Leitor questiona se universitários contribuem para se ter um bom ensino
O que são as águas de um rio senão a sua limpidez? Principalmente, aquelas translúcidas que refletem as filosofias morais do homem.
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O homem moralista, por sua vez, é o incurso do verdade e da justiça, e para o nosso rio seria o bondoso ecologista. Justamente o contrário coexiste em nossa realidade. Sim, sim. O governo é nosso homem e o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), nosso rio.
Imagine-se você um árduo estudante. Aquela rotina escolar, com os brados professorais. O peso abrasivo dos livros que incutem demasiado conhecimento em pequenas jovens cabeças.
Como consolo brilha o pendão da esperança: o sucesso no vestibular.
Então, "Ave César"! Você foi bem. Teve imenso sucesso. Pontuou em diversas questões. Já se imagina no território acadêmico, banhado pelo hercúleo conhecimento.
Então, repentinamente surge o "muro de Berlim". Os tijolos indicam uma seleção de questões segundo o nível de dificuldade. No final das contas, você é um exilado em território comunista.
Essa é a realidade dos estudantes que se defrontaram com as políticas do Enem e do MEC (Ministério da Educação).
Marco Antonio Teixeira/Uol | ||
Abertura dos portões na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) para último dia de provas do Enem |
Há de se perguntar a meritocracia de tal embasamento? Porque, se existe uma lógica em selecionar as questões que um candidato acertou segundo níveis de dificuldade, eu desconheço.
Ademais, temos dificuldades relativas, consideramos como obstáculos diferentes matérias e questões. Se não fosse assim, todos saberíamos as mesmas coisas.
Cidadão, o rio flui poluído. Não enxerga-se suas profundezas assim como não há clareza na filosofia do Enem. Impera-se a injustiça e a inverdade; o deserto é o próximo passo.
E ainda tem mais: como se sabe, como se tais argumentos não bastassem, o MEC esse ano resolveu simplesmente não corrigir algumas redações e repetir as notas do ano passado.
Brilhante, não? Quanto ao TRI (Teoria de Resposta ao Item), sistema que o Ministério da Educação utiliza para atribuir notas segundo a dificuldade de uma questão, se assemelha mais à uma arma política ou método de corrupção, do que uma ferramenta seletiva.
Pergunte-se: quanto a ciência cresceu nos últimos anos com a adoção do Enem?
Será que os ingressastes nas universidades são mesmo contribuintes do ensino? Quantos benefícios o exame nos trouxe em relação ao enorme número de falhas que apresentou?
Veja bem leitor, essa não é uma crítica aos estudantes, mas sim à educação, ao Enem e ao Ministério, imagens da decadência e das mazelas que saíram da caixinha de Pandora.
A modernidade se avizinha. Navegar é preciso. Mas antes, é necessário ter o rio. Não um poluído, desgastado, mas um que seja de fato limpo.
É aquela história: em time que está ganhando não se mexe. Em compensação, no que esta perdendo, se troca o técnico.
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