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10/03/2011 - 09h43

Em meio a nova ofensiva, emissários líbios se reúnem com europeus

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças leais ao ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, lançaram nesta quinta-feira um novo bombardeio contra a cidade petrolífera de Ras Lanuf, no leste do país dominado por rebeldes. A nova ofensiva ocorre no mesmo dia em que emissários do regime líbio participaram de reuniões com autoridades de países europeus e em que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia se reunirão para discutir a crise no país do norte da África.

Bombas ou mísseis caíram poucos quilômetros da refinaria de petróleo de Ras Lanuf e perto de um prédio da líbia Companhia Emirados de Refinaria de Petróleo, segundo uma testemunha informou à agência de notícias Reuters.

"Uma bomba caiu sobre uma casa civil em Ras Lanuf", disse o rebelde Izeddine Sheikhy. O bombardeio, segundo ele, parece ter partido da direção do mar.

"Vi barcos ontem [quarta] e hoje [quinta]. Mísseis estão sendo disparados deles", afirmou outro rebelde, Mohd Fadl.

Correspondentes das agências de notícias também relataram um ataque aéreo sobre Ras Lanuf. Até o momento, não há relatos sobre mortes.

Kim Ludbrook/Efe
Rebelde dispara lança-foguete contra avião das forças pró-Gaddafi na cidade petrolífera de Ras Lanuf
Rebelde dispara lança-foguete contra avião das forças pró-Gaddafi na cidade petrolífera de Ras Lanuf

Um hospital do centro da cidade foi esvaziado depois de um ataque com obuses lançado pelas forças pró-Gaddafi, de acordo com a France Presse.

A linha de frente da batalha tem se movido entre Ras Lanuf e Bin Jawad, cerca de 550 quilômetros a leste de Trípoli.

Rebeldes disseram estar baseados na periferia de Bin Jawad e perto do complexo petrolífero de Es Sider, também conhecido como Sidrah, que sofreu um ataque direto no dia anterior, gerando nuvens de fumaça e chamas que podiam ser vistos ao longe. Es Sider voltou a ser intensamente atacada por forças do regime nesta quinta.

O ataque aparenta ter sido o primeiro contra instalações de petróleo, uma ação que gerou temores no mercado.

Também foram relatados intensos tiroteios em Bin Jawad. "Neste momento, há uma batalha sangrenta entre nós e a força mercenária de Gaddafi por Bin Jawad", afirmou o rebelde Salem Abdel Wahad.

"Eles estão lançando foguetes no front", afirmou Salem El Burqy, completando que as forças de Gaddafi têm tanques e aviões militares, dificultando o avanço dos rebeldes com suas armas relativamente leves.

Não foi possível confirmar os relatos de forma independente. Mais cedo, rebeldes lançaram foguetes para o mar após informações de que barcos no Mediterrâneo eram os responsáveis por atacar posições rebeldes no leste do país.

Uma contraofensiva por forças leais ao ditador congelou o avanço dos rebeldes opositores pela costa oriental da Líbia, onde eles foram forçados a recuar da cidade de Bin Jawad.

"Viemos a Bin Jawad, mas barcos atiraram contra nós, então recuamos", afirmou o opositor Adel Yahya na noite de quarta-feira.

OTAN E UE

Nesta quinta-feira, a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia começam nesta quinta-feira dois dias de intensas conversações sobre a crise líbia, com discussões focadas na possibilidade de impor uma zona de exclusão aérea sobre o país do norte da África.

O Pentágono afirmou na quarta que está preparando uma "gama completa" de opções militares para a Líbia, incluindo uma zona de exclusão aérea, e que esses planos serão discutidos por ministros da defesa da Otan em uma reunião nesta quinta-feira em Bruxelas.

A Itália, cujas bases terão um importante papel em qualquer ação militar, disse que apoiará qualquer decisão tomada pela aliança militar, pela UE ou pela ONU (Organização das Nações Unidas), deixando o caminho livre para que forças navais americanas baseadas em Nápoles sejam usadas, se necessário.

"A Otan não está procurando intervir na Líbia, mas pedimos aos nossos militares que realizem planejamentos prudentes para todas as eventualidades", afirmou o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen à emissora de TV britânica Sky News.

"Se solicitado e se necessário, podemos responder em um prazo muito curto. Há uma série de sensibilidades na região sobre o que pode ser considerado interferência militar", completou, afirmando que qualquer ação necessita de uma grande base de apoio.

Entre os assuntos que os 28 países-membros da Otan irão discutir está a base legal para impor uma zona de exclusão aérea sobre a Líbia, especialmente se tal ação for feita sem apoio da ONU. Não há previsão de uma decisão imediata sobre o tema.

Ganhar a aprovação do Conselho de Segurança da ONU também será difícil, já que espera-se que Rússia e China sejam contrários à zona. Mesmo assim, já estão sendo feitos esforços para se chegar a um rascunho de resolução.

O assunto também será discutido por chanceleres europeus, que irão debater ainda como os 27 países do bloco podem apoiar o processo de transição política no Egito e na Tunísia enquanto usam sanções e qualquer outro meio político para pressionar Gaddafi a deixar o poder.

Determinar uma ajuda humanitária a refugiados que deixam a Líbia e como lidar com o potencial impacto imigratório que um conflito longo no país pode ter também estarão na agenda.

Marco Longari/AFP
Poeira e fumaça saem de local de explosão em Sidra, 10 quilômetros a oeste da cidade de Ras Lanuf
Poeira e fumaça saem de local de explosão em Sidra, 10 quilômetros a oeste da cidade de Ras Lanuf

ESFORÇO DE GADDAFI

Ao mesmo tempo em que Otan e UE se reúnem, o regime de Gaddafi lançou uma ofensiva no continente europeu, enviando emissários para dar a visão de Trípoli sobre o conflito no país.

Nesta quinta, um dos enviados participou de conversações com autoridades do Ministério de Relações Exteriores da Grécia. O diplomata Mohamed Tahir Siala se reuniu com o vice-chanceler, Dimitris Dollis, e com o secretário-geral Ioannis Zeppos, após conversas similares terem sido realizadas em Lisboa com o chanceler português, Luis Amado, na noite de quarta-feira.

Não houve comunicados após a reunião, que durou cerca de 50 minutos e foi realizada no ministério, no centro de Atenas.

No entanto, diplomatas gregos disseram que Siala transmitiu as posições do regime líbio para a solução da crise. Eles afirmaram que essas posições não diferem substancialmente das que já foram expressadas publicamente por Gaddafi e autoridades líbias.

"As reais intenções não podem ser diagnosticadas", disseram os diplomatas sob condição de anonimato.

Eles não deram detalhes sobre quais propostas foram feitas, mas disseram que a Grécia irá informar os outros países da UE sobre as discussões durante a reunião do bloco nesta quinta.

Por outro lado, a Grécia transmitiu sua posição de que o derramamento de sangue na Líbia deve parar imediatamente e que a comunidade internacional deve continuar unida para exercer pressão contra o regime.

O pedido para a realização da reunião na Grécia foi feito via embaixada líbia, e outros similares foram enviados para alguns países europeus.

A Grécia, tradicionalmente, tem boas relações com a Líbia e com Gaddafi, com quem o premiê George Papandreou teve conversar durante uma visita ao país recentemente.

Papandreou recebeu um telefone de Gaddafi na noite da última terça-feira (8) e pediu ao líder líbio que faça todo o possível para parar com a violência e impedir que o país mergulhe em uma guerra civil.

Na quarta-feira, um outro emissário --um alto membro militar das forças líbias-- foi ao Cairo com uma mensagem de Gaddafi.

 

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