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03/03/2011 - 09h21

Forças de Gaddafi voltam a atacar centro petrolífero na Líbia

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças leais ao ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, voltaram a realizar ataques aéreos contra o centro petrolífero de Brega nesta quinta-feira. A operação ocorre um dia após rebeldes opositores armados terem conseguido repelir uma tentativa dos partidários do regime de retomar o controle da instalação estratégica, localizada na parte leste do país, cerca de 800 quilômetros da capital, Trípoli.

O ataque em Brega marca a primeira contraofensiva do regime no leste líbio, dominado pelos rebeldes, e ilustra as profundas dificuldades que as forças de Gaddafi --uma mistura de milicianos, mercenários e unidades militares-- têm tido em reverter a revolta popular, iniciada em 15 de fevereiro.

Brega é o local onde está a segunda maior instalação de petróleo e é controlada pela oposição desde a semana passada.

Goran Tomasevic/Reuters
Soldados rebeldes se deslocam em direção a Brega; opositores conseguem manter controle da cidade
Soldados rebeldes se deslocam em direção a Brega; opositores conseguem manter controle da cidade

Na quarta-feira, a batalha pela cidade começou logo após o amanhecer, quando várias centenas de forças pró-Gaddafi em 50 caminhões e veículos com metralhadoras invadiram o porto, expulsando um pequeno contingente da oposição e assumindo o controle das instalações de petróleo, porto e pista de pouso.

No entanto, à tarde, eles já tinham perdido suas conquistas e haviam recuado para o campus de uma universidade localizada a 8 quilômetros dali.

Lá, eles foram cercados por opositores, que da praia escalaram uma colina para chegar ao campus enquanto eram alvos de tiros de metralhadora, segundo um repórter da agência de notícias Associated Press que estava no local e presenciou a cena. Os rebeldes se esconderam atrás de dunas, atirando de volta com rifles de assalto, metralhadores e lançadores de granadas.

As forças de Gaddafi se retiraram da cidade antes mesmo do anoitecer. As pessoas tocaram buzinas de veículos e atiraram para o alto em comemoração pela vitória.

Nesta quinta-feira, testemunhas disseram que um avião militar voltou a bombardear Brega. Os ataques teriam tido como alvo o aeroporto da localidade e uma posição rebelde na cidade vizinha de Ajdabiyah, onde o número de mortos subiu para 14 nesta quinta-feira --no dia anterior, autoridades haviam colocado a cifra em dez. Muitos dos opositores que repeliram as forças do governo em Brega vieram da cidade vizinha.

Soldados da oposição também relataram que tropas leais a Gaddafi também foram repelidas de Ras Lanuf, onde está localizado outro importante centro petrolífero, a 600 km de Trípoli.

Na quarta-feira, os rebeldes de oposição pediram ao Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) que lance um ataque aéreo contra os mercenários de Gaddafi, dizendo que somente com ajuda internacional poderão tirar o ditador do poder.

"Nosso Exército não pode lançar ataques contra os mercenários, pois tem papel defensivo", afirmou o porta-voz rebelde Abdelhafiz Hoga em entrevista coletiva concedida em Benghazi, epicentro das forças de oposição.

Hoga ressaltou, contudo, que a ajuda viria como um ataque aéreo estratégico e não uma ampla intervenção militar, a qual os rebeldes rejeitam. O porta-voz diz ainda que em breve será nomeado um representante rebelde para colocar-se em contato com os organismos internacionais.

O pedido de ajuda foi confirmado por outro porta-voz dos grupos rebeldes, Mustafa Gheriani, da coalizão rebelde 17 de Fevereiro. "Nós provavelmente iremos pedir ajuda externa, possivelmente bombardeios aéreos em locais estratégicos, para colocar o prego no caixão dele [de Gaddafi]", disse.

No entanto, cercado de dezenas de partidários na quarta-feira, Gaddafi lançou um discurso inflamado contra os "gânsters armados" que ele diz estarem por trás da revolta --o que seria parte de uma conspiração para colonizar a Líbia e tomar seu petróleo.

"Entraremos em uma guerra sangrenta e milhares e milhares de líbios irão morrer se os Estados Unidos entrarem [no país] ou a Otan [Organização Tratado do Atlântico Norte] entrar [no país]", afirmou durante o discurso, transmitido pela TV.

"Estamos prontos para distribuir armas para um milhão, 2 milhões ou 3 milhões, e um outro Vietnã irá começar."

PRESSÃO

A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou em Washington que uma das maiores preocupações dos EUA é de que a "Líbia desça ao caos e se torne uma outra Somália".

Kevin Frayer/AP
Manifestantes antigoverno carregam poster com imagem de Gaddafi; rebeldes reagem a ofensiva no leste
Manifestantes antigoverno carregam poster com imagem de Gaddafi; rebeldes reagem a ofensiva no leste

Dois navios de assalto dos Estados Unidos, o USS Kearsarge e o USS Ponce, atravessaram o mar Vermelho e chegaram ao Mediterrâneo na tarde de quarta-feira. O Kearsarge pode transportar até 2.000 fuzileiros navais.

Os EUA anunciaram na segunda-feira (28) a mobilização de navios e aviões para mais perto do território da Líbia, onde Gaddafi reprime com violência a rebelião popular e militar.

Tal mobilização militar, no entanto, é amplamente vista como uma demonstração simbólica de força, uma vez que nem os EUA nem seus aliados da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) se mostram dispostos a uma intervenção militar direta.

Também na segunda-feira, o destróier USS Barry já havia passado por Suez, e agora está no sudoeste do Mediterrâneo.

A Casa Branca afirmou que os navios estão sendo reposicionados numa preparação para possíveis esforços humanitários, como retirada de refugiados ou entrega de suprimentos, mas destacou que "nenhuma opção foi retirada da mesa".

Também na quarta, promotores do Tribunal Penal Internacional (TPI) anunciaram que investigarão o regime de Gaddafi por possíveis crimes cometidos contra manifestantes de oposição que pedem sua renúncia. Nomes de pessoas consideradas suspeitas serão divulgados já nesta quinta-feira. A ação foi anunciada um dia depois de a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) ter suspendido o país do norte da África do Conselho de Direitos Humanos da entidade.

 

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