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02/08/2011 - 20h40

Egípcios aguardam o julgamento de Mubarak

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DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS

As autoridades de segurança egípcias receberam uma notificação para levar Hosni Mubarak ao Cairo para julgamento, disse a televisão Al Arabiya na terça-feira, mas uma fonte sênior da segurança negou a informação, aumentando as especulações sobre se o líder deposto comparecerá ou não.

Mubarak, que tem 83 anos, está internado no resort do Mar Vermelho de Sharm el-Sheikh desde abril, quando foi interrogado pela primeira vez. O julgamento está marcado para amanhã.

O ministro da Saúde egípcio, Amr Helmy, afirmou nesta segunda-feira que o estado de saúde do ex-líder Hosni Mubarak é estável, por isso não existiriam impedimentos para sua transferência ao Cairo para comparecer ao tribunal.

Helmy assinalou ainda que Mubarak, que foi hospitalizado no dia 12 de abril em Sharm el-Sheikh após sofrer um ataque cardíaco, será acompanhado à capital egípcia por uma equipe de médicos e especialistas.

Muitos egípcios consideram a doença dele uma desculpa para que o Exército evite a humilhação pública do antigo comandante, acusado de conspiração para matar manifestantes e de outros crimes.

A Al Arabiya, que citou seu repórter, disse que a notificação sobre a transferência do presidente deposto foi emitida para autoridades no Sinai do Sul, responsáveis pela área de Sharm El-Sheikh. Uma fonte sênior da segurança do Sinai do Sul, porém, negou a informação à Reuters.

Mais tarde, entretanto, uma fonte do aeroporto em Sharm el-Sheikh afirmou que uma notificação estava em circulação dizendo que Mubarak seria levado dali para o Cairo entre 6h e 7h30 de quarta-feira.

Uma fonte da segurança disse que Mubarak seria levado de helicóptero se fosse para o Cairo.

O ministro da Saúde disse que o ex-presidente está bem o suficiente para ser transferido. Uma fonte do hospital afirmou que a equipe estava de plantão para transferi-lo cedo na quarta, mas não podia confirmar se havia uma decisão sobre isso.

Os manifestantes provavelmente ficarão furiosos caso Mubarak não compareça ao tribunal montado num complexo da Academia de Polícia onde ele falou à nação dois dias antes do início dos protestos contra o seu governo, em 25 de janeiro. Ele deixou o poder 18 dias mais tarde.

Uma grande cela foi montada no hall da Academia de Polícia onde ocorrerá o julgamento. Os réus nos julgamentos criminais do Egito são colocados atrás das grades nas sessões.

"Eu de fato espero que ele venha à corte e enfrente o julgamento. Esse homem fez muitas coisas ruins ao seu povo e não há desculpas para ter feito isso, mas se ele será condenado ou não, eu não acredito que eu viverei para ver esse dia," disse Mary Gerges, 23, falando no Cairo a caminho do trabalho.

Apesar dos egípcios celebrarem a possibilidade de retribuição contra um líder autoritário, eles estão se questionando se o julgamento vai, realmente, romper com as injustiças do passado.

Alguns temem que a junta militar que governa o Egito vai usar o julgamento como uma prova de que as reformas democráticas foram alcançadas, ainda que os ativistas argumentem que ainda são necessárias reformas mais profundas.

"Estou um pouco preocupada que, se Mubarak for julgado e condenado, as pessoas vão tomar isso como o fim da revolução. Eles vão dizer que a revolução alcançou seus objetivos. O que não é o caso", disse Tareq Shalaby, 27, consultor de mídia social que estava entre as milhares de pessoas protestando na praça Tahir.

O julgamento do presidente deposto é um momento sem precedentes no mundo árabe. É a primeira vez que um líder do Oriente Médio moderno é levado a julgamento pelo seu próprio povo.

O evento mais próximo a este foi o julgamento do ex-ditador iraquiano Saddam Hussein, mas sua captura deu-se pelo Exército americano em 2003 e o tribunal especial para o julgamento de Saddam foi criado com ampla consulta dos americanos e especialistas estrangeiros.

O presidente tunisiano deposto, El Abidine Ben Ali, foi acusado e condenado diversas vezes desde sua deposição, mas os julgamentos foram todos à revelia, pois ele está no exílio na Arábia Saudita.

 

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