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03/03/2011 - 07h20

Coronel põe a mão na massa contra ditador líbio

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MARCELO NINIO
DO ENVIADO A AJDABIYA

O coronel Abdusalam Kadiki passou mais de metade dos seus 50 anos a serviço do Exército líbio. Há quatro dias, desertou para lutar contra outro coronel, o ditador Muammar Gaddafi.

"Eu era um oficial do Exército daquele carniceiro", disse Kadiki, enquanto organizava rebeldes na entrada da cidade de Ajdabiya para conter o possível avanço das forças leais a Gaddafi.

"Agora sou um soldado a serviço da revolução."

Militares desertores como Kadiki estão por todo o leste da Líbia, engrossando a resistência a 41 anos de ditadura de Gaddafi.

Eles são unânimes em dizer que o efetivo das Forças Armadas em peso trocou de lado e que só mercenários estrangeiros ainda lutam pelo ditador.

Está claro que a adesão dos militares ao levante é crescente. Mas ainda restam os que se mantêm leais a Gaddafi, como a reportagem da Folha comprovou na noite de terça, numa barreira de controle a 250 km de Ajdabiya com cerca de dez soldados.

Para oficiais como Kadiki só há duas explicações para a permanência de militares líbios do lado de Gaddafi: suborno ou ameaça. 'Ou ele está dando dinheiro ou ameaçando matar quem desobedecê-lo', diz o coronel.

ROMPIMENTO

Para mostrar que não se considera acima de nenhum dos rebeldes, Kadiki arregaçou as mangas da farda verde camuflada e colocou a mão na massa.

Lambuzado de graxa até os cotovelos, ensinava os rebeldes como montar e lubrificar fuzis e direcionava uma peça de artilharia antiaérea.

Diante das notícias de que Gaddafi estava contra-atacando a poucos quilômetros dali, disse não temer um revés.

"É matar ou morrer. Ninguém aqui vai aceitar sem luta um retorno à ditadura", afirma.

Num gesto de rompimento com o passado, arranca a patente de coronel e a joga no chão. "Uma nova Líbia, com um novo Exército."

 

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