Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
16/07/2011 - 13h00

Jornal questiona proximidade entre Murdoch e governo britânico

Publicidade

DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

O jornal "The Independent" questionou neste sábado a proximidade entre o governo britânico o o magnata da mídia, Rupert Murdoch, dono de vários de seus concorrentes no Reino Unido.

FBI abre investigação sobre News Corp. nos EUA
Magnata decide fechar jornal "News of the World"
Entenda as denúncias contra o tabloide "News of the World"
Tabloide é fechado após 168 anos de história; leia íntegra de discurso
Escândalo fecha jornal britânico após 168 anos; saiba mais
Veja cronologia do escândalo dos grampos

O jornal afirma em reportagem publicada neste sábado que o primeiro-ministro David Cameron teve diversas reuniões com executivos de mídia nos últimos 15 meses, incluindo 26 com Murdoch e seus executivos.

O filho de Murdoch, James, a sua ex-presidente-executiva Rebekah Brooks, e o ex-editor do tabloide "News of The World" Andy Coulson ficaram na casa de campo de Camron, Chequers.

A visita de Coulson à casa ocorreu em março passado, dois meses depois dele ter renunciado como diretor de Comunicações e porta-voz de Cameron, em meio ao escândalo cada vez mais profundo de escutas ilegais e suborno da polícia que teriam sido usados pelo tabloide para obter informações exclusivas.

Coulson foi uma das nove pessoas a serem presas em consequência do escândalo. Ninguém foi indiciado.

Críticos dizem que o convite mostra o mau julgamento de Cameron e revela a relação próxima entre os líderes políticos e a News Corp., o império de mídia de Murdoch.

O chanceler britânico, William Hague, disse contudo que não está envergonhado "de forma nenhuma" pela relação do governo com os executivos de Murdoch.

"Não é nenhuma surpresa em um país democrático que haja contato entre líderes e chefes de mídia", disse à BBC. "Eu não estou envergonhado de forma alguma".

Hague admitiu, contudo, que há "alguma coisa errada no país" e que precisa ser corrigida. Na semana passada, Cameron reconheceu que a relação entre políticos, a imprensa e a polícia no Reino Unido ficou muito próxima e precisa ser mudada.

Hague explicou que o convite para Coulson ficar em Chequers foi para agradecê-lo por seu trabalho. "Ele trabalhou para ele por muitos anos, isto é o normal, a coisa humana a se fazer", disse.

Os meios de Murdoch, especialmente o sensacionalista "The Sun", o tablóide mais vendido do Reino Unido, apoiaram o conservador Cameron em sua campanha eleitoral.

Desde o recrudescimento do escândalo, os tories distanciaram-se de Murdoch e foram os trabalhistas os encarregados de botar lenha na fogueira.

DESCULPAS

Murdoch pediu desculpas neste sábado pelo escândalo dos grampos telefônicos e escutas ilegais em seu conglomerado de comunicação em uma tentativa desesperada de controlar a espiral que ameaça seu império e que em 24 horas custou a cabeça de dois altos executivos.

"Pedimos desculpas", diz uma mensagem pessoal publicada neste sábado por Murdoch de página inteira em sete jornais do Reino Unido, a três dias de comparecer diante da Câmara dos Comuns para falar sobre as escutas ilegais de políticos, famosos e até vítimas de crimes do já extinto "News of the World".

O presidente e executivo-chefe da "News Corporation", que reúne veículos como os americanos "Fox Television" e "Dow Jones" e os britânicos "The Times" e "The Sun", admite em sua mensagem que atuaram tarde, reconhece que "pedir perdão não é suficiente" e promete "medidas concretas" iminentes em resposta à crise.

Na véspera, ele já pedira desculpas pessoalmente à família de Milly Dowler, uma menina assassinada que teve seu celular grampeado por um detetive contratado pelo tabloide --estopim da nova fase da crise dos escândalos, existente desde 2006.

Em uma semana após a divulgação dessa notícia, Murdoch teve de renunciar ao dominical e ao interesse da compra total do canal de televisão britânico BSkyB.

Ele enfrentará ainda processos policiais, judiciais e de ética jornalística pelo escândalo.

Nesta sexta-feira, o último capítulo do drama teve nomes próprios, os da britânica Rebekah Brooks e o americano Les Hinton, dois de seus mais estreitos colaboradores que Murdoch sacrificou após 22 e 52 anos de serviços prestados, respectivamente.

Brooks, que dirigia o "News of the World" na época das escutas, coordenava agora a News International, braço britânico do grupo e Hinton, que ocupou esse posto no passado, atuava como presidente da agência "Dow Jones" e editor do "The Wall Street Journal".

Suas saídas deixam sozinho diante da crise o magnata e seu filho James, 38, atual presidente na Europa da News Corp, após ter dirigido a News International entre 2007 e 2009.

Neste sábado, o ex-vice-primeiro-ministro trabalhista John Prescott, um dos espionados pelo "News of the World", diminuiu a importância do pedido de desculpas público de Murdoch e o relacionou com a proximidade de seu comparecimento ao comitê dos Comuns.

"Estamos falando de um homem desesperado para salvar sua empresa e que teme o afundamento de seu império", disse Prescott à rede pública britânica "BBC".

Os dois Murdoch e Rebekah Brooks deverão apresentar-se na terça-feira, dia 19 de julho, ao Comitê de Meios de Comunicação da Câmara dos Comuns para explicar as atividades jornalísticas ilegais do "News of the World".

 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página