Para leitor, muitos médicos se consideram acima de todos
Os serviços médicos se tornaram a exibição escancarada da arrogância de um setor. O que fazem com as doulas é mais um exemplo desta arrogância. No fundo eles não querem testemunhas: entendem a mulher como uma coisa que está ali para ser controlada por eles.
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Parto não deveria ser somente um ato médico, expõe leitor
A colunista Mariana de Mesquista foi no alvo: essas mulheres são testemunhas de como eles agem; e eles detestam quem se orienta, quem conhece, quem lê. No caso, o espaço médico é um espaço deste grupo (os médicos e médicas) que se consideram acima de todos.
Eu teria inúmeros casos a relatar de arrogância médica, do desprezo com que nos tratam. São médicos e médicas que não se apresentam quando você entra no consultório, não falam seu nome (você é uma coisa), não perguntam quem é você, fazem um exame à distância, pedem 200 exames, odeiam informar sobre a sua doença, nem olham para sua cara e, caso entre um colega na sala, fica batendo papo com ele...
Fábio Rodrigues Pozzebom - 3.fev.2013/Divulgação/ABr | ||
Grupo de mães e doulas fazem manifestação na avenida Paulista, em São Paulo |
Esta semana levei meu filho a um médico particular. Um homeopata. Ele abriu a porta, estendeu a mão e se apresentou, meu nome é tal. Eu fiquei de olhos arregalados. Ele perguntou: "O que houve?" E eu disse: "É a primeira vez na vida que um médico faz isso. Nenhum médico do setor público ou privado, fez isso comigo, apresentar-se".
Quem tem contato com pediatra sabe como eles são. Você --que chega com seu filho-- é uma coisa; você não tem nome. Você é tratado como "pai", ou "mãezinha". Você não tem nome. Já reclamei umas 200 vezes desses e dessas pediatras, mas insistem em nos tratar como "pai" ou "mãezinha", isto é, como coisa. Minha impressão é de que eles odeiam o que fazem; odeiam as crianças, odeiam os pais.
E quando se trata de serviço público? Os atendentes já não gostam de sua presença; incomoda. Como o serviço é ruim, como o atendimento é grosseiro, sapecam aquele cartaz na entrada: "Desacatar funcionário público é crime". Já é um alerta. No fundo o que diz esse aviso é: "Aqui se trata mal as pessoas, mas não reclame porque é crime". Por isso o mal atendimento em saúde no setor público dá reportagem para a imprensa há séculos. Não muda.
Por conta da grosseria dos médicos e da forma estruturada com que tratam os pacientes do setor público cheguei a uma conclusão: jamais o serviço público de saúde no país vai funcionar.
E faço um desafio aos médicos, ao Conselho Federal de Medicina: que tal promover um evento com o tema, "o paciente e sua relação com os médicos"? Chamem os pacientes para falar.
Parabéns pelo texto, Mariana. Apesar de tudo tenho a esperança de que um dia as faculdades de medicina ensinarão os médicos a tratarem os pacientes como pessoas; e de que os médicos tratarão as pessoas como seres humanos. Claro, conheço médicos que agem assim. Uns poucos. Portanto, minha utopia acontece, de forma quântica, mas...
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