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Tunísia cria base para conter refugiados da Líbia
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SAMY ADGHIRNI
ENVIADO ESPECIAL A RAS JEDIR (TUNÍSIA)
Autoridades tunisianas transformaram um descampado de terra arenosa à beira da estrada em base de comando e apoio logístico aos esforços para acolher os operários estrangeiros que fogem da tensão na Líbia.
A área é considerada a última barreira contra a crise humanitária que a ONU classifica como iminente -devido à entrada abrupta de dezenas de milhares de pessoas na pequena e árida Tunísia.
A base foi montada a 6 km da divisa com a Líbia -não perto demais da fronteira, tida como perigosa, e longe o bastante para evitar que os migrantes cheguem em massa à cidade mais próxima, Benguirdane, a 20 km.
Os migrantes são trazidos de ônibus da fronteira até o campo, onde aguardam, às vezes por dias, para serem repatriados pelos governos de seus países ou por organismos internacionais.
A impressão ontem era de que a situação sanitária e de segurança no campo ainda estava sob controle, apesar da sujeira e do mau cheiro.
A área tem dezenas de barracas do Alto Comissariado da ONU para Refugiados. Praticamente só há homens, com idades entre 20 e 30 anos - a maioria egípcios.
Todos trabalhavam na Líbia, onde eram vistos como mão de obra barata e dócil.
"Quando a crise estourou, os líbios começaram a nos agredir com facas e socos. Fiquei sem receber salário", disse Razaulkarim Razak, 25.
"Só quero voltar para o meu o país", afirmou, interrompendo a conversa com a Folha para levantar a mão aos gritos, atendendo a uma chamada para embarcar num voo da ONU de repatriamento para Bangladesh.
O clima é de tranquilidade. Muitos homens estão deitados nas barracas, enquanto outros fazem fila para receber água e comida.
Há fila também diante do carro da ONG francesa Telecoms Sem Fronteiras, que permite aos migrantes darem notícias por telefone a parentes e amigos no país de origem sem custo.
Segundo Jean François Cazenave, presidente da ONG, a média é de mil telefonemas por dia: 'Ao menos 95% são para o Egito'.
BANHEIROS ESCASSOS
Os banheiros químicos não são suficientes. Às margens do campo se veem muitas pessoas agachadas atrás de moitas ou caminhando com papel higiênico na mão.
Caminhões militares estacionados em círculos formam um pátio usado como hospital. Um dos médicos do governo tunisiano, Abdelmumen Samir, afirma que os principais casos tratados são de pessoas física ou moralmente abaladas e diabéticos em falta de tratamento.
"Se continuar chegando mais gente do que saindo, então poderemos ter uma crise", afirmou.
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