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Premiê da Tunísia enfrenta quebra-cabeça para formar governo
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MIGUEL ALBARRACÍN
DA EFE, EM TÚNIS
O primeiro-ministro tunisiano, Beji Caid Essebsi, tem um complicado quebra-cabeças para resolver, cujo resultado deveria ser a formação de um novo Executivo de transição que leve a Tunísia em direção a um processo democrático.
Essebsi se reuniu nesta quarta-feira na capital tunisiana com o presidente do governo espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, o primeiro dirigente europeu que visita a Tunísia desde o triunfo da revolução popular em 14 de janeiro, que depôs o então ditador, Zine El Abidine Ben Ali.
Zapatero encorajou Essebsi a seguir com sua tarefa, considerada realmente complicada já que quatro ministros abandonaram o governo nos dois últimos dias.
O primeiro-ministro realiza nesta quarta-feira intensas gestões para obter o apoio de personalidades que queiram se unir ao executivo de transição.
Fontes governamentais tunisianas disseram à agência Efe que uma dessas personalidades poderia ser Abdelsatar Ben Nour, diretor da rede de televisão Nessma TV, que tem como um dos acionistas o primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi.
Na segunda-feira renunciaram os ministros da Indústria, Aziz Chlabi, e da Cooperação Internacional, Mohammed Nouri Yuini, ambos pertencentes ao Reunião Constitucional Democrática (RCD), o partido de Ben Ali. Na terça-feira, foi a vez dos titulares de Educação Superior, Ahmed Ibrahim, do Movimento pela Renovação, e de Najib Chebbi, do Partido Democrata Progressista.
A todas estas demissões é preciso somar a protagonizada no domingo passado pelo anterior chefe do Executivo, Mohamed Ghannouchi, que foi substituído por Essebsi, e acusado por alguns ministros demissionários de ter imobilizado o governo de transição.
Esta é a opinião de Ahmed Ibrahim, que em declarações à Efe acusou Ghannouchi de o forçá-lo a deixar o governo, já que "relegou os ministros a um papel decorativo".
O político esquerdista indicou que tomou a decisão definitiva de renunciar após os violentos incidentes que sacudiram no fim de semana passado a capital tunisiana, que foi palco de constantes enfrentamentos entre manifestantes e forças de segurança.
A má gestão, de acordo com Ibrahim, feita pelo Ministério do Interior tunisiano sobre a maneira de controlar os incidentes e os grupos que os provocaram, o levou finalmente a renunciar, ressaltou.
O Movimento pela Renovação "agora dará um apoio crítico" ao governo e também ao denominado Alto Conselho para a Proteção da Revolução, instância que agrupa a maior parte das forças políticas e sociais tunisianas que contribuíram para a queda de Ben Ali.
Existem divergências sobre o papel que o movimento deve desempenhar no processo de transição tunisiano, pois enquanto muitos de seus componentes advogam para que tenha um papel decisório, outras forças, como o próprio Movimento de Renovação, sustentam que seu papel deveria ser meramente consultivo.
Segundo Ibrahim, se o Alto Conselho for dotado de poder decisório, "debilitará o governo" em sua tarefa de realizar uma transição sólida rumo à democracia.
Por outro lado, as organizações patronais tunisianas já começaram a exigir movimentos claros ao governo que sirvam de mensagem para reativar a economia nacional, virtualmente paralisada desde a saída de Ben Ali.
MAIS PROTESTOS
Centenas de pessoas convocadas pelas organizações empresariais e patronais agrárias se manifestaram nesta quarta-feira na capital tunisiana exigindo uma rápida reativação da economia do país, cujo estado qualificam de "péssimo".
Um representante da patronal tunisiana que pediu anonimato, disse que "todos apoiamos o processo democrático" iniciado após a revolução que depôs Ben Ali.
No entanto, ressaltou, "a situação econômica é péssima e é necessário trabalhar já" para que a economia tunisiana recupere a força.
O representante da patronal disse que o governo de transição ainda não os convocou para nenhuma reunião "e só dialoga com a UGTT", a União Geral de Trabalhadores da Tunísia, a maior central do país e um dos principais responsáveis pelo processo de transição iniciado após a queda de Ben Ali.
"A economia da Tunísia não se levantará só com a atuação dos sindicatos; é necessário que se leve em conta também as organizações empresariais", manifestou.
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