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10/03/2011 - 16h07

Forças pró-Gaddafi usam tanques e aviões contra rebeldes no leste

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

Forças leais ao ditador da Líbia, Muammar Gaddafi, usaram tanques nesta quinta-feira para atacar posições rebeldes na cidade de Ras Lanuf enquanto aviões militares atingiram Brega, outro importante polo petrolífero, em uma nova ofensiva contra o leste do país, dominado pelos rebeldes opositores. A ação ocorre no mesmo dia em que a Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) e a União Europeia discutem a crise no país do norte da África.

A emissora de TV estatal informou, no final da tarde (local) que o Exército expulsou os rebeldes de Ras Lanuf. Os opositores negaram a informação, mas afirmaram que as forças do governo estavam bombardeando a cidade, na costa do Mediterrâneo.

"Tudo o que estamos vendo lá são bombardeios com artilharia pesada pelo mar e pelo ar", afirmou um rebelde.

Um homem, que se identificou como Mohamed el Araby, afirmou por telefone à agência de notícias Reuters: "Os rebeldes têm controle total da cidade".

Roberto Schmidt/AFP
Estilhaços voam pelo ar após uma explosão perto de rebeldes na cidade petrolífera de Ras Lanuf
Estilhaços voam pelo ar após uma explosão perto de rebeldes na cidade petrolífera de Ras Lanuf

Os relatos, no entanto, não puderam ser confirmados de forma independente.

Ao menos dois tanques foram vistos avançando contra linhas rebeldes em Ras Lanuf e abrindo fogo.

Os opositores afirmaram que o distrito residencial da cidade, incluindo as cercanias de seu hospital, foram alvo de bombardeio. Forças pró-governo estavam avançando para a área, apoiados por foguetes disparados do mar, ar e terra.

Rebeldes também informaram um ataque aéreo em Brega, porto petrolífero 90 quilômetros a leste de Ras Lanuf, indicando que partidários de Gaddafi não está apenas impedindo o avanço dos opositores ao oeste, mas também atacando o coração do território dominado por eles.

Nesta quinta, os rebeldes deram um importante passo rumo a terem sua legitimidade reconhecida internacionalmente, quando a reconheceu o Conselho Nacional Líbio, formado pelos rebeldes em Benghazi, como representante legítimo do povo do país.

Um funcionário do escritório do presidente Nicolas Sarkozy afirmou que Paris vai enviar um embaixador a Benghazi, reduto do movimento rebelde de oposição, e receberá um enviado líbio em Paris.

O reconhecimento fortalece a causa da oposição na Líbia, que ganha uma instituição formal com quem a comunidade internacional e mesmo Trípoli pode negociar, mas tem pouca força se não for apoiada também pelos outros membros da União Europeia e pelos Estados Unidos.

Nesta quarta-feira, os partidos do Parlamento Europeu pediram à alta representante de Política Externa e Segurança Comum da União Europeia (UE), Catherine Ashton, que articule com os 27 países-membros do bloco o reconhecimento do órgão para dar-lhe legitimidade como representante da oposição líbia.

Ashton reagiu ao pedido dos eurodeputados, lembrando que cabe aos chefes de Estado e governo da UE adotar esta decisão.

O Conselho foi criado em 27 de fevereiro e é dirigido pelo ex-ministro líbio da Justiça, Mustafah Abdel Jalil. Ao contrário da Tunísia e do Egito, onde as revoltas populares conseguiram derrubar seus regimes em poucos dias, a Líbia não conta com instituições bem estabelecidas ou partidos e grupos políticos definidos.

REUNIÕES E MAIS PRESSÃO

Nesta quinta-feira, em Bruxelas, a Otan informou ter iniciado vigilância 24 horas por dia do espaço aéreo líbio, onde forças do regime têm usado aviões para atacar os rebeldes.

Uma autoridade da aliança ocidental informou que o primeiro avião iniciou sua patrulha às 6h30 (locais) desta quinta.

