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18/07/2011 - 08h07

Hesitação alemã agrava o impasse na ajuda à Grécia

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CAROLINA VILA-NOVA
EM BERLIM

A chanceler (premiê) da Alemanha, Angela Merkel, está sob crescente pressão externa por um papel menos hesitante na resolução da crise da dívida europeia.

Sua insistência para que credores privados arquem "voluntariamente" com cerca de € 30 bilhões de estimados € 115 bilhões de resgate da Grécia (um pré-requisito do Parlamento alemão para avalizar qualquer ajuda) criou um impasse para o avanço do programa grego.

As autoridades europeias e do FMI (Fundo Monetário Internacional) alertam que essa incerteza pode acabar contagiando a zona do euro.

"A Europa tem um encontro marcado com o destino. A salvação não vem das finanças, mas da política. E a política não pode mais cometer erros. Como aconteceu no Titanic, nem os passageiros da primeira classe serão salvos", afirmou na semana passada o ministro das Finanças da Itália, Giulio Tremonti.

Merkel diz que a Alemanha quer um acordo rápido, mas com uma solução "sensata". Ela afirma que recebe "feedbacks" contraditórios de banqueiros e economistas a respeito da real situação grega. "Como política, não posso fazer experimentos", disse, segundo a revista "Economist".

Enquanto claramente não quer que o bloco enfrente um colapso do sistema bancário, a chanceler é movida também pelo desejo de evitar que o seu país seja o líder de uma "união de transferência" sem fim ""uma espécie de "ajuda automática" das economias mais fortes para as economias mais fracas do bloco.

A Alemanha argumenta que já pagou a conta pela integração do Leste e que é hora de os demais países fazerem o seu dever de casa. Nesse ponto, Merkel tem amplo respaldo interno.

A revista semanal alemã "Stern" escreveu em sua última edição que a Grécia é uma "nova RDA" (a antiga Alemanha Oriental): um Estado endividado, uma economia em pedaços, uma elite desacreditada. E, como aquela, exige como solução "uma fonte [de dinheiro] sem fundo". "A história está se repetindo", escreveu.

O Políticobarômetro divulgado na sexta-feira pelo canal ZDF aponta que, embora 86% dos alemães estejam preocupados com a estabilidade do euro, 58% são contrários a que a Alemanha dê mais ajuda à Grécia.

É algo que Merkel não tem condições de enfrentar. Sua coalizão, feita por cristãos democratas e liberais, somaria hoje 35% em votos, 12 pontos a menos que verdes e sociais-democratas somados, segundo o instituto Forsa.

PERDAS E GANHOS

O fato é que a Alemanha se beneficiou da crise do euro: com o câmbio baixo, alavancou exportações e competitividade. Como maior credora na Europa, financiou o endividamento dos vizinhos.

Estima-se que os bancos alemães tenham € 10 bilhões em títulos da dívida grega. Metade está nas mãos do Deutsche Bank e do Commerzbank, que se "voluntariaram" a contribuir com € 3,2 bilhões no novo resgate.

 

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