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08/03/2011 - 08h07

Pela 1ª vez, população recebe rebeldes com hostilidade na Líbia

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MARCELO NINIO
ENVIADO ESPECIAL A RAS LANUF

Com artilharia pesada, bombardeios aéreos e, pela primeira vez, a adesão aberta de civis, forças leais ao ditador Muammar Gaddafi consolidaram seu controle sobre a região central da costa da Líbia, frustrando o avanço de rebeldes rumo ao oeste.

Grande parte do entusiasmo acumulado entre os insurgentes desde sexta, quando eles tomaram a importante cidade petrolífera de Ras Lanuf, se dissipou ontem ante o feroz contra-ataque.

O recuo era evidente, com dezenas de carros voltando em disparada para o leste ao aproximar-se da cidade de Bin Jawad, que foi fortificada pelas forças leais ao ditador.

Um dos múltiplos ataques aéreos atingiu uma caminhonete em fuga, matando três dos cinco ocupantes, entre eles duas crianças. Duas bombas acertaram a estrada a poucos metros de onde estava o carro, atingido por estilhaços.

"O avião passou rumo ao leste e deu meia volta antes de baixar altitude e disparar", contou à Folha Faraj Azaini, 23, que ajudou a retirar os feridos. "Eles estavam cobertos de sangue de alto a baixo. O alvo era o carro."

Junto à intensificação do fogo por terra, o ataque aéreo com os primeiros mortos civis marca uma escalada de agressividade na ofensiva de Gaddafi contra os rebeldes.

Nos últimos dias, a aviação do ditador fizera ataques pontuais ao leste, mas sem vítimas ou grandes estragos, o que levou os rebeldes a concluir que os pilotos estavam evitando causar baixas.

As bombas que atingiram a caminhonete, por exemplo, caíram perto do complexo petrolífero de Ras Lanuf, onde uma explosão causaria destruição devastadora.

Depois de três semanas de levante e cerca de 800 km de território conquistado, os rebeldes bateram em um muro duro de transpor na caminhada a Sirte, cidade natal de Gaddafi e alvo estratégico.

A cidade de Bin Jawad, 50 km a oeste de Ras Lanuf, chegou a ser tomada no sábado pelos rebeldes, recebidos pela primeira vez com hostilidade aberta pela população.

"Os moradores estavam claramente insatisfeitos com nossa presença", afirmou o engenheiro Abdulsalem Hashem, 40. "Eles até nos impediram de hastear a bandeira da independência líbia."

Quando as forças de Gaddafi retomaram a cidade, a hostilidade virou conflito armado. Recebido com fogo cerrado, o vendedor desempregado Ali Mahdawi, 30, disse ter contado pelo menos 20 baixas do lado rebelde.

Sob os pés dos rebeldes na última barreira antes de Bin Jawad, uma mensagem foi pintada: "Cão Gaddafi, sua queda está próxima". Mas, a julgar pelo contra-ataque do ditador, o confronto ainda continua longe do desfecho.

MILHARES DE MORTOS

Fontes médicas na cidade de Benghazi, "capital" da insurgência, falam em 30 rebeldes mortos e cerca de 170 feridos nos últimos três dias.

Restrições à mídia dificultam a obtenção de um número preciso de mortos nos conflitos, que completam hoje três semanas; estima-se que as mortes na Líbia já tenham passado a casa dos milhares.

Com agências de notícias

 

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