Líbia mergulhará em guerra civil sem Gaddafi, diz filho do ditador

Um dos filhos do ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, disse que o país norte-africano irá mergulhar em guerra civil se seu pai deixar o poder, como pedem os rebeldes que controlam parte do território líbio. A declaração foi transmitida pela emissora de TV Al Arabiya no mesmo dia em que o governos dos Estados Unidos afirmou que uma intervenção militar na Líbia está sob análise.

Durante uma entrevista à emissora árabe, Saadi Gaddafi culpou um de seus irmãos, Saif al Islam, por falhar em atender aos problemas da população líbia.

"As tribos estão todas armadas, há forças do Exército líbio e a região leste está armada. A situação é diferente das do Egito e Tunísia", disse Saadi, que por um curto período de tempo foi um jogador profissional de futebol antes de se tornar um empresário.

Protestos na Tunísia e no Egito derrubaram os ditadores de ambos os países nos últimos dois meses.

"A situação é muito perigosa. Da perspectiva de uma guerra civil, o líder deve ter um grande, grande papel em acalmar a Líbia e convencer o povo para ficar junto", afirmou o filho de Gaddafi.

"Se algo acontecer para o líder, quem estaria no controle? Uma guerra civil teria início", completou.

O canal de notícias também disse que Saadi alertou que a Líbia pode se tornar uma nova Somália se as tribos do país começarem a lutar umas contra as outras.

Sobre seu irmão, ele afirmou: "O líder [Gaddafi] falou a eles [Saif al Islam e os ministros] em uma base diária que eles estavam facilitando matérias e o orçamento, mas que há coisas que eles não fazem", como responder a assuntos como preços de commodities básicas que preocupavam os líbios.

Os esforços por reformas de Saif al Islam, de antes da revolta, foram prejudicados por oposição de dentro da elite governante e, alguns analistas dizem, membros da família. Educado em uma universidade britânica, Saif al Islam tem atuado como um porta-voz de seu pai durante a crise.

Saadi teve uma curta carreira na Série A do futebol italiano entre 2003 e 2007.

No ano passado, em uma entrevista à agência de notícias Reuters, ele disse que estava por trás de um projeto para criar uma uma zona de comércio livre na costa mediterrânea a oeste de Trípoli.

Quando a violência explodiu em Benghazi, no leste do país, Saadi disse a uma rádio local que havia sido apontado comandante da cidade --ele possui patente militar. Logo depois, moradores assumiram o controle da localizada e expulsaram as forças pró-Gaddafi.