Livro da Coleção Folha destaca a filosofia igualitária de Antifonte
A Coleção Folha Grandes Nomes do Pensamento lança no próximo domingo (18) os escritos e discursos do sofista grego Antifonte (480-410 a.C). Pouco estudado até 1915, ganhou fama após a publicação de "Sobre a Verdade".
Despertou a atenção do filósofo Karl Popper (1902-1994), que destacou suas concepções igualitárias em seu livro "A Sociedade Aberta e seus Inimigos" (1945). Para ele, Antifonte foi o primeiro pensador a sustentar que as desigualdades sociais são contrárias à natureza.
Como afirma o sofista, "por natureza todos em tudo nascemos igualmente dispostos para ser tanto bárbaros quanto gregos... Pois todos respiramos o ar pela boca e pelas narinas, e comemos todos com as mãos, e rimos quando nos alegramos no espírito ou choramos quando sentimos dor". Tal tese contrariava frontalmente os argumentos dos defensores da escravidão.
Antifonte distingue duas ordens do real: a natureza, cujas prescrições são sempre necessárias; e a sociedade, que se assenta sobre convenções arbitrárias. Por isso a matéria tem precedência sobre a forma: "Se alguém enterrasse uma cama e a putrefação tivesse poder de fazer levantar um rebento, esse não viria a ser cama, mas madeira".
E, antecipando-se a Freud, Antifonte descobriu que o significado dos sonhos estava sempre oculto: "Um corredor que pensava em ir aos jogos de Olímpia viu em um sonho que era conduzido por uma quadriga". Ele consultou um adivinho, que previu sua vitória. Mas Antifonte o alertou: "Não percebes que quatro conseguiram correr na tua frente?"
Reprodução/Folha | ||
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