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07/03/2011 - 07h40

Emboscadas travam avanços dos dois lados da guerra líbia

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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A RAS LANUF (LÍBIA)

Em um dia marcado por emboscadas, a TV estatal líbia e os rebeldes se engajaram em uma guerra de informações tentando convencer a população local e o mundo de que estão vencendo.

A TV líbia passou o dia noticiando que o governo "retomou cidades das mãos das gangues de sabotadores", ao lado de moradores dizendo que "está tudo normal, não faltam mercadorias nos supermercados, não acreditem nas TVs estrangeiras".

Imagens de líbios festejando vitórias do ditador Muammar Gaddafi, na praça Verde, a principal de Trípoli, dominaram as transmissões da TV estatal, que não mostrou nenhuma cena do leste do país, onde rebeldes avançam.

Já o líder rebelde Wanif Bou Hanada, em uma tentativa de furar o bloqueio do governo à transmissão de informações, fez um vídeo dizendo que os insurgentes ainda estão no controle de cidades como Zawyia e Misrata e que a TV estatal está errada.

Neste domingo, o avanço dos rebeldes para o oeste do país foi bloqueado pelas forças de Gaddafi, que usaram artilharia e ataques aéreos para recuperar parte do território perdido no dia anterior.

A ofensiva obrigou os insurgentes a recuar até o porto petrolífero de Ras Lanuf, frustrando o plano de continuar a marcha até Sirte, cidade natal de Gaddafi, a cerca de 400 km de distância.

Combates pesados foram travados ao longo de todo o dia na cidade de Bin Jawad, a próxima cidade depois de Ras Lanuf, 50 km a oeste.

A Folha acompanhou de Ras Lanuf a intensa movimentação de rebeldes em direção a Bin Jawad.

"Deus é o maior", gritavam os rebeldes, alguns trajando roupas civis, outros usando uniformes militares, todos armados com fuzis Kalashnikov. "Em nome de Deus, vamos libertar Sirte."

Pela importância simbólica e sua localização estratégica, a conquista de Sirte é considerada um passo crucial na caminhada dos rebeldes rumo à capital, Trípoli.

Saad Sety, 23, soldado do Exército líbio que desertou para unir-se aos rebeldes, contou que estava num grupo de 20 homens que rumaram para Bin Jawad, mas foi repelido com fogo de artilharia. "Vi pelo menos oito morrerem", contou Sety à Folha.

O revés de domingo pegou os insurgentes de surpresa e deu mais um sinal de que o perde e ganha na frente de batalha poderá mergulhar o país numa longa guerra civil.

Na véspera, os rebeldes comemoraram a tomada de Ras Lanuf como uma indicação clara de que o caminho para Sirte estava aberto.

A mesma estratégia, a emboscada, foi usada pelos rebeldes em outro ponto do país, Misrata, 150 km a leste de Trípoli. Rebeldes permitiram que tanques do governo chegassem ao centro da cidade e então os atacaram.

Segundo a Reuters, ao menos 20 pessoas morreram e cem ficaram feridas. No domingo, o governo líbio permitiu que um representante da ONU vá a Trípoli avaliar situação humanitária da população.

 

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