendam às demandas sociais.
"Os países da região têm o mesmo tipo de objetivos em termos demográficos, aspirações do povo e necessidade de reformas", disse em coletiva de imprensa o porta-voz do Departamento de Estado americano, Philip J. Crowley.
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