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Polícia atira contra manifestantes e fere 50 no Iêmen
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DA REUTERS, EM SANAA
A polícia do Iêmen abriu fogo contra manifestantes nesta terça-feira em Sanaa, capital do país, ferindo, segundo testemunhas, ao menos 50 pessoas que exigiam a renúncia do ditador Ali Abdullah Saleh, há 32 anos no poder. Três feridos estão em estado grave, segundo essas fontes.
Policiais e agentes à paisana dispararam quando tentavam impedir que um grupo se juntasse a milhares de manifestantes acampados há semanas diante da Universidade de Sanaa, disseram testemunhas.
O governo não comentou o incidente.
A polícia levou jatos de água e colocou blocos de concreto em torno da universidade, que andava tranquila nos últimos dias, após semanas de violentos confrontos em todo o país envolvendo partidários do governo e manifestantes, em incidentes que causaram pelo menos 27 mortes.
Cerca de 10 mil pessoas participaram de passeata na cidade de Dhamar, 60 quilômetros ao sul de Sanaa, afirmaram moradores pelo telefone. Dhamar é conhecida pela sua ligação com Saleh, e é a cidade natal do primeiro-ministro, do ministro do Interior e do presidente do Supremo Tribunal do Iêmen.
"Fora, fora!", gritavam os manifestantes em Dhamar, apenas dois dias após um protesto semelhante de apoiadores do regime.
As manifestações contra a pobreza e a corrupção, além de uma série de deserções de aliados políticos e tribais de Saleh, colocaram pressão sobre o ditador para que ele renuncie ainda este ano. Ele promete ficar até o fim do mandato, em 2013.
"O que estamos vendo é cada vez mais pessoas começando a se cristalizar em torno dessa exigência única pela renúncia do presidente", disse o acadêmico Gregory Johnsen, especialista em Iêmen, da Universidade de Princeton.
Em Sanaa, onde milhares de manifestantes acampam há semanas, veículos militares com soldados armados foram deslocados para as ruas em uma aparente resposta à convocação de uma passeata ao palácio presidencial.
O Iêmen, vizinho da Árabia Saudita, maior exportador de petróleo do mundo, já tinha dificuldades para sustentar o regime mesmo antes dos recentes protestos.
Saleh lutava para consolidar uma trégua com os rebeldes xiitas no norte do país e enfrentava uma rebelião separatista no sul, ao mesmo tempo em que combatia um braço do grupo Al Qaeda sediado no país.
Analistas dizem que os protestos podem estar chegando a um ponto em que será difícil para Saleh se manter no poder.
Num fato que pode agravar a ira popular, dois grupos locais de direitos humanos relataram que dois presos morreram depois que as forças de segurança usaram munição real e bombas de gás lacrimogêneo para conter uma rebelião na segunda-feira em Sanaa.
O chanceler Abubakr al Qirbi atribuiu os protestos às más condições econômicas. Cerca de 40% dos 23 milhões de iemenitas vivem com US$ 2 por dia ou menos, e um terço sofre de desnutrição crônica. Qirbi disse esperar que doadores estrangeiros ofereçam até US$ 6 bilhões para preencher uma lacuna orçamentária durante cinco anos.
"O que precisamos é realmente de desenvolvimento e crescimento econômico, porque a atual crise política é mesmo resultado da situação econômica no Iêmen", afirmou ele a uma reunião de chanceleres do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC) na segunda-feira em Abu Dhabi.
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