Líbia planejava matar civis para evitar revolta, diz Tribunal Internacional

O Tribunal Penal Internacional afirmou ter evidência de que o governo do ditador líbio, Muammar Gaddafi, planejava matar civis de perfil oposicionista para evitar que a revolta vista na Tunísia e Egito chegasse ao país.

"Eles estavam escondendo isso de pessoas do exterior e eles estavam planejando como gerenciar a multidão. [...] A evidência que nós temos é que atirar nos civis era um plano pré-determinado", disse o procurador do TPI, Luis Moreno-Ocampo. "O plano era usar gás lacrimogêneo no começo e [se isso falhasse] atirar".

As manifestações contra o regime de Gaddafi começaram em 15 de fevereiro, semanas depois da queda do ditador tunisiano, como atos pacíficos, mas escalaram para uma revolta armada quando Gaddafi abriu fogo contra os manifestantes.

As tropas de Gaddafi, mas bem preparadas, conseguiram conter o avanço no oeste, mas perderam boa parte do leste do país para os rebeldes.

Diante dos relatos de morte de civis e violações dos direitos humanos, a comunidade internacional decidiu intervir para proteger os cidadãos. Desde 19 de março, uma coalizão internacional bombardeia alvos das forças leais a Gaddafi, impedindo que os rebeldes sejam derrotados, mas também incapaz de vencer de vez as tropas do ditador.

Moreno-Ocampo deve se relatar à ONU (Organização das Nações Unidas) em 4 de maio, quando os primeiros pedidos de prisão devem ser emitidos.

A corte quer falar ainda com o ex-chanceler líbio Moussa Koussa, que desertou para o Reino Unido na semana passada, alegando ser contra os ataques às forças civis.

O procurador disse que sua deserção será considerada na investigação sobre o regime de Gaddafi, que inclui os filhos e assessores do ditador.

"O fato que Moussa Koussa desertou é interessante porque é uma opção que você tem. Se você não tem o poder de parar os crimes, então você pode desertar para mostrar que você não é responsável", disse Moreno-Ocampo, em uma aparente sugestão a outros nomes do alto escalão líbio.