Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
05/03/2011 - 17h35

Em dia violento, rebeldes do leste da Líbia criam comitê de crise

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O Conselho Nacional Líbio, sediado no leste do país dominado pelos rebeldes, nomeou um comitê de crise com três membros neste sábado para tratar de temas militares e internacionais, em uma tentativa de integrar a tomada de decisões. O anúncio foi feito no mesmo dia em que forças leais ao ditador Muammar Gaddafi lançaram uma poderosa ofensiva, com ataques brutais a cidade de Zawiya, controlada pelos rebeldes e a apenas 50 km da capital Trípoli, que poderiam ter deixado até 200 mortos.

O conselho disse que irá atuar como a voz da rebelião contra o regime de Gaddafi, mas afirmou não ser um governo interino. O grupo também quer mudar sua base da cidade de Benghazi --a segunda maior do país-- para Trípoli, embora a capital permaneça sob o controle rígido do ditador.

Goran Tomasevic/Reuters
Rebeldes atiram com uma arma antiaviação na cidade de Bin Jawad, a 160 km de Sirte, cidade natal de Gaddafi
Rebeldes atiram com uma arma antiaviação na cidade de Bin Jawad, a 160 km de Sirte, cidade natal de Gaddafi

O comitê renovou seus clamores pelo embargo aéreo internacional para ajudar a desalojar o líder, que está no poder há 41 anos e empregou aviões de guerra e helicópteros contra forças rebeldes. Estas o acusam de contratar mercenários africanos para auxiliá-lo.

O professor de Ciência Política Fathi Baja, membro da Coalizão 17 de Fevereiro, sediada em Benghazi, disse que o comitê "vai encorajar as pessoas, porque escolheram nomes muito fortes. Além disso, elas refletem o equilíbrio por serem de diferentes lugares e diferentes tribos".

O conselho nomeou como líder dos militares Omar Hariri, um dos oficiais que fez parte do golpe de Gaddafi em 1969, mas foi preso mais tarde. Ali Essawi, ex-embaixador na Índia que se demitiu no mês passado, foi encarregado das relações exteriores.

Mahmoud Jebril, que esteve envolvido com um projeto chamado "Visão Líbia" com outros intelectuais antes da revolta para estabelecer um Estado democrático, chefiará o comitê de crise. O conselho declarou que o grupo busca organizar a tomada de decisões.

Outros novos membros incluem o dissidente Ahmed Zoubeir, que sob Gaddafi passou mais tempo na prisão do que os 28 anos de Nelson Mandela na África do Sul, assim como Selwa Adrilli, Fathi Terbil e Fathi Baja.

Outros ministros devem ser anunciados no futuro próximo.

Falando numa entrevista coletiva, o líder do conselho nacional, o ex-ministro da Justiça Mustafa Abdel Jalil, disse que o organismo não quer tropas estrangeiras em solo líbio e que possui forças suficientes para libertar o país.

"Há um sentimento nas ruas de que, se Gaddafi pode empregar estrangeiros para lutar para ele, por que nós não?", disse ele.

"Nosso povo tem o contingente e a determinação para libertar toda a Líbia, mas vamos pedir o embargo aéreo para nos ajudar a fazer isso no menor tempo possível."

Ele também afirmou que os lutadores jovens e basicamente civis nas forças rebeldes serão substituídos por uma força de combate profissional, mas não disse quando.

OFENSIVA

Neste sábado, os dois lados da guerra pelo controle da Líbia avançaram. Apesar de atacado em Zawiya por forças pró-Gaddafi, o exército rebelde, que já controla o leste, venceu as forças rivais e consolidou seu controle sobre o porto petrolífero de Ras Lanuf, e avança agora rumo a Sirte, cidade natal de Gaddafi.

A rota das batalhas na Líbia, às vezes difícil de se identificar, indica que os próximos confrontos podem ocorrer no porto de Surt, reduto da tribo nativa de Gaddafi e no caminho da marcha rebelde rumo à capital Trípoli, bastião do atual regime.

Os maiores confrontos deste sábado ocorreram em Zawiya, onde as forças leais ao regime lançaram uma nova ofensiva com tanques que entraram e abriram fogo contra residências. Relatos feitos por rebeldes indicam divergências no número de mortos na localidade, que poderia variar de sete até 200. Não há como confirmar independentemente estes números.

"Os tanques estão por todos os lados da cidade e disparam contra as casas. Vi passar sete diante da minha casa. Os tiros não param", afirmou um habitante da cidade à agência de notícias France Presse. "Rezem por nós", completou, antes da ligação ser cortada bruscamente.

O portal de oposição Al Manara informou que 40 tanques entraram em Zawiya e abriram fogo contra as residências.

Hussein Malla/AP
Rebelde anti-Gaddafi se prepara para atirar em Ras Lanouf, na Líbia; batalha segue para Sirte
Rebelde anti-Gaddafi se prepara para atirar em Ras Lanouf, na Líbia; batalha segue para Sirte

Um dos oficiais das brigadas de Gaddafi declarou à rede de televisão Al Jazeera que os moradores de Zawiya estão sitiados e "não têm saída", o que aumenta o temor pela vida dos milicianos que estão na praça dos Mártires.

Os moradores contatados por telefone pelas agências de notícias dizem que as forças de Gaddafi executaram até mesmo feridos nas ruas.

Com os ataques de artilharia e morteiros, os sitiados sofrem inúmeras baixas e as gravações obtidas por habitantes e mostradas nas redes televisões árabes ilustram um cenário dantesco.

Os relatos são divergentes e há tanto testemunhas afirmando que a cidade continua sob poder dos rebeldes quanto dizendo que Gaddafi assumiu o controle.

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página