Hussein Malla/AP
Rebeldes antirregime são vistos perto do complexo petrolífero em Ras Lanuf, que voltou a ser atacada nesta quinta
Rebeldes antirregime são vistos perto do complexo petrolífero em Ras Lanuf, que voltou a ser atacada nesta quinta

O secretário-geral da entidade, Anders Fogh Rasmussen, disse durante a reunião com ministros da Defesa dos 27 países-membros que a aliança está unida e pronta para agir no país norte-africano, embora tenha ressaltado que qualquer ação militar precisará do respaldo da ONU.

"Não posso imaginar que a comunidade internacional e a ONU ficarão alheios se o coronel Gaddafi continuar atacando o seu povo sistematicamente. Mas tenho de dizer: nós não buscamos uma intervenção na Líbia. E precisaremos de uma base legal clara para qualquer ação."

Já a UE, que também realiza uma reunião de seu Conselho de Relações Exteriores sobre a situação na Líbia, concordou em aumentar as sanções financeiras para isolar o governo de Gaddafi. Uma reunião de emergência do bloco será realizada nesta sexta (11).

Também nesta quinta, os EUA romperam as relações diplomáticas com o regime do ditador líbio ao suspender os laços com a representação da Embaixada Líbia em Washington, anunciou a secretária de Estado americana, Hillary Clinton.

"Estamos suspendendo nossas relações com a embaixada líbia atual, de modo que esperamos deles que encerrem suas operações", disse Hillary, em uma audiência da Comissão de Dotações Orçamentárias da Câmara dos Representantes.

Hillary anunciou ainda que pretende se reunir com os rebeldes líbios nos Estados Unidos e em sua viagem, na próxima semana, ao Egito e à Tunísia --que derrubaram recentemente seus ditadores em revoltas populares.

"Estamos contatando a oposição dentro e fora da Líbia. Me reunirei com algumas dessas pessoas tanto aqui nos Estados Unidos como em minha viagem da próxima semana para discutir o que mais nós e outros [países] podemos fazer", explicou Hillary.

No último dia 8, o Departamento de Estado confirmou que funcionários americanos, entre eles o embaixador dos EUA na Líbia, Gene Cretz, haviam se reunido com representantes da oposição líbia no Cairo e em Roma.

Os EUA estão averiguando detalhes sobre os opositores, quem são e quais são suas motivações e objetivos para o país depois de uma hipotética queda de Gaddafi --em meio a especulações sobre armá-los na luta contra o ditador.

Pouco antes do anúncio de Hillary, o porta-voz do Departamento de Estado, Philip Crowley, informou que a chefe da diplomacia americana viajará de 14 a 15 de março a Paris, onde participará de reuniões do Grupo dos 8 (G8, bloco de países ricos) e depois visitará Egito e Tunísia entre os dias 15 e 17 de março.

Em cada visita, a secretária de Estado realizará reuniões que abordarão as recentes revoltas e outros temas regionais e bilaterais, indicou em comunicado.

Hillary será a primeira integrante de gabinete do governo de Barack Obama a viajar ao Egito e à Tunísia após as revoltas que depuseram tanto Hosni Mubarak como Zine al Abidine Ben Ali.

Esta visita permitirá à secretária de Estado analisar pessoalmente a situação nos dois países e observar os passos que foram dados para a transição democrática.

FORÇA DE GADDAFI

O diretor da inteligência nacional americana, James Clapper, afirmou que Gaddafi está adotando uma posição desafiadora e não dá sinais de que deixará o poder.

Kim Ludbrook/Efe
Rebelde dispara lança-foguete contra avião das forças pró-Gaddafi na cidade petrolífera de Ras Lanuf
Rebelde dispara lança-foguete contra avião das forças pró-Gaddafi na cidade petrolífera de Ras Lanuf

"Acreditamos que Gaddafi está nisto [no confronto com rebeldes] por um longo período", disse ele em audiência no Senado americano.

Clapper afirmou que, por serem melhor equipadas, as forças pró-Gaddafi devem prevalecer em uma batalha de longo prazo com os rebeldes, e que a defesa aérea líbia é a segunda maior do Oriente Médio.

Parte das armas russas foi apreendida pelos rebeldes, disse o diretor, que completou que há temores de que algumas delas caiam nas mãos de terroristas.

 

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