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Mortos na Costa do Marfim devem aumentar, alertam Nações Unidas
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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Pelo menos 400 pessoas morreram em Abidjã, principal cidade da Costa do Marfim, antes do confronto final entre as forças leais aos dois rivais presidenciais, mas o número final deve ser bem maior, disse um funcionário da ONU (Organização das Nações Unidas) na segunda-feira.
"Antes desses confrontos recentes, nossa estimativa é de que tivemos cerca de 400 vítimas (mortos) em Abidjã", disse Ivan Simonovic, secretário-geral-assistente do Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU, em Nova York.
Ele acrescentou que o coordenador médico do Alto Comissariado estimou que "cerca de 150 pessoas, civis, morreram como resultado de ataques deliberados com armas pesadas."
Mas esses números não incluem os que foram mortos depois que as forças de Ouattara chegaram a Abidjã para o seu confronto com as forças de Gbagbo, segundo Simonovic.
"O número (final) de mortos em Abidjã será consideravelmente mais alto", afirmou.
OUATTARA ANUNCIA "NOVA ERA"
Em pronunciamento ao vivo na TV estatal, o presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, disse que o país "virou a página" e que ordenou à Justiça que investigue o ex-presidente Laurent Gbagbo e sua mulher. Dirigindo-se à população, o líder democraticamente eleito pediu calma e disse que combates e atos de vingança devem ser evitados.
O presidente advertiu as milícias pró-Gbagbo e suas próprias forças para que abandonem as armas e deem início a uma "nova era de esperança" no país.
Rebecca Blackwell/AP | ||
Moradores de Abidjá comemoram prisão de Laurent Gbagbo; novo presidente anunciou "era de nova esperança" |
Ouattara disse ainda que determinou a abertura de uma "Comissão de Verdade e Reconciliação" para apurar denúncias de massacres e violência do antigo regime e dos confrontos entre governistas e oposicionistas.
Na África do Sul, após o fim do apartheid, o governo instaurou uma comissão com o mesmo nome para apurar denúncias de ambos os lados dos conflitos.
CESSAR-FOGO
O pronunciamento de Ouattara chega pouco após declarações do ex-dirigente, Laurent Gbagbo.
Horas após ser detido, na manhã desta segunda-feira, Gbagbo disse em entrevista ao uma emissora de TV que pediu às tropas leais a ele que "parem com as armas".
Nas imagens pode-se ver Gbagbo entrar num quarto e sentar-se na cama, rodeado por vários homens de pé, com os quais ele conversa.
Entre eles, seu filho Michel, o ministro do Interior de Ouattara, Hamed Bakayoko, e o comandante Issiaka Ouattara, chamado "Wattao", um dos chefes militares das forças pró-Ouattara.
Um dos homens o ajuda a retirar a camisa, seu filho lhe estende uma toalha branca com a qual enxuga seu rosto de suor, depois o ajuda a vestir outra camisa de cor verde, com motivos africanos.
Outras imagens mostram sua esposa Simone Gbagbo, despenteada, e escoltada por homens não identificados.
INVASÃO E PRISÃO
As declarações chegam apenas horas depois que o líder, que se recusava a entregar o poder ao presidente eleito Alassane Ouattara, foi preso durante uma invasão à sua residência.
Participaram da ação as tropas leais a Ouattara, além de soldados das Nações Unidas e da França, que também mantém uma missão de paz no país.
TCI via APTN/AP |
O presidente em exercício da Costa do Marfim, Laurent Gbagbo, foi detido por forças leais ao seu rival |
"A missão da ONU na Costa do Marfim confirma que o ex-presidente Laurent Gbagbo se rendeu às forças de Outtara e está sob custódia", disse o porta-voz da organização, Farhan Haq. Segundo ele, a missão da ONU no país, conhecida como UNOCI, está providenciando "segurança, de acordo com seu mandato".
O enviado da ONU ao país, Youssoufou Bamba, disse que Gbagbo está "vivo e bem" após sua detenção e será levado a julgamento.
Gbagbo e sua mulher, Simone, foram levados ao quartel-general de Ouattara, afirmou Anne Ouloto, porta-voz do presidente reconhecido internacionalmente.
Anteriormente, um assessor de Gbagbo na França havia dito que forças especiais francesas o teriam detido e entregado aos líderes da oposição rebelde.
O presidente estava vivendo em um bunker na residência em Abidjan há cerca de uma semana. Depois de uma década no poder, ele se recusa a sair apesar de as Nações Unidas terem reconhecido o presidente eleito nas eleições de novembro, Alassane Ouattara.
Sia Kambou-4.fev.2011/AFP | ||
Presidente em exercício, Laurent Gbabgo, que foi preso por forças da França após invasão de palácio |
Tanques franceses avançaram pelo centro de Abdijã na manhã desta segunda-feira, um dia depois de um segundo bombardeio aéreo que alvejou posições de Gbagbo na capital.
A poucos metros da casa de Gbagbo, moradores disseram ter visto dez veículos blindados com a bandeira francesa circulando na manhã de hoje, o que forçou os homens leais ao presidente a deixarem a região. Dois dos tanques bloquearam o acesso à região, enquanto os outros seguiram para a casa do presidente.
Na região comercial de Plateau, testemunhas dizem ter visto soldados franceses se confrontando com seguidores de Gbagbo perto do palácio presidencial.
Gbagbo perdeu o controle do país há cerca de duas semanas, quando partidários de Ouattara tomaram conta do norte e do oeste do país, além de Abdijã.
A atual crise marfinense começou depois do segundo turno das eleições presidenciais, em 28 de novembro, quando Gbagbo, presidente da Costa do Marfim desde 2000, se negou a admitir sua derrota frente a Ouattara e a ceder o poder, apesar do forte pressão internacional para que deixe a presidência.
BOMBARDEIOS
Neste domingo, helicópteros da França e da ONU lançaram foguetes contra a residência de Gbagbo, em uma retaliação aos ataques contra civis.
Moradores próximos do complexo presidencial disseram ter visto dois helicópteros da ONU Mi-24 e um francês abrirem fogo contra a residência, onde Gbagbo se mantém em um bunker.
Um repórter da agência Associated Press relatou que helicópteros decolaram de uma base militar e minutos depois foram ouvidas explosões na direção da residência do presidente. Outros helicópteros franceses partiram nas horas seguintes e novos bombardeios foram ouvidos.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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