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05/04/2011 - 10h04

Forças de Gbagbo pedem cessar-fogo à ONU

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As forças leais ao presidente da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, pediram nesta terça-feira um cessar-fogo à missão da ONU (Organização das Nações Unidas) no país, anunciou o chefe do Estado-Maior, general Philippe Mangou.

As forças do presidente eleito Alassane Ouattara iniciaram nesta segunda-feira um "o assalto final" contra o regime de Gbagbo, auxiliadas por bombardeios das forças da ONU e da França.

Ouattara foi o vencedor das eleições de novembro do ano passado, reconhecido pela comunidade internacional. Gbagbo, que já estava no poder, se recusou a renunciar e apelou ao Conselho Eleitoral por uma recontagem de votos, que favoreceu sua campanha. Desde então, forças dos dois lados se enfrentam em confrontos que deixaram centenas de mortos e ameaçam levar o país de volta à guerra civil de 2002 e 2003.

Emmanuel Braun /Reuters
Comboio de tropas leais a Alassane Ouattara se prepara para lançar ofensiva em Abdijã; presidente está cercado
Comboio de tropas leais a Alassane Ouattara se prepara para lançar ofensiva em Abdijã; presidente está cercado

As forças de Ouattara cercaram a residência oficial de Gbagbo em Abdijã, que estaria ainda sendo atacada por um helicóptero da ONU. Fontes ligadas ao atual governo afirmam que o presidente e sua família estão escondidos no porão da residência.

"Depois de um bombardeio das forças francesas de algumas de nossas posições, nós mesmos interrompemos os combates e e pedimos ao general comandante da [força da ONU] Onuci um cessar-fogo", afirmou o general Mangou.

"Este cessar-fogo permitirá proteger a população, os militares, por conseguinte (...) o presidente da República e sua família, assim como os membros do governo", prosseguiu.

RENDIÇÃO

Mais cedo, Ally Coulibaly, embaixador na França nomeado por Ouattara, disse que Gbagbo estaria negociando uma rendição.

"Acredito que Laurent Gbagbo está vivo. Fiquei sabendo que estava negociando uma rendição", declarou o diplomata.

"Abdijã se transformou em uma fábrica de boatos e não quero aumentar a desinformação. Tomei conhecimento de que desde ontem (segunda-feira) tenta negociar. Não é muito tarde", acrescentou Coulibaly.

Emmanuel Braun /Reuters
Soldado leal a Alassane Ouattara se posiciona em estrada durante batalha em Abdijã
Soldado leal a Alassane Ouattara se posiciona em estrada durante batalha em Abdijã

O embaixador disse ignorar o canal de negociação e se existe um mediador.

O chanceler francês, Alain Juppe, disse nesta terça-feira que "está sabendo" das negociações de Gbagbo para deixar o poder.

"Se há possibilidades de vê-lo deixar o poder, então estamos prontos", disse, sem dar mais detalhes.

VÍTIMAS

O Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos afirmou nesta terça-feira que os confrontos deixaram dezenas de mortos nos últimos dias em Abdijã.

"Em Abidjã, nós estamos obviamente extremamente preocupados com a situação dos civis em uma cidade tão grande, com uma população de milhões de pessoas, com armas pesadas sendo usadas dentro de áreas urbanas densamente povoadas e que deixaram dezenas de mortos nos últimos dias", declarou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado.

A batalha de Abdijã, iniciada em 31 de março pelas forças de Ouattara, adquiriu outra dimensão com a participação desde segunda-feira das Nações Unidas e da França, quatro meses depois de uma crise pós-eleitoral que gerou um conflito que se aproxima de uma guerra civil.

As forças internacionais lançaram ataques para tentar forçar a renúncia de Gbagbo. Uma resolução do Conselho de Segurança permite que eles recolham o arsenal de Gbagbo, que tem sido usado para atacar civis.

As tropas da missão francesa Licorne, dentro do dispositivo militar das forças das Nações Unidas, atacam desde segunda-feira as posições dos soldados de Gbagbo.

Na noite de segunda-feira, a Presidência francesa informou que o líder da França, Nicolas Sarkozy, e Ouattara falaram por telefone, embora não tenham sido fornecidos detalhes do conteúdo da conversa.

HISTÓRICO

Editoria de Arte/Folhapress

Poucos dias após a votação de 28 de novembro, a Comissão Eleitoral Independente declarou o opositor Ouattara como vitorioso com 54,1% dos votos válidos, contra 45,9% de Gbagbo.

O resultado foi reconhecido pela ONU, Estados Unidos e União Europeia. No mesmo dia, contudo, Gbagbo apelou ao Conselho Constitucional com alegações de fraude eleitoral. O órgão anulou cerca de 10% dos votos, a maioria em redutos de Ouattara, dando a vitória a Gbagbo com 51%.

Desde então, a comunidade internacional pressiona Gbagbo a deixar o poder e já aplicou as mais diversas sanções --como veto ao visto de viagem aos países da União Europeia e o congelamento dos fundos estatais no Banco Central da União Monetária e Econômica do Oeste Africano. Gbagbo rejeitou todas as propostas, incluindo ofertas de anistia e um confortável exílio no exterior.

O Eliseu informara horas antes que Sarkozy havia respondido positivamente ao pedido de ajuda militar urgente da ONU para tentar evitar que a população civil da Costa do Marfim seguisse sendo vítima de ataques de armamento pesado por parte das forças leais a Laurent Gbagbo.

 

